Como “Balls to the Wall” expôs o Accept ao mundo com mensagens conscientes

Letras assinadas pela empresária da banda apostam na defesa das minorias; videoclipe da faixa-título se tornou um clássico

Política, direitos humanos e sexo sob a perspectiva de um homem gay. Esses são alguns dos temas nada convencionais sobre os quais o vocalista Udo Dirkschneider canta no quinto álbum do Accept.

Lançado quarenta anos atrás, “Balls to the Wall” representou o auge comercial e artístico do grupo e exerceu inegável influência na embrionária cena do speed metal que dominou a segunda metade dos anos 1980, estendendo-se a bandas das décadas de 1990 e 2000.

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Conheça a história deste clássico.

Accept: dos primórdios a “Balls to the Wall”

Os primórdios do Accept remontam ao final da década de 1960, quando a banda teve início sob a alcunha de Band X na pequena cidade alemã de Solingen. A formação passou por inúmeras mudanças nos anos seguintes, até se estabilizar com Udo, os guitarristas Wolf Hoffmann e Herman Frank, o baixista Peter Baltes e o baterista Stefan Kaufmann.

Os dois primeiros álbuns, “Accept” (1979) e “I’m a Rebel” (1980) — ambos lançados pelo selo local Metronome —, tiveram pouco impacto. Foi com a turnê de abertura para o Judas Priest, subsequente ao terceiro trabalho, “Breaker” (1981), que sua primeira grande oportunidade fora do país natal foi conquistada por meio de um contrato de licenciamento com a Sony Music.

Quando lançou “Restless and Wild” (1982) — que tem em “Fast as a Shark”, “Princess of the Dawn” e na faixa-título três hinos —, o grupo já havia conquistado uma enorme legião de fãs na Europa e na América. O caminho estava pavimentado para o liricamente mais maduro e um tanto mais acessível musicalmente “Balls to the Wall” elevar a régua ainda mais alto.

Os humilhados sendo exaltados

No que diz respeito às letras, em “Balls to the Wall”, o Accept adentrou um território provocador, abordando política e igualdade.

A faixa-título, por exemplo, serviu como um grito de guerra pelos direitos dos oprimidos e um chamado contra os poderosos uma década antes de tal consciência de classe ser manifesta em grupos como System of a Down e Rage Against the Machine.

Ao Metal Eater em 2009, Hoffmann explicou o significado da letra, afirmando:

“Sempre tivemos interesse em política e direitos humanos, então muitas das letras naquela época, e hoje na verdade, lidavam com esses assuntos. É realmente sobre isso que ‘Balls to the Wall’ trata. [Como diz a letra:] ‘One day the tortured stand up / and revolt against the evil!’ (‘Um dia os humilhados se levantarão e se revoltarão contra o mal’).”

A autoria da letra pertence a Deaffy, que anos mais tarde revelou-se como Gaby Hoffmann, esposa de Wolf e na época empresária da banda. Em uma entrevista ao Full in Bloom Music, o guitarrista detalhou o processo de composição dessa, mas também extensivo às demais canções do disco:

“Nós apenas entregávamos a ela as músicas prontas. O processo de composição sempre foi o mesmo no Accept; sempre Stefan, Peter e eu escrevíamos todas as músicas, incluindo algumas letras preliminares. Gaby sentava-se com essas músicas e escrevia letras incríveis (…) Quando terminava, entregávamos para o Udo e ele simplesmente as interpretava. Esse foi sempre o modus operandi ao longo de todos esses anos.”

Em uma conversa com a Metal Edge, Hoffmann revelou que a música que se tornaria a marca registrada do Accept começou com o título. Foi e esse título que o inspirou a compor o riff e o refrão.

“Tudo aconteceu em minutos. Eu estava em casa e criei o básico da música e depois levei para os caras no ensaio. Tocamos em cima disso, e soou perfeito. Peter criou a estrutura do verso, mas tudo o mais já estava basicamente lá e se encaixou muito facilmente. Foi quase irreal. Às vezes, as músicas precisam ser retrabalhadas várias vezes até ficarem boas. Mas essa meio que se encaixou muito fácil. Foi lindo.”

