“Destination Anywhere”: quando Jon Bon Jovi tentou aliar música e cinema

Após ter se aproximado várias vezes da sétima arte, vocalista fez seu segundo álbum solo junto de filme homônimo

O Bon Jovi é um dos grupos de rock mais bem sucedidos de todos os tempos. Os músicos foram capazes de transcender o hair metal no qual surgiram e manterem uma carreira sólida até hoje.

Parte integral desse processo de se desvencilhar da cena farofa dos anos 1980 foi o interesse do vocalista Jon Bon Jovi em cinema. Isso culminou em seu segundo disco solo, “Destination Anywhere” – um projeto multimídia ambicioso envolvendo um filme baseado nas canções do álbum.

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Mas como fomos de “Livin’ on a Prayer” para isso?

Galera de caubói

Em 1990, Jon Bon Jovi fez sua estreia no cinema no filme “Jovens Demais Para Morrer”, sequência bem-sucedida de um filme sobre a vida do pistoleiro Billy the Kid. O papel na trama era pequeno, mas ele compôs dez músicas para a trilha sonora – que acabaram se tornando seu primeiro disco solo “Blaze of Glory – Inspired by Young Guns II”. A faixa-título chegou ao topo das paradas americanas, o quinto primeiro lugar dele em cinco anos.

Essa experiência fez Bon Jovi começar a fazer aulas de atuação, mas por uma razão bem astuta, como ele conta em entrevista transcrita pela Ultimate Classic Rock:

“Aulas de atuação foram uma ideia para eu conseguir roteiros, para assim compor músicas para filmes.”

A ideia deu muito certo na forma de “Always”. A faixa foi composta originalmente para o filme “Romeo Is Bleeding”, estrelado por Gary Oldman, e lançada como single inédito da compilação “Cross Road” (1994). Transformou-se no maior sucesso internacional do grupo. No Brasil, chegou a ser incluída na trilha sonora da novela global “Quatro por Quatro”.

Os companheiros de banda não encanavam demais com esses bicos cinematográficos quando significavam fartura para o grupo. Com o tempo, porém, o vocalista procurou se estabelecer sozinho.

Jon Bon Jovi e as canções de um trailer

À medida que os anos 1990 avançaram, a carreira cinematográfica de Jon Bon Jovi ganhou força. Em 1996, ele foi escalado para o papel principal de um filme apropriadamente chamado “The Leading Man”.

Durante as filmagens em Londres, Bon Jovi se viu pela primeira vez em muito tempo sozinho. Em um comunicado à imprensa divulgado em 1997, ele revelou:

“Pela primeira vez na minha vida, era um lugar em que eu estava sozinho. Minha vida adulta inteira eu estive casado, com filhos, e com uma banda. Antes disso, eu morei com meus pais, então nunca havia estado sozinho. Então aquelas horas foram preciosas. Eu sentava no trailer e compunha canções.”

Além disso, ele se encontrava na capital da Inglaterra no auge do britpop. A influência de artistas como Black Grape, Manic Street Preachers, Oasis e Pulp acabou colorindo o material que estava sendo criado.

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Decidido a explorar essa nova avenida, Bon Jovi até recrutou o produtor do Black Grape, Stephen Lironi, para ser um de seus principais colaboradores nesse projeto, junto com Dave Stewart, dos Eurythmics.

O resultado foi “Destination Anywhere”, um disco que pegava de tudo um pouco, mas mantinha uma consistência forte na forma das composições de Jon Bon Jovi. O músico usou o projeto para explorar vários assuntos que não combinavam tanto com o som de seu grupo principal: insatisfações com a vida de rockstar, brigas com a esposa, inseguranças como compositor, a morte da filha de um amigo, entre outros.

Na hora de planejar a promoção do disco, em vez de gravar vários clipes dos singles, o cantor fez algo diferente. Ele deu ao diretor Mark Pellington – responsável pelo clássico videoclipe de “Jeremy”, do Pearl Jam – a seguinte missão: fazer um filme baseado nas canções.

O longa homônimo, estrelado pelo próprio Jon e Demi Moore, conta a história de um casal separado tendo que fazer as pazes com seu passado enquanto tenta navegar os problemas e perigos apresentados pelo presente. O elenco ainda contava com a participação de estrelas como Whoopi Goldberg e Kevin Bacon. 

