Os melhores discos grunge, segundo Buzz Osborne (Melvins)

Influência da geração de Seattle, músico admitiu ter precisado enrolar para chegar a 10 álbuns

A importância do Melvins na história do grunge é inegável. Não apenas a sonoridade reuniu elementos que influenciaram os grandes nomes do movimento, como até mesmo as relações pessoais tiveram participação direta da banda. Basta recordar que Kurt Cobain conheceu o baixista Krist Novoselic em um ensaio do grupo em Aberdeen, Washington, dando início à história do Nirvana.

Aliás, a primeira banda de Cobain, Fecal Matter, contou com Dale Crover, baterista do Melvins. Buzz Osborne também entrou mais tarde, tocando baixo. “Downer” e “Spank Thru”, músicas que fariam parte do repertório do ícone de Seattle, são dessa época. Já bem-sucedido, o marido de Courtney Love foi chamado para produzir “Houdini” (1993), álbum que marcava a estreia do Melvins em uma grande gravadora. Acabou saindo em meio ao processo. Ainda assim, foi creditado no produto final.

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Em 2019, Buzz foi convidado pela Rolling Stone a escolher os 10 melhores discos da cena. Ele deixou claro que apenas o primeiro era realmente para estar naquela posição. Os outros foram colocados de forma aleatória.

Soundgarden, “Badmotorfinger” (1991):

“Esse é o disco que mais ouvi entre os considerados ‘grunge’. Acho que foi um ao qual prestei pouca atenção quando lançado, mas com o passar do tempo percebi que funciona muito melhor do que qualquer outro. As músicas são melhores e têm uma sonoridade mais sofisticada do que a maioria dos outros que se encaixam no movimento. Gosto de ‘Room a Thousand Years Wide’ e ‘Searching With My Good Eye Closed’ é uma boa música. ‘Slaves & Bulldozers’ também é boa. O álbum tem tempos e passagens estranhas, que a maioria das pessoas não percebe. Estão enterradas nas faixas de uma forma que você realmente não percebe exatamente o que está ouvindo. A maioria das bandas que eram como eles ou tentavam roubá-los nunca fizeram isso. Sempre admiro tudo que está fora da caixa.”

Nirvana, “Nevermind” (1991):

“Acho que é o melhor disco deles. Não gostei muito das coisas antes ou depois. Não gosto necessariamente de todas as músicas, mas realmente solidificou o que havia de bom na banda. ‘Teen Spirit’ é adequada, você provavelmente não pode melhorar isso. Algumas ideias foram retiradas de outras bandas, incluindo ‘Smells Like Teen Spirit’, que soa como ‘Godzilla’ [do Blue Öyster Cult] cruzada com ‘More Than a Feeling’ [do Boston]. Kurt carregava suas influências na manga, com certeza. Acho que é um pouco superproduzido. Eu geralmente prefiro uma produção um pouco mais corajosa do que essa.

Fomos ao estúdio em Los Angeles quando eles estavam gravando. Estávamos lá enquanto Butch Vig tentava afinar o violoncelo [em ‘Something in the Way’] eletronicamente, porque ele havia sido tocado muito desafinado. Ele estava apenas tentando salvar a sessão. Quem tocou não fez um trabalho tremendamente bom. E meu pensamento foi: ‘Por que você simplesmente não contratou alguém que pudesse fazer isso e poupou alguns aborrecimentos?’ [Risos] Ah, bem. Então ouvimos o disco. Eu nunca teria imaginado que venderia 30 milhões ou quantos vendeu em todo o mundo. Eu sou péssimo quando se trata de analisar coisas assim.”

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U-Men, “U-Men” (1984):

“Uma das melhores bandas que ninguém conhece dessa época. Eles eram relativamente imprevisíveis ao vivo. Todos os caras eram muito bons e tinham um senso muito legal sobre o grupo. Foi muito bem ensaiado e concebido. Essas são lições que aprendi com eles desde o início de nossa carreira e nunca esqueci. Eu diria que o primeiro disco que gravaram é um dos melhores do rock de Seattle de todos os tempos, incluindo os de de Jimi Hendrix. Na época em que foi lançado, eu os adorava ao vivo e fiquei completamente chocado com o quão bom aquele álbum era. Até hoje ouço o tempo todo. Nunca vou deixar de amar isso.”

Tales of Terror, “Tales of Terror” (1984):

“Eram uma banda extraordinária. Eu os vi no palco antes de ouvir o disco e achei que eram muito, muito, muito bons. Era exatamente o tipo de punk rock que eu queria. Promoviam uma destruição e reinvenção simultâneas em sua música. E você poderia dizer que as influências eram muito legais, como Stooges e Dead Boys com um pouco de hardcore. Ainda tinham um toque psicodélico que eu achava incrível. Este álbum estaria entre os meus 20 melhores de todos os tempos, talvez no top 10. Fizemos covers de algumas músicas dele e podemos fazer mais no futuro. Certamente foi uma grande influência para mim e para os caras do Mudhoney.”

