Anti-Flag se manifesta após fim e acusação de estupro contra vocalista

Justin Sane nega alegações, mas tanto ele quanto ex-colegas afirmam que situação levou ao encerramento das atividades da banda

Os integrantes do agora encerrado Anti-Flag se manifestaram, em dois comunicados separados, sobre as acusações de que o vocalista e guitarrista Justin Sane teria estuprado uma mulher. Fãs especularam que o fim do grupo, anunciado abruptamente na última semana, teria relação com o alegado crime.

Sane divulgou um texto onde nega ter cometido qualquer crime. Porém, ele confirmou que as atividades da banda foram encerradas em função dos problemas causados pelas acusações.

“Recentemente, foram feitas acusações de abuso sexual feitas contra mim e posso dizer que essas histórias são categoricamente falsas. Nunca tive uma relação sexual que não fosse consensual, nem nunca fui abordado por uma mulher após um encontro sexual para ser informado de que, de alguma forma, agi sem o consentimento dela ou a violei de alguma forma. Agora que tive alguns dias para absorver o choque inicial, estou fazendo esta declaração para esclarecer as coisas.

O abuso sexual é real e tem um impacto devastador nas vítimas. Dediquei toda a minha vida adulta a defender essas vítimas, bem como aquelas que sofrem opressão e desigualdade, que são humilhadas e abusadas. Sempre fui e sempre serei essa pessoa. As declarações que estão sendo feitas sobre mim são a antítese do que acredito e de como me comportei ao longo da minha vida.

Em relação à dissolução do Anti-Flag, como banda, foi tomada a decisão de que, nessas circunstâncias, seria impossível continuar.

Quero agradecer à minha família e amigos, e aos muitos, muitos fãs, músicos e bandas que me procuraram para oferecer apoio e ajuda.”

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Os demais integrantes – o baterista Pat Thetic, o guitarrista Chris Head eo baixista Chris “No. 2” Barker – se pronunciaram em outro texto. O trio afirma que o fim das atividades do grupo tem a ver com princípios estabelecidos por eles próprios.

“Um princípio central da banda Anti-Flag é ouvir e acreditar em todos os sobreviventes de violência e abuso sexual. As recentes alegações sobre Justin estão em contradição direta com esse princípio. Portanto, sentimos que a única opção imediata era a dissolução.

Ficamos chocados, confusos, tristes e com os corações partidos desde o momento em que ouvimos essas alegações. Embora acreditemos que isso seja extremamente sério, nos últimos 30 anos nunca vimos Justin ser violento ou agressivo com mulheres. Essa situação nos abalou profundamente.

Entendemos e pedimos desculpas por esta reação não ter sido rápida o suficiente para algumas pessoas. Este é um território novo para todos nós e está demorando para processarmos a situação.

Foi um privilégio para nós estarmos na banda Anti-Flag, pois buscamos encontrar nosso caminho a seguir desejamos cura a todos os sobreviventes.”

O fim do Anti-Flag

O Anti-Flag anunciou seu término no último dia 19 de julho. Conhecida por seu ativismo político, a banda punk americana estava na ativa desde 1988, apesar de um hiato entre 1989 e 1992.

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O movimento pegou os fãs de surpresa. O grupo estava em turnê e inclusive abriria um show para o Dropkick Murphys na próxima sexta-feira (21), em Praga, na República Tcheca.

Em uma publicação no Patreon do grupo, eles afirmam:

“O Anti-Flag se separou. O Patreon foi alterado para um modo em que não irá mais cobrar uma taxa mensal. Começarei a processar reembolsos para todos os patronos nas próximas semanas. Uma vez que todos os reembolsos forem processados, a página de Patreon também será removida.”

A acusação contra Justin Sane

Aviso de conteúdo: Essa matéria contém descrições gráficas de abuso sexual.

Após esse anúncio, fãs começaram a especular no Reddit (via Consequence e Stereogum) que o término pode ter algo a ver com o episódio mais recente do podcast “enough.”, que cobre abuso sexual na indústria da música.

O capítulo em questão narrou a história de uma mulher chamada Kristina Sarhadi, que alegou ter sido estuprada pelo vocalista de uma banda de punk político da Costa Leste dos Estados Unidos. Segundo a convidada, o músico (de nome não revelado) a atraiu para seu quarto de hotel sob a promessa de escutar uma parceria inédita com o cantor folk-punk inglês Billy Bragg.

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De acordo com o relato, o artista encorajou a mulher a beber pela primeira vez em sua vida – ela faz parte do movimento straight edge, conhecido por incentivar a abstinência total de álcool e drogas. Uma vez que chegaram ao quarto, o músico teria trancado a porta, derrubado a convidada contra a cama e colocado uma das mãos na garganta dela, a estuprando sob gritos para que ele parasse até desmaiar.

Após o alegado incidente, o vocalista da banda punk teria entrado em contato com a vítima diversas vezes na tentativa de encontrá-la novamente. Sarhadi disse em seu relato só ter mandado uma mensagem para o músico quando teve um susto de gravidez – e ela afirma ter sido ignorada.

Nenhum nome é citado. Porém, Kristina Sarhadi mencionou um post de março de 2022 feito em uma página do Tumblr chamada The Industry Ain’t Safe, onde um usuário anônimo escreveu “Justin Sane do Anti-Flag. Eu sou a única pessoa com quem isso aconteceu?”. De acordo com uma captura de tela no Twitter, ao menos duas pessoas responderam a essa postagem, afirmando que também foram vítimas.

Sane, nascido Justin Geever, fundou a versão original do Anti-Flag em 1988 com o baterista Pat Thetic. O primeiro disco do grupo, “Die for the Government”, foi lançado em 1996. O mais recente, “Lies They Tell Our Children”, saiu no início de 2023.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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