O bizarro primeiro filme da Barbie, que acabou banido

Curta-metragem conta a história da cantora Karen Carpenter e apesar de ordem judicial para sumir do mapa, circula na internet e tem seus fãs

Barbie” está em cartaz nos cinemas e já pode ser considerado um sucesso mundial após conseguir impressionantes números de bilheteria ao redor do planeta em seu final de semana de estreia. No entanto, se você pensou que esse era o primeiro filme live-action estrelado pela famosa boneca, se enganou: ela foi “protagonista” de uma obra pra lá de bizarra que acabou banida.

No final dos anos 1980, a boneca foi utilizada para a gravação do filme “Superstar: The Karen Carpenter Story”, que como o título deixa implícito, retrata a história da cantora Karen Carpenter, do duo The Carpenters, talento da música que faleceu precocemente por complicações da anorexia nervosa.

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A família da cantora, claro, não gostou nem um pouco da empreitada e entrou na Justiça contra o filme, que sumiu do mapa. Apesar disso, ele também conseguiu conquistar seus fãs.

“Superstar: The Karen Carpenter Story”

O idealizador de “Superstar: The Karen Carpenter Story” é o cineasta Todd Haynes, ainda um estudante de artes na época. Anos depois, ele ficaria conhecido por ter dirigido longas como “Longe do Paraíso” e “Carol”, que receberam indicações ao Oscar.

Haynes queria fazer experimentos ao contar a trágica história de Karen Carpenter. Assim, o cineasta tomou a decisão de usar justamente bonecas Barbie para representar tanto a cantora quanto os demais personagens, além de intercalar estas cenas com filmagens de arquivo da artista.

Justamente para evitar problemas com a empresa responsável Mattel — afinal, a empresa jamais autorizaria o uso da Barbie para uma obra deste tipo —, Haynes optou por usar Barbies falsificadas para a gravação do curta-metragem de 43 minutos.

O título também não foi uma escolha ao acaso. Afinal, “Superstar” também é o nome de uma das músicas mais famosas dos Carpenters.

Para ressaltar os distúrbios alimentares que atormentaram Karen Carpenter, Haynes fez cortes na silhueta da boneca que a representa para reforçar o problema. A obra ainda retratou a casa da família Carpenter como uma espécie de prisão psicológica que contribuiu para que a questão se agravasse — com a maior parte da culpa recaindo em Harold e Agnes, os pais da cantora.

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Por fim, o diretor também optou por intercalar as imagens do curta com alguns textos para intensificar todos esses problemas.

A obra foi gravada em apenas 10 dias do ano de 1985 e lançada em 1987. Foi exibida principalmente em festivais de cinema. Apesar de sua temática forte, aparência bizarra e cara de ter uma péssima qualidade, conquistou seus fãs. 

Ira dos Carpenters e banimento

Assim que o filme começou a entrar em circulação, não demorou para a família Carpenter tomar conhecimento da existência do curta e, claro, não gostar nem um pouco do que viu.

O mais incomodado com o trabalho foi justamente o próprio Richard Carpenter, irmão e parceiro de trabalho de Karen. Além de ter não ter aprovado a forma como a irmã e sua família foram retratados na obra, o músico também se irritou com as insinuações de que ele era homossexual e escondia isso das demais pessoas.

Os Carpenters entraram na Justiça para pedir o banimento do filme. Na realidade, porém, o processo não foi exatamente movido por conta da maneira que a história retratou a família e sim por quebra de direitos autorais. Afinal, “Superstar” usou diversas músicas do duo sem a autorização de Richard ou da A&M Records, gravadora da dupla.

A Justiça foi favorável ao pedido feito pela família Carpenter, o que fez o curta experimental ser banido de circulação em 1990.

Os fãs de “Superstar”

Apesar de “Superstar: The Karen Carpenter Story” ter sido oficialmente banido, diversas versões pirateadas foram disponibilizadas em VHS e hoje, estão disponíveis na internet. Por incrível que pareça, o filme tem seus fãs.

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Uma dessas pessoas é Bart Weiss, fundador de um festival de filmes alternativos na cidade de Dallas. Ele nunca pôde exibir o curta por conta dessas questões legais, mas conseguiu assistir suas versões pirateadas.

Para a Rolling Stone, Weiss chegou a dizer que o uso das bonecas trouxe um “senso de perfeição” para a obra.

“Na primeira vez que você escuta sobre ele, você pensa: ‘ah, vai ser apenas uma paródia da Karen Carpenter’. Mas é, na verdade, um filme bem sério e a ideia de usar as bonecas traz realmente um senso de perfeição, que é o que, de fato, deixou a Karen Carpenter maluca. Após uns 10 minutos, essa novidade fica em segundo plano e o primeiro plano fica incrivelmente poderoso.”

O que “Superstar” e “Barbie” têm em comum

De fato, Todd Haynes usou “Superstar: The Karen Carpenter Story” não apenas para contar a história da cantora, mas também para tecer algumas críticas à objetificação das mulheres e pressão da sociedade para que elas tenham um corpo e aparência considerados perfeitos.

O simples uso das bonecas no filme é um bom exemplo disso. Afinal, durante anos, a própria Barbie foi criticada por ter um corpo considerado até mesmo fora da realidade e criado alguns estereótipos. É algo que ajuda a sustentar o comentário feito por Bart Weiss a respeito do uso das bonecas na obra.

E por incrível que pareça, é aí que “Superstar” tem suas semelhanças com “Barbie”. O longa dirigido por Greta Gerwig e estrelado por Margot Robbie, por mais que também enalteça a boneca mais famosa do mundo, também faz uma autocrítica aos estereótipos criados por ela e por impor determinados padrões de beleza para as mulheres. 

*Texto construído com informações de: Rolling Stone, The Guardian e Veja.

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Formado em jornalismo pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Atua no mercado desde 2013 e já realizou trabalhos como assessor de imprensa, redator, repórter web e analista de marketing. É fã de esportes, tecnologia, música e cultura pop, mas sempre aberto a adquirir qualquer tipo de conhecimento.

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