“Estávamos congelando”

Um dos hinos mais icônicos do heavy metal recebeu um complemento à altura. Gravado em janeiro de 1984, em Londres, o clipe de “Balls to the Wall” consiste em cenas da banda executando a música no palco intercaladas com imagens de uma bola de demolição derrubando um relógio e de headbangers fazendo o que fazem melhor. “Foi filmado em um prédio antigo e caindo aos pedaços perto do Aeroporto de Heathrow”, relembrou Hoffmann à Metal Edge:

“O edifício ao fundo, que deveria ser destruído, era uma antiga fábrica [de ferramentas] da Black & Decker. Estava chovendo, quase uma chuva de granizo, durante as filmagens. Mas não havia como cancelar porque estava tudo pago, então tivemos que fazer tudo em poucas horas. Estávamos congelando. Mal conseguíamos sentir nossos dedos.”

Numa das cenas finais, Udo monta na bola de demolição em direção ao relógio e derruba as portas da frente do prédio em que ele está. Falando a respeito com o Songfacts, o vocalista confessou que estava apreensivo em relação à ideia de fazê-la devido às condições climáticas no dia da filmagem, mas cedeu no final:

Leia também:  A primeira banda de metal segundo Geddy Lee (Rush)

“Estava muito frio (…) Eu implorei: ‘Por favor, não, eu não quero fazer isso!’ Mas como eu era jovem, no fim das contas, topei: ‘Ok, aqui vamos nós’. Mas quase morri congelado.”

Dirigido por Julien Temple, também diretor do agora clássico clipe de “Breaking the Law” do Judas Priest, o vídeo de “Balls to the Wall” foi um sucesso e se tornou um clássico visual do heavy metal. Mas isso não foi o suficiente para a banda repetir a dose, como Hoffmann explica ao Full in Bloom Music:

“Eles [videoclipes] eram muito caros. Tipo, custavam em torno de 100 mil dólares naquela época. Era ridiculamente caro (…) Na época, eram filmados em rolo e havia menos empresas à disposição. Mesmo assim, ninguém sabia por que eram tão caros. Todos foram feitos em um ou dois dias (…) Alguém embolsava muito dinheiro.”

Sobre gays e motociclistas

O apelo de “Balls to the Wall” se estendeu além de sua majestosa faixa-título e seu igualmente impactante videoclipe. Desde a controversa arte da capa, considerada por alguns como homoerótica, até músicas que pareciam abordar temas homossexuais, a banda desafiou a ortodoxia do metal com uma perspectiva até então inédita.

Kaufmann esclareceu que muitas músicas do álbum abordavam minorias em geral. Por exemplo, “London Leatherboys” era sobre motociclistas — “uma gangue de Londres”, especificou Udo ao Songfacts —, enfatizando que eles são “pessoas normais”.

Já “Love Child”, reconhece o baterista, é sobre gays, mas, de forma mais ampla, é sobre pessoas que sofrem humilhações. Em uma entrevista de 1983 para a revista francesa Enfer, ele demonstrou uma postura mais aberta do que o figurino da época, defendendo a desmistificação da homossexualidade e o respeito aos homossexuais na sociedade. Ele afirmou:

“É um fenômeno que deve ser levado em consideração. Por muito tempo, as pessoas gays foram consideradas doentes ou loucas. Está na hora de respeitar essas pessoas, abrir nossas mentes, que muitas vezes estão fechadas.”

“Não tínhamos ideia do quanto mudaria nossa vida”

Lançado em 5 de dezembro de 1983, “Balls to the Wall” não apenas se tornou o primeiro álbum do Accept a figurar nas paradas norte-americanas, atingindo a posição 74 na Billboard 200, mas também em sua terra natal, onde alcançou o número 59.

