Crítica: “Sweet Tooth” retorna em temporada mais sombria

Série da Netflix transmite sensação de etapa finalizada ao concluir subtramas ao mesmo tempo em que provoca curiosidade pela sequência

Com tom um pouco mais sério e pesado, “Sweet Tooth” faz algo que poucas séries conseguem em sua segunda temporada: avança a história e conclui algumas subtramas. A retomada, quase dois anos após seu primeiro ano, foi marcada pelo bom ritmo e continuidade.

Isso se deu parte pela pura sorte dos atores mirins não terem crescido muito, o que poderia causar grande estranheza; parte por total mérito da produção, que conseguiu não ser repetitiva e evoluiu os temas e protagonistas em uma nova temporada que supera a anterior.

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Separação e amadurecimento

A trama da segunda temporada de “Sweet Tooth” continua de onde parou na anterior: ou seja, parte de um ponto nada promissor para os protagonistas, com Gus (Christian Convery) capturado pelos Últimos Homens e Jepp/Grandão (Nonso Anozie) ferido, se aliando a Aimee (Dania Ramirez), mãe adotiva de vários híbridos também cativos dos Últimos Homens. Já Ursa (Stefania LaVie Owen) segue rumo próprio sem saber o destino dos amigos, mas de posse de uma importante informação.

A separação do trio funciona para evoluir cada personagem com novas dinâmicas e descobertas. A nova leva de episódios ganhou um ritmo diferente, mais movimentado, mas com bom equilíbrio entre cada núcleo.

Quem assistiu à primeira temporada sabe como Gus era extremamente ingênuo. O garoto não se torna um cínico, mas passa por um processo de amadurecimento um tanto traumático durante esta temporada. Uma crítica de quem leu os quadrinhos nos quais a série se baseia é que o programa é mais “fofinho” e menos pesado do que o material original. Essa diferença ainda é bem grande, mas a série se torna muito mais adulta nesta sequência, seja pela crueldade dos Últimos Homens, seja pelo aprofundamento dado em praticamente todos os personagens.

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O Dr. Aditya Singh (Adeel Akhtar) talvez seja o melhor exemplo disso. Carismático, embora contraditório personagem na primeira temporada, aqui passa por uma jornada da qual sai bem diferente, ganhando cada vez mais tons de cinza.

Um grande vilão

Ninguém no elenco está mal. Nonso Anozie cria uma empatia incrível com seu gigante simpático, mas quem rouba a cena é Neil Sandilands como o General Abbot, líder dos Últimos Homens.

Com um visual interessante, o vilão já se destacava em suas poucas aparições na primeira temporada, mas desta vez tem muito mais tempo de tela, se tornando um maravilhoso e odioso personagem. Toda a construção do General o torna um daqueles peculiares vilões que amamos odiar.

Sem enrolação

Não é raro que séries de sucesso praticamente repitam todo o esquema da primeira temporada na segunda. Outras, se perdem totalmente querendo crescer demais, mas sem rumo certo.

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“Sweet Tooth” cresce muito, mas de forma ordenada e bem conduzida. A cadência da trama surpreende.

Mesmo com vários híbridos fofinhos — seja o próprio Gus ou o mais amável de todos, Bobby —, o programa se torna bem mais sombrio ao se aprofundar nas missões dos Últimos Homens e nos dilemas morais do Dr. Singh. E isso reflete em cada personagem.

O roteiro desenvolve bem todas as subtramas e não cai na armadilha de esticar demais cada uma delas. Alguns pontos importantes já são resolvidos, enquanto a trama principal floresce, com novos detalhes deixando todo o quebra-cabeças mais claro.

Ao final da temporada, “Sweet Tooth” consegue realizar algo difícil: passar uma sensação de etapa finalizada com a conclusão de algumas das subtramas, ao mesmo tempo que nos deixa ansiosos para a continuidade das demais histórias, pois expandiu bastante sua mitologia com novos personagens e conceitos interessantes.

*A segunda temporada de “Sweet Tooth” está disponível na Netflix.

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Leonardo Vicente Di Sessa
Leonardo Vicente Di Sessahttps://falaanimal.com.br/
Formado em Propaganda & Marketing, Leonardo Vicente acabou tragado pelo mundo dos quadrinhos e assuntos nerds, atuando como jornalista especializado na área desde 2001. Também revisor e editor, mantém o site Fala, Animal! e o podcast de mesmo nome, participando ainda da equipe da revista Mundo dos Super-Heróis e do podcast Mansão Wayne. É autor de livros como Os Cavaleiros das Trevas, O Homem que Ri e Prodígio: 80 Anos do Robin.

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