The 1975 segue como paródia de si mesmo em “Being Funny in a Foreign Language”

Matty Healy e companhia insistem que não existe nada de errado em fazer cópias sem sal de synthpop com letras vergonha alheia

O quarteto inglês The 1975 tenta com força ser a banda de sua geração. Alguns diriam até demais. Os discos soam mais como playlists contendo gêneros díspares ao conteúdo das letras capazes de fazer Rivers Cuomo, no auge da era “Pinkerton” do Weezer, falar “cringe”. Matty Healy e cia são certamente o grupo mais divisivo de sua geração.

Chegando ao quinto álbum, “Being Funny in a Foreign Language”, a banda não se ajuda a afastar essa alcunha. Apesar de diminuírem muitas das afetações de discos anteriores, ainda assim existe um problema sério acometendo o The 1975. Permitam-me explicar melhor na forma de uma comparação.

- Advertisement -

No filme “Ressaca de Amor”, o comediante britânico Russell Brand interpreta o astro de rock Aldous Snow, um papel que acabou repetindo em “O Pior Trabalho do Mundo”, este focado em um retorno de seu lendário grupo chamado Infant Sorrow. Tudo relacionado ao personagem e sua banda fictícia são ridículos para parodiar a figura do rock star.

Leia também:  Calcinha Preta lança versão de “Agora Estou Sofrendo” gravada com Edu Falaschi

O problema do 1975 é que eles são o Infant Sorrow na vida real, sem um pingo de ironia. As letras de Matty Healy soariam confessionais se não fossem cheias das revelações mais embaraçosas da história do rock. É difícil se relacionar quando a sensação mais forte no ouvinte é vergonha alheia.

Quanto às músicas, o grupo em “Being Funny in a Funny Language” aposta no synthpop que grupos fizeram de forma melhor e mais interessante nos anos 80, com interlúdios chamber pop. A banda referenciada mais fortemente parece ser o Depeche Mode, o que se reflete nas imagens promocionais preto e branco alto contraste estilo Anton Corbijn.

Contudo, não existe o mesmo senso de romance ou sensualidade em nenhuma canção nesse disco. O The 1975 é uma banda presa numa adolescência sem fim, em que desejam ser rockstars sem compreender como a substância de seus ídolos é intrinsecamente associada a seu estilo.

Até as melhores canções de “Being Funny in a Funny Language” soam parecidas com outras da própria banda. “I’m In Love With You” nos versos é muito semelhante a “If You’re Too Shy (Let Me Know)”, do disco anterior “Notes on a Conditional Form”. “Happiness” não tem um par tão certo, porém ainda assim soa requentada, por melhor que seja.

Leia também:  Slash diverte, mas não ousa em “Orgy of the Damned”

Continuo dando chances ao The 1975 porque claramente existe muita gente se conectando a eles. Pela quinta vez, não saio convencido.

Ouça “Being Funny in a Foreign Language” a seguir, via Spotify, ou clique aqui para conferir em outras plataformas digitais.

The 1975 – “Being Funny in a Foreign Language”

  1. The 1975
  2. Happiness
  3. Looking For Somebody (To Love)
  4. Part Of The Band
  5. Oh Caroline
  6. I’m In Love With You
  7. All I Need To Hear
  8. Wintering
  9. Human Too
  10. About You
  11. When We Are Together

Clique para seguir IgorMiranda.com.br no: Instagram | Twitter | Facebook | YouTube.

ESCOLHAS DO EDITOR
InícioLançamentosThe 1975 segue como paródia de si mesmo em “Being Funny in...
Pedro Hollanda
Pedro Hollanda
Pedro Hollanda é jornalista formado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso e cursou Direção Cinematográfica na Escola de Cinema Darcy Ribeiro. Apaixonado por música, já editou blogs de resenhas musicais e contribuiu para sites como Rock'n'Beats e Scream & Yell.

DEIXE UMA RESPOSTA (comentários ofensivos não serão aprovados)

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui


Últimas notícias

Curiosidades