Sucesso no mundo, mas América não é o mundo

O álbum “Destination Anywhere” saiu dia 17 de junho de 1997, com o filme sendo transmitido nos canais VH1 e MTV. Foi um dos poucos trabalhos lançados por Jon Bon Jovi a não atingir o top 10 americano. Ficou parado no número 31, em parte por uma intransigência das rádios na hora de como caracterizar o estilo do disco.

Mesmo assim, “Destination Anywhere” foi um sucesso em todas as outras partes do mundo onde rádios não perdiam tempo com besteiras como essa. O álbum chegou ao 2º lugar nas paradas do Reino Unido, foi certificado disco de platina em cinco países e ouro em mais cinco.

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Dentre esses cinco países onde “Destination Anywhere” recebeu disco de ouro está o Brasil. Bon Jovi promoveu em peso por aqui, incluindo participações nos programas de TV “Planeta Xuxa”, “Domingão do Faustão” e “Programa Livre”, além da novela jovem “Malhação”, então em seu auge de audiência. Usando seu nome real, Bongiovi, o vocalista era levado para a academia onde a trama se passava pela personagem interpretada por Luana Piovani, após colegas duvidarem que ela conhecia o roqueiro.

A participação na novela ajudou muito nas vendas por aqui. Todavia, antes mesmo do ciclo de “Destination Anywhere” terminar, Jon estava planejando a volta triunfal do Bon Jovi.

O álbum seguinte de sua banda, “Crush”, foi um megasucesso. Ali, Jon e seus parceiros pegaram lições aprendidas em seu trabalho solo e aplicaram ao som clássico do grupo, os rejuvenescendo para o século 21.

Jon Bon Jovi – “Destination Anywhere”

  • Lançado em 17 de junho de 1997 pela Mercury Records
  • Produzido por Dave Stewart, Stephen Lironi, Jon Bon Jovi, Desmond Child e Eric Bazilian

Faixas:

  1. Queen of New Orleans
  2. Janie, Don’t Take Your Love to Town
  3. Midnight in Chelsea
  4. Ugly
  5. Staring at Your Window with a Suitcase in My Hand
  6. Every Word Was a Piece of My Heart
  7. It’s Just Me
  8. Destination Anywhere
  9. Learning How to Fall
  10. Naked
  11. Little City
  12. August 7, 4:15
  13. Cold Hard Heart

Músicos:

  • Jon Bon Jovi (vocais, guitarra, violão, gaita, piano)
  • David Bryan (acordeão, piano)
  • Steve Lironi (guitarra, violão, teclados, sintetizador, loops de programação)
  • Bobby Bandiera (guitarra e slide guitar)
  • Lance Quinn (guitarra)
  • Eric Bazilian (guitarra)
  • David A. Stewart (guitarra)
  • Aldo Nova (guitarra)
  • Hugh McDonald (baixo)
  • Kenny Aronoff (bateria)
  • Dean Fasano (backing vocals)
  • Kurt Johnston (dobro)
  • Desmond Child (tuba)
  • Guy Davis (piano, órgão Hammond)
  • Rob Hyman (piano Wurlitzer)
  • Jerry Cohen (órgão, teclados, slide guitar)
  • Alex Silva (teclados, programação)
  • Terry Disley (teclados)
  • Imogen Heap (teclados)
  • Andy Wright & Paul Taylor (programação)
  • Maxayne Lewis, Alexandra Brown, Zhana Saunders, Brigitte Bryant, Mark Hudson, Dean Fasano, Mardette Lynch e Helena Christensen (backing vocals)
  • David Campbell e Teese Gohl (arranjos de cordas)

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Pedro Hollanda
Pedro Hollanda
Pedro Hollanda é jornalista formado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso e cursou Direção Cinematográfica na Escola de Cinema Darcy Ribeiro. Apaixonado por música, já editou blogs de resenhas musicais e contribuiu para sites como Rock'n'Beats e Scream & Yell.

2 COMENTÁRIOS

  1. A novela malhação ainda quando prestava, bons tempos!!!! Cheguei a pegar o VHS na época do “Destination Anywhere” …um lado mais POP ainda de John Bon Jovi!!!! Saudade dessa época de VHS, Fita Cassete e as amizades da época…hoje em dia todo mundo no celular e redes sociais, merd… geral até na música!!!! Bons tempos de antigamente quando não existia Youtube!!!! valeu!!!!

  2. Pra quem acompanha a banda esse álbum solo logo após o “pesado” THESE DAYS foi difícil de acostumar,porém inegavelmente com o tempo foi possível perceber que se trata de um álbum com belas canções e que com certeza ficou marcado,pela sua sonoridade diferente e principalmente pela qualidade

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