Mudhoney, “Touch Me, I’m Sick” — na verdade, uma música (1988):

“Eu realmente gostei do Mark Arm [vocalista do Mudhoney] desde o início. Sempre foi um cara muito legal comigo. Aprendi muito com ele, foi uma grande influência, especialmente em suas sensibilidades musicais. Incluí este 7 polegadas por causa do lado B, ‘Sweet Young Thing’. Quando ouvi, pensei: ‘Oh, meu Deus. Isso é ótimo. Esses caras realmente acertaram em cheio’. Eu acho que é a melhor música que eles já fizeram. E foi logo no início. É difícil de superar.”

Flipper, “Generic” (1982):

“Este ficaria entre meus cinco álbuns favoritos de todos os tempos. Eles são outra banda que simultaneamente destruiu e inventou o rock & roll. Escreveram a Bíblia sobre o que era possível com a música punk rock. Foi muito além de tudo que tinha ouvido antes. A genialidade está na simplicidade, na qualidade de fim do mundo. Isso me fez querer fazer uma música que soasse como o fim do mundo também. Eram músicas realmente cativantes e letras muito inteligentes, além de totalmente aterrorizantes.”

Nirvana, “Bleach” (1989):

“Escolhi este porque não há muitos outros discos grunge que eu ache bons. Nossa influência foi enorme sobre eles com ‘Bleach’, é óbvio. ‘Negative Creep’ é provavelmente minha música favorita. Gosto dela provavelmente mais do que qualquer coisa em ‘Nevermind’, embora o ache um álbum melhor como um todo. Mas ‘Bleach’ é bom. Se esse fosse o único disco que eles lançaram, ainda assim seria bom.

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Nunca pensei que o Nirvana venderia cem milhões de álbuns. Não os imaginava maiores que o Sonic Youth. Sabia por que gostava do Nirvana, mas não conseguia entender por que o público em geral gostava. Sempre fiquei muito animado com o fato de o Nirvana e o Soundgarden terem se tornado famosos, ricos e bem-sucedidos. Senti que algo em que estava envolvido deu certo. Minha sensibilidade estava certa. Ver isso acontecer com aqueles caras só me deu mais confiança. ‘Bleach’ foi o começo.”

Soundgarden, “Superunknown” (1994):

“Este é provavelmente o meu segundo álbum favorito deles. Gosto de muitas músicas desse disco. Fizemos um cover de ‘Spoonman’ no tributo a Chris Cornell porque pensei que poderíamos fazer um bom trabalho e não achei que mais ninguém tocaria aquela música. E eu não estava errado sobre isso, ela é estranha de tocar. Acontece que os caras do Soundgarden são bons músicos, e se trata de algo muito sofisticado. Não é apenas uma porcaria em 4/4. É muito superior a isso. Esses caras tinham quatro compositores na banda, todos contribuindo para o que estavam fazendo, o que realmente fica evidente.”

Malfunkshun, “Return to Olympus” (1995):

“Uma das minhas bandas favoritas daquela época. Não tinham nenhum álbum quando tocamos com eles e os vimos. Eu simplesmente gostei deles ao vivo. Minha música favorita é ‘With Yo’ Heart (Not Yo’ Hands)’. Tinham um ótimo senso de humor, eram grandes músicos e caras legais. Quando Andy Wood morreu, foi um desperdício total. Deus sabe o que o futuro poderia ter reservado para aquele cara. Mas eles continuam sendo um dos meus favoritos.

Eu não acho que ‘Return to Olympus’ [uma compilação publicada anos depois de a banda se separar] seja o que poderia ter sido, porque nas circunstâncias certas eles poderiam ter feito um estrago com todas aquelas músicas. Foi bom ouvir esse álbum, mas você também se sente enganado, ao mesmo tempo, porque gostaria que fosse em circunstâncias melhores. Mas eu os amo tanto que tive que incluí-los.”

Babes in Toyland, “Spanking Machine” (1990):

“Não sei se consideraria Babes in Toyland uma banda grunge, mas acho que muitas pessoas consideram. Foram claramente influenciados pela Birthday Party, o que achei legal. E o Hole era uma espécie de versão bastarda deles. Para mim, pelo menos. Mas Babes in Toyland era uma banda muito, muito melhor. Escreveram músicas muito mais interessantes e estavam muito menos interessados em escrever músicas pop que seriam grandes sucessos. Eu gosto mais de ‘Spanking Machine’. ‘He’s My Thing’ está nele e eu também curto ‘Vomit Heart’. Essa é provavelmente a minha música favorita.”

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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