Faz tempo que Serj Tankian não quer estar no System of a Down, diz John Dolmayan

Músico ressaltou não ser possível alcançar o som da banda sem os quatro juntos, citando projetos paralelos como exemplos sem qualidade

Não é de hoje que o vocalista Serj Tankian e o baterista John Dolmayan possuem visões distintas, mesmo mantendo a parceria no System of a Down. E não estamos falando apenas das opiniões políticas, mas também em relação aos rumos da carreira do grupo, que não lança um álbum completo de músicas inéditas desde 2005, embora siga fazendo turnês.

Durante participação no podcast Battleline (com transcrição do Blabbermouth), o instrumentista deu sua versão para a inércia do quarteto em termos criativos.

“Serj já não queria mais estar na banda há muito tempo. E, francamente, provavelmente deveríamos ter nos separado por volta de 2006. Tentamos nos reunir várias vezes para fazer um álbum, mas havia certas regras estabelecidas que tornavam difícil fazer isso e manter a integridade do que o System of a Down representava. Portanto, não poderíamos realmente nos unir e concordar. E parte disso é culpa de Serj, assim como também é culpa minha, de Shavo (Odadjian, baixista) e de Daron (Malakian, guitarrista). Mas no final das contas, se você tem a maioria da banda pensando de um jeito e uma pessoa pensando de outro, é muito difícil se unir e fazer música pensando que essa pessoa é importante.”

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John ainda ressaltou que alcançar o padrão de qualidade típico do grupo é algo que só pode acontecer quando há uma convergência completa.

“Cada membro é muito importante para o som, no nosso caso. E você saberá disso ouvindo os projetos paralelos de cada um. Eles nunca são tão bons quanto o System. Na verdade, acho que muitos deles simplesmente não são bons. E quando você compara com o que fazemos juntos, entende por que a equipe é importante. Ter certos talentos se juntando, mesclando a matéria e criando aquela coisa mágica é o que importa.”

O baterista citou como exemplo para seu ponto o projeto mais conhecido de um músico da banda fora dela.

“Daron é um dos melhores compositores que já vi na minha vida, mas o que ele faz com o Scars on Broadway nunca estará no mesmo nível do System. Não significa que é ruim, apenas não é a mesma coisa. Não sou eu na bateria, nem Shavo tocando baixo, trazendo certos riffs e adicionando à música de Daron, assim como não há Serj trazendo sua melodia e letras para a obra. São todas essas coisas juntas que nos tornam especiais.”

System of a Down e o fim em 2006

A seguir, o entrevistador pediu que John Dolmayan elaborasse mais sua ideia de que o System of a Down deveria ter acabado em 2006.

“Acho que deveríamos ter seguido em frente e, se Serj não quisesse estar na banda naquela época, arrumado outra pessoa para cantar. Mas é o que acontece quando você é leal e realmente quer fazer funcionar. Você vai tolerar coisas que podem ser prejudiciais para a saúde da banda. Talvez fosse melhor se tivéssemos seguido em frente e contratado outro vocalista para um álbum ou dois, continuado a fazer música e trazer Serj de volta mais tarde, se ele quisesse. Isso provavelmente teria sido melhor. Mas do jeito que está, acho que desperdiçamos 15, talvez 20 anos de nossas vidas esperando.”

Mesmo assim, os músicos ainda se divertem fazendo shows, embora quisessem tocar mais vezes.

“Quando estamos no palco é ótimo. Mas é desanimador o fato de termos apenas um show agendado para o próximo ano. Um show. É isso. Acho que gostaríamos de trabalhar muito mais, mas Serj também está com problemas nas costas agora; ele estragou as costas de alguma forma e simplesmente não quer fazer turnês tanto quanto o resto de nós. Olha, se minha esposa me dissesse que faríamos sexo uma vez por ano, eu estaria divorciado.

Não acho que isso seja sustentável. O resto de nós quer trabalhar muito mais do que ele. Agora, não sei se isso significa que vamos apenas terminar, esquecer e chamar isso de carreira ou se vamos seguir em frente com outra pessoa. Em última análise, o melhor cenário para mim é Serj colaborar para que possamos fazer, tipo, 15, 20 shows por ano. Poderíamos ir a lugares que não tocamos há muito tempo para fãs que nunca nos viram. Isso é importante para mim.”

Sendo assim, fica realmente difícil antecipar planos futuros.

“Eu não sei o que vai acontecer. Até mesmo falar sobre isso me deixa chateado, porque sei qual é o nosso potencial. E eu sei que se fizermos um álbum será fantástico, porque temos músicas prontas há cinco ou seis anos. Só precisamos entrar em estúdio e gravá-las. E não sei se isso vai acontecer. O fato é que você só tem uma chance na vida. Faça o melhor dela.”

Duas músicas em 18 anos

Nos últimos 18 anos o System of a Down gravou apenas duas músicas. “Protect the Land” e “Genocidal Humanoidz” foram disponibilizadas em novembro de 2020. As composições foram motivadas pelo conflito entre Artsakh e Azerbaijão, com todos os rendimentos apoiando os esforços humanitários na pátria ancestral do grupo, a Armênia. Juntamente com outras doações de fãs em suas páginas sociais, a banda arrecadou mais de US$ 600 mil.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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