O único momento de prazer dos Beatles na era “Let It Be”, segundo Ringo Starr

Em entrevista, baterista destacou que filme disponibilizado junto ao álbum "não mostra felicidade", mas documentou certo momento descrito como "ótimo"

Durante a criação do álbum que se tornaria “Let It Be” (1970), havia muita tensão entre os integrantes dos Beatles. No período, o Fab Four enfrentava questões internas, que ocasionaram até uma rápida saída do saudoso guitarrista George Harrison. 

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Tais conflitos apareceram tanto na série documental “Get Back”, lançada em 2021, como no filme de mesmo nome – disponibilizado à época e que, agora, após décadas fora de circulação oficial, ganhará uma versão remasterizada no dia 8 de maio. Por isso, Ringo Starr concedeu uma entrevista à Associated Press (via American Songwriter).

Ao comentar sobre a nova edição do longa-metragem, o baterista revelou que, de fato, a produção não traz momentos de alegria. Não é à toa que quando o filme original, nenhum integrante da banda compareceu à estreia oficial.

Ainda assim, em meio aos desentendimentos da era, houve um acontecimento satisfatório documentado: o icônico show no telhado da Apple Corps, em Londres, em janeiro de 1969 – última apresentação do quarteto também conhecida como “rooftop concert”.

Ele declarou:

“Para mim, o filme não mostra felicidade. Dependia do diretor [Lindsay-Hogg] e esse era um ponto de vista dele. Mas é ótimo [que tenha uma nova versão], porque as pessoas terão outra chance de ver o nosso show no telhado. Quer dizer, não tocávamos ao vivo há alguns anos, e subimos e simplesmente tocamos, porque é isso que fazemos.”

Anteriormente, em 2020, em postagem na conta oficial dos Beatles, o baterista também havia relembrado a ocasião. Na publicação, escreveu:

“Não éramos vistos tocando ao vivo há muito tempo. Só a nossa equipe estava lá e algumas outras pessoas no telhado. Mas sempre gostei da ideia de que talvez meio milhão de pessoas teriam ido nos ver se conseguissem chegar até lá. As pessoas adoraram, mas o banco ao lado reclamou, então a polícia veio e desconectou nossos amplificadores. Eu estava tocando enquanto pensava ‘só saio da bateria se me arrastarem’.”

Beatles e a apresentação final no telhado

O repertório dos Beatles no topo da Apple Corps teve nove números. A saber:

  1. “Get Back” (tomada um)
  2. “Get Back” (tomada dois)
  3. “Don’t Let Me Down” (tomada um)
  4. “I’ve Got a Feeling” (tomada um)
  5. “One After 909”
  6. “Dig a Pony”
  7. “I’ve Got a Feeling” (tomada dois)
  8. “Don’t Let Me Down” (tomada dois)
  9. “Get Back” (tomada três)
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A sede da Apple fica localizada no meio de Saville Row, uma das ruas mais tradicionais de Londres, onde alguns dos melhores alfaiates do planeta estão sediados. E a 300 metros de uma delegacia. Então, a banda sabia muito bem que a interrupção do show pela polícia não era uma questão de “se”, e sim “quando”.

Esse “quando” foi bem no meio do set. Enquanto os Beatles começavam a tocar “One After 909”, os policiais Ray Dagg e Ray Shayler apareceram na portaria da Apple para acabar com a performance. A esse ponto, além das reclamações de barulho feitas por comércios adjacentes, uma multidão se formou na rua. Afinal, era um show da maior banda do planeta.

No meio da canção, sob instrução dos policiais, o assistente Mal Evans desligou os amplificadores de guitarra de George Harrison e John Lennon. Os dois simplesmente religaram e continuaram a tocar.

Ao final da apresentação, John falou uma frase que acabou aparecendo na versão final do disco:

“I’d like to say thank you on behalf of the group and ourselves, and I hope we’ve passed the audition.” [“Eu gostaria de agradecer em nome do grupo e nós mesmos, e espero que tenhamos passado no teste”]

Sobre o filme “Let It Be”

Após sua exibição programada, “Let It Be” não foi disponibilizado pelos Beatles em nenhum formato. Fãs só tiveram acesso oficialmente ao material a partir da série expandida “The Beatles: Get Back”, que resgatou mais materiais produzidos por Michael Lindsay-Hogg entre os dias 2 e 31 de janeiro de 1969. Na época, o Fab Four trabalhava em estúdio na criação de um álbum que seria intitulado “Get Back”, mas acabou se tornando “Let It Be”.

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A ideia era produzir um especial de TV na época. Contudo, o projeto se transformou no documentário de 1970.

A versão repaginada em termos audiovisuais foi trabalhada pelo cineasta Peter Jackson, responsável pela série mencionada, e sua equipe na Park Road Post Production. O diretor original, Michael Lindsay-Hogg, auxiliou no processo — que, conforme apontado pelo Ultimate Classic Rock, contou com remasterização usando o negativo original de 16 mm.

Em nota à imprensa, Jackson celebrou o projeto e se declarou “absolutamente emocionado” pela remasterização. Também em comunicado, Hogg destacou que a remasterização visa tirar a imagem negativa atribuída ao documentário na época de seu lançamento.

“Sempre achei que ‘Let It Be’ era necessário para completar a história de ‘Get Back’. Em três partes, mostramos Michael e os Beatles filmando um novo documentário inovador, e o documentário é justamente ‘Let It Be’, de 1970. Agora penso nisso tudo como uma história épica, finalmente concluída após cinco décadas. Os dois projetos se apoiam e se aprimoram: Let It Be é o clímax de Get Back. […] Michael Lindsay-Hogg foi infalivelmente prestativo e gentil enquanto eu fazia Get Back, e é justo que seu filme original tenha a última palavra… parecendo e soando muito melhor do que pareceu em 1970.”

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Maria Eloisa Barbosa
Maria Eloisa Barbosahttps://igormiranda.com.br/
Maria Eloisa Barbosa é jornalista, 22 anos, formada pela Faculdade Cásper Líbero. Colabora com o site Keeping Track e trabalha como assistente de conteúdo na Rádio Alpha Fm, em São Paulo.

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