Não foi overdose: qual a real causa da morte de Cássia Eller

Após um ano de destaque em sua carreira, a cantora morreu e deixou dúvidas quanto à causa de seu falecimento

Em 29 de dezembro de 2001, o Brasil perdia de forma prematura uma de suas vozes mais brilhantes: a cantora Cássia Eller, que morreu no auge do sucesso após um ano inteiro em alta.

A artista de 39 anos faleceu em decorrência de uma parada cardíaca. Porém, levou algum tempo até que a causa fosse reconhecida – e foi necessário que a família entrasse na Justiça para provar que ela não sofreu overdose e que havia se livrado das drogas muito tempo antes.

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Um intenso 2001

O ano de 2001 foi intenso para Cássia Eller desde os primeiros dias. Ainda em janeiro, ela se apresentou na terceira edição do Rock in Rio.

Nos meses seguintes, a artista lançou o aclamado “Acústico MTV” e fez uma participação no MTV Video Music Brasil. E o principal: realizou uma turnê com mais de 100 shows pelo país entre os meses de maio e dezembro.

Cássia se sentiu mal no dia 29 de dezembro. Foi levada à Clínica Santa Maria, no Rio de Janeiro, apresentando um quadro de enjoo e agitação.

Ao longo do dia, a situação piorou e a cantora foi conduzida a um CTI (Centro de Terapia Intensiva). Faleceu por volta das 19h daquele mesmo dia.

Mas a determinação do que a levou a óbito se estendeu bastante.

Cássia Eller e as drogas

A causa da morte de Cássia Eller não foi detalhada inicialmente. As primeiras informações apenas davam conta de que ela havia sofrido uma sequência de paradas cardíacas.

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Logo começaram os rumores de que a artista havia se drogado antes de ir parar no hospital. Reacendeu-se, assim, debate antigo a respeito da dependência química – assunto sobre o qual a própria cantora havia falado meses antes, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.

“Fiz um tratamento de desintoxicação, que durou de 98 a 2000. Encontrei Jesus, sigo com ele, limpinha. Estava me atrapalhando muito, a ponto de perder compromissos. Tinha criança dentro de casa, minha mulher não estava gostando. Fui eu mesma que quis fazer, foi legal.”

A mesma história foi contada à revista Marie Claire, em edição publicada em outubro de 2001.

“Foi há dois anos (a decisão de parar de usar álcool e drogas). Um dia eu acordei depois de uma ressaca total e falei: ‘chega, não quero mais’. Foi de uma hora para outra, mas meus amigos já me diziam que eu estava decadente, ficando feia e rouca demais. E também me diziam: ‘olha o seu filho’. Eu andava irritada pra caramba. Foi muito bom ter ido me tratar. Minha convivência em casa melhorou, fiquei bem com meus amigos e dei um salto no trabalho. Antes, só queria saber de farra.”

No início de 2002, um advogado contratado pelas percussionistas Lan Lan e Tamima Brasil (integrantes da banda da cantora que teriam a levado ao hospital) afirmou que Cássia teria admitido aos médicos que consumiu álcool e cocaína horas antes de dar entrada no hospital.

A luta da família

A partir daí, foi iniciada uma grande luta por parte dos familiares de Cássia Eller. Eles buscavam provar publicamente que a artista continuava longe das drogas quando morreu.

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No fim de janeiro de 2002, os laudos periciais do Instituto Médico Legal (IML) do Rio de Janeiro mostravam que a cantora sofria de problemas cardíacos não detectados previamente, devido a uma malformação de seu coração – e que eles teriam causado o óbito. Os exames toxicológicos não encontraram álcool ou drogas em seu corpo.

A investigação seguiu por mais dois anos, até que em 2004, o Ministério Público do Rio de Janeiro acusou a Clínica Santa Maria e alguns de seus profissionais de erro médico. Segundo o novo laudo, medicamentos contraindicados para ex-usuários de drogas teriam sido aplicados na cantora, que também não teria recebido sedativos e teria sido submetida a outros procedimentos que não condizem com o padrão de ação em casos como o dela.

Posteriormente, a acusação contra os médicos acabou sendo arquivada. Maria Tereza Donatti, juíza da 29ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio, apontou que o MP-RJ se baseou na hipótese de que Cássia teria consumido álcool e drogas – o que não foi comprovado pelo exame do IML. Logo, não houve erro de procedimento.

Entretanto, a família conseguir provar que Cássia Eller não estava sob efeito de drogas quando se sentiu mal. A causa da morte da cantora é registrada oficialmente como “parada cardíaca” – e segue assim.

Ela deixou a esposa, Maria Eugênia, e o filho, Francisco Eller, o “Chicão”, que segue carreira artística como Chico Chico.

* Texto por André Luiz Fernandes, com pauta e edição de Igor Miranda.

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André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Interessado em música desde a infância, teve um blog sobre discos de hard rock/metal antes da graduação e é considerado o melhor baixista do prédio onde mora. Tem passagens por Ei Nerd e Estadão.

1 COMENTÁRIO

  1. brinquei de capoeira com a cassia em uma festa da MTV nos anos 90. o Emerson boy estava comigo.nunca esqueci esta sena.guido arrastão ex batera da banda tiroteio.

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