Por que Nicko McBrain, do Iron Maiden, não usa pedal duplo

Lendário baterista conquistou destaque com o pedal simples dentro do heavy metal, gênero conhecido pela variação dupla

Nicko McBrain é um dos grandes bateristas da história do heavy metal. Em sua passagem pelo Iron Maiden, onde segue desde dezembro de 1982 na vaga deixada por Clive Burr, o músico demonstrou técnica e personalidade em seu instrumento, servindo de influência para várias gerações futuras de músicos.

Porém, algo chama atenção na forma de Nicko tocar: o britânico nascido em 5 de junho de 1952 dispensa completamente o uso de pedal duplo, tão comum no gênero musical ao qual pertence o Maiden. Por ele ser tão habilidoso no pedal simples, não dá nem para sentir falta do recurso adicional.

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Em vídeo publicado no canal Drummerzone e transcrito pelo Blabbermouth, McBrain relembrou que no passado chegou a fazer críticas ao pedal duplo. Hoje, ele se arrepende disso.

“Citaram uma fala minha há anos como dizendo que isso (pedal duplo ou bumbo duplo) é algo ‘não-musical’, ‘não-baterista’. E eu não fui justo na minha fala, porque não é assim. Apenas sentia que não queria usar dois, porque eu já achava um difícil o bastante. Por que aumentar o problema com dois?”

McBrain destacou que quando se aprende a usar pedal ou bumbo duplo, é mais fácil fazer semínimas (nota ou rítmica musical cuja duração é de 1/4 de uma semibreve ou metade de uma mínima) com o pé esquerdo.

“Eu pensei: ‘não vou usar dois pedais, pratico com um desde sempre’. Simplesmente não me motivei a usar. Eu já sentei em casa e toquei com pedal duplo. Acredite: assim que você começa, é difícil de abrir mão, porque você começa a pensar: ‘isso soa muito legal’ (risos).”

Nicko McBrain “traindo o movimento”?

Apesar de gostar mais do pedal simples, Nicko McBrain contou que já usou pedal duplo em uma música do Iron Maiden. Trata-se de “Face in the Sand”, presente no álbum “Dance of Death” (2003).

“Pedal duplo é como qualquer outra coisa: você pratica, domina e não é algo difícil. Quando é necessário, você usa, como fiz em ‘Face in the Sand’. Adrian (Smith, guitarrista do Iron Maiden) queria um ritmo particular nela, aí eu tentei com um pedal, mas não consegui reproduzir meu vigor.”

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Pedal duplo e Aquiles Priester

Em outra entrevista, desta vez ao Madcap Music Review (também via Blabbermouth), Nicko McBrain exaltou alguns bateristas que fazem uso do pedal duplo melhor do que ele. Além de Dave Lombardo (Slayer) e Thomas Lang, ele citou o brasileiro Aquiles Priester, músico com passagens por Angra, Hangar, W.A.S.P. e Primal Fear.

Conforme traduzido pelo Whiplash, ele disse:

“Pessoas como Keith Moon… ele até tinha dois bumbos, mas acho que nunca colocou pedal nos dois. John Bonham, Ringo Starr… quando eu estava crescendo e aprendendo a tocar… sim, Ed Shaughnessy usava, Louie Bellson, claro, e também o grande Ginger Baker. Eu era um grande fã do Cream, mas não gostava de Ginger, soava estranho pra mim, só anos mais tarde eu compreendi como ele era bom. E, claro, um pouco mais tarde vieram Cozy Powell e Tommy Aldridge. Daí no fim dos anos setenta começaram a surgir os bateristas que usavam pedal duplo.

Mas eu aprendi a tocar com apenas um pedal. Sempre fiz a analogia: se é difícil aprender a usar apenas um, imagine com dois? Só que na verdade é o contrário: quando se usa dois pedais, certas coisas são mais fáceis. Ainda assim, por qual motivo mudar? Em 1975, quando me juntei à banda de Pat Travers, ele me pediu pra usar um kit gigantesco de bateria, que tinha um pedal duplo. Eu topei usar a bateria, mas tirei o segundo pedal.

Vejo caras como Dave Lombardo (Slayer) e Thomas Lang, ele é fenomenal. Tem Aquiles Priester (Angra, Primal Fear)… sabe, estes sujeitos que são fantásticos no pedal duplo. Não dá pra mim. Digo, provavelmente eu conseguiria se praticasse onze horas por dia durante um ou dois anos.”

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

5 COMENTÁRIOS

  1. Se o Iron Maiden fosse originada nos anos 90, com certeza os caras estariam usando o pedal duplo e até quem sabe indo para o lado do power metal!!!! A influência dos caras são coisas dos anos 60 e 70…não existia toda essa energia do metal na época, nem o metal existia em termos de estilo, apenas existia ali escondido entre várias bandas da época!!!! lembro de uma entrevista para o Steve Harris e perguntaram para ele porque ele não usar um Baixo de 6 cordas, ele disse que duas cordas iriam ficar paradas…boa resposta!!!! Épocas diferentes, estilos diferentes e assim vai!!!! valeu!!!!

  2. Eu acho que o pedal duplo é uma evolução tecnológica assim como a quinta corda no baixo. Ou a sétima, na guitarra. Ou até mesmo o Baixo elétrico, que foi uma evolução tecnológica revolucionária na música. O Iron é uma banda, digamos, conservadora. Quando o álbum Somewhere in time trouxe delays nas guitarras e alguns teclados, muitos fãs criticaram. Eu curto essas evoluções desde que a essência seja mantida.

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