BMG rompe com Roger Waters após falas sobre Israel

Informação já havia sido antecipada pelo músico ex-Pink Floyd e foi confirmada pela revista Variety

Devido a seus recentes comentários sobre Israel, Roger Waters está prestes a ter seu contrato rompido oficialmente com a gravadora BMG. A informação foi confirmada pela Variety após o próprio músico tê-la antecipado em entrevista ao jornalista Glenn Greenwald, durante recente turnê pelo Brasil, no fim do ano passado.

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A empresa alemã havia fechado um acordo de publicação com Waters em 2016. Seria ela a responsável por lançar “The Dark Side of the Moon Redux”, releitura solo feita pelo músico para “The Dark Side of the Moon” (1973), álbum do Pink Floyd.

No entanto, o contrato com Roger foi rompido logo após a chegada do novo CEO da companhia, Thomas Coesfeld, em julho de 2023. “The Dark Side of the Moon Redux” acabou saindo pela Cooking Vinyl, um selo britânico.

A apuração feita pela Variety indica que o fim da parceria ocorre em função das declarações sobre “Israel, Ucrânia e Estados Unidos”. Nenhum representante da gravadora se manifestou oficialmente.

No entanto, uma fonte da empresa disse à revista “que não concorda com a versão dos acontecimentos de Waters” e que “Coesfeld, membro da família que controla a Bertelsmann, certamente discutiu o assunto com eles, tomando a decisão por conta própria”. Em outubro último, a Bertelsmann enviou nota em que expressa “solidariedade a Israel” logo após o ataque do Hamas que deu início ao atual conflito.

A lista a seguir apresenta algumas declarações recentes de Waters sobre os países citados:

-> Em setembro de 2022, Roger publicou uma carta aberta direcionada a Olena Zelenska, primeira-dama ucraniana. Nela, pede que o país esteja disposto a negociar o fim do conflito com a Rússia, além de criticar as nações que fornecem suporte de armamento. O músico foi criticado por cobrar a Ucrânia, não a Rússia, responsável por dar início aos ataques. Uma carta direcionada ao presidente russo, Vladimir Putin, foi publicada somente cerca de 20 dias depois.

-> Em entrevista de outubro de 2022 à Rolling Stone, Roger disse que relatos de crimes de guerra cometidos por tropas russas na Ucrânia são falsos e fez declarações sobre o papel de judeus americanos e britânicos na situação de Israel que tem sido analisadas como quase antissemitas. Além disso, o músico defendeu a presença russa na Síria por estarem a convite do ditador Bashar al-Assad e garantiu, sem apresentar provas, que está em uma lista de morte que seria apoiada pelo governo da Ucrânia. As falas teriam travado a venda do catálogo do Pink Floyd.

-> No início de 2023, Waters negou ao jornal alemão Berliner Zeitung ser antissemita, declarou ter mudado um pouco de opinião com relação a Vladimir Putin e valorizou algumas de suas atitudes. Ao ser perguntado sobre o ataque russo à Ucrânia, fugiu da pergunta e criticou os Estados Unidos e Joe Biden. Também disse não boicotar a Rússia e afirmou que há uma “lavagem cerebral” sendo feita pela mídia ocidental. As falas geraram críticas de Polly Samson, esposa de David Gilmour, seu desafeto de longa data do Pink Floyd.

-> Em fevereiro de 2023, Roger discursou em uma reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), a pedido do governo russo. O artista condenou o complexo industrial militar com fins lucrativos e enfatizou o preço devastador das guerras, tanto para as pessoas quanto para o meio ambiente. Porém, declarou que o conflito foi “provocado” e que também condena “os provocadores”, em referência à Ucrânia. Em outra parte de seu relato, o ex-líder do Pink Floyd mencionou o “armamento do regime de Kiev por terceiros” e citou o país em inglês como “the Ukraine” em vez de apenas “Ukraine”. O uso de “the” é reprovado pelo governo local, pois era assim que o país era chamado durante a era soviética. Desse modo, algumas escolhas linguísticas pareciam refletir uma inclinação pró-Rússia.

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-> Em outubro de 2023, após o início do novo conflito envolvendo Israel e o grupo armado palestino Hamas, Roger Waters — que faz parte há anos de um movimento de boicote ao território israelense — criticou o genocídio palestino em entrevista à TV Brasil. As acusações do músico também recaíram sobre os Estados Unidos e países da Europa, que têm apoiado Israel.

-> Em novembro de 2023, ao jornalista Glenn Greenwald, Roger condenou os ataques do Hamas a civis e criticou notícias falsas compartilhadas sobre o conflito, mas levantou a possibilidade dos ataques serem uma operação movida pelo próprio estado de Israel contra sua própria população. Ainda aludiu a teorias da conspiração sobre o atentado de 11 de setembro de 2001.

O que diz Roger Waters sobre rompimento

Na mencionada entrevista a Glenn Greenwald, Roger Waters antecipou o rompimento de seu acordo com a BMG. O músico disse que a gravadora alemã foi pressionada pela Liga Antidifamação (ADL na sigla em inglês), ONG judaica internacional, a encerrar seu contrato com o ex-Pink Floyd. Conforme transcrição do site IgorMiranda.com.br, ele começa oferecendo contexto:

“Mal conheço o novo presidente da ADL, Jonathan Greenblatt. O que fez Jonathan Greenblatt? Eu estava gravando um novo disco chamado ‘The Dark Side of the Mono Redux’ e assinei um contrato com a BMG, Bertelsmann Music Group. Eles que lançaram, porque a Sony, minha gravadora, não queria lançá-lo porque seria visto como uma competição. Com o quê? Com o Pink Floyd e o que eles estão fazendo para o 50º aniversário do ‘Dark Side’. Não me importo, fiz pela BMG e foi um bom álbum.”

Em seguida, Waters detalhou a alegada ameaça:

“Greenblatt tem cerca de dez organizações diferentes, como uma no Canadá que esqueci o nome, mas não importa. Em todas as partes, nomes como ‘fique conosco’ e ‘algo criativo para a paz’… eles são todos parte do lobby israelense, ‘o Hezbollah está se organizando’ e tal. Eles escreveram uma carta conjunta para a Bertelsmann, a empresa-mãe da BMG, e disseram: ‘você não pode trabalhar com esse homem, ele é um antissemita, e se você continuar, lembraremos ao público que você colaborou com os nazistas na Segunda Guerra Mundial’. Isso é uma ameaça, eles os ameaçam com isso.”

O músico, então, afirmou que a BMG cedeu às ameaças e encerrou o seu contrato.

“O que disseram na Bertelsmann? ‘Vá se f*der, Jonathan Greenblatt, somos uma empresa correta, ele é um ótimo artista, temos seu trabalho, o apoiamos e ele é ótimo, ele faz ótimos discos’? Claro que não: eles correram de medo e me demitiram.”

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Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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