Ao Full in Bloom Music, Hoffmann descreveu o trabalho como o “nosso grande passo na arena profissional”. As turnês que se seguiram levaram o Accept aos Estados Unidos e além, compartilhando palcos com Kiss e Ozzy Osbourne e consolidando sua posição entre as novas lideranças do metal mundial. Ele acrescenta, especificamente sobre a faixa-título:

“Sabíamos que ‘Balls’ era uma boa música, mas não tínhamos ideia do quanto ela mudaria nossa vida. Você sempre fica empolgado com as músicas e pensa: ‘Uau, as pessoas realmente vão gostar dessa…’ e metade das vezes elas não gostam.”

Entre as que gostaram, figuras notórias da indústria musical. Em 1999, o lendário guitarrista Dimebag Darrell, do Pantera, incluiu “Balls to the Wall” em seu top 10 de discos favoritos, elogiando seus “elementos hardcore” e o “estilo militar” adotado pelo Accept. Sabe-se também que a banda sueca de power metal Hammerfall gravou “Renegade” (2000) com o produtor Michael Wagener almejando aquele som em particular.

A influência se estendeu até o mundo da luta profissional, com a banda do wrestler Chris Jericho, Fozzy, registrando sua própria versão da icônica faixa-título. Outro que regravou-a foi o Amon Amarth, lançando-a como bonus track para o álbum “Surfur Rising” (2011). Até mesmo o Warrant, baluarte do glam metal, costumava tocá-la em seus shows no final da década de 1980.

A jornada pós-“Balls to the Wall” trouxe os também bem-sucedidos “Metal Heart” (1985) e “Russian Roulette” (1987). No entanto, a evolução melódica da banda, flagrante nesses dois álbuns, resultou na primeira separação com Udo, que seguiu em carreira solo, formando o nada inovador U.D.O.

Accept — “Balls to the Wall”

  • Lançado em 5 de dezembro de 1983 pela RCA (Alemanha) / Portrait (Estados Unidos)
  • Produzido pelo Accept

Faixas:

  1. Balls to the Wall
  2. London Leatherboys
  3. Fight It Back
  4. Head Over Heels
  5. Losing More Than You’ve Ever Had
  6. Love Child
  7. Turn Me On
  8. Losers and Winners
  9. Guardian of the Night
  10. Winter Dreams

Músicos:

  • Udo Dirkschneider (voz)
  • Wolf Hoffmann (guitarra solo)
  • Herman Frank (guitarra base)
  • Peter Baltes (baixo)
  • Stefan Kaufmann (bateria)

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Marcelo Vieira
Marcelo Vieirahttp://www.marcelovieiramusic.com.br
Marcelo Vieira é jornalista graduado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA), com especialização em Produção Editorial pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Há mais de dez anos atua no mercado editorial como editor de livros e tradutor freelancer. Escreve sobre música desde 2006, com passagens por veículos como Collector's Room, Metal Na Lata e Rock Brigade Magazine, para os quais realizou entrevistas com artistas nacionais e internacionais, cobriu shows e festivais, e resenhou centenas de álbuns, tanto clássicos como lançamentos, do rock e do metal.

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Letras assinadas pela empresária da banda apostam na defesa das minorias; videoclipe da faixa-título se tornou um clássico

Política, direitos humanos e sexo sob a perspectiva de um homem gay. Esses são alguns dos temas nada convencionais sobre os quais o vocalista Udo Dirkschneider canta no quinto álbum do Accept.

Lançado quarenta anos atrás, “Balls to the Wall” representou o auge comercial e artístico do grupo e exerceu inegável influência na embrionária cena do speed metal que dominou a segunda metade dos anos 1980, estendendo-se a bandas das décadas de 1990 e 2000.

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Conheça a história deste clássico.

Accept: dos primórdios a “Balls to the Wall”

Os primórdios do Accept remontam ao final da década de 1960, quando a banda teve início sob a alcunha de Band X na pequena cidade alemã de Solingen. A formação passou por inúmeras mudanças nos anos seguintes, até se estabilizar com Udo, os guitarristas Wolf Hoffmann e Herman Frank, o baixista Peter Baltes e o baterista Stefan Kaufmann.

Os dois primeiros álbuns, “Accept” (1979) e “I’m a Rebel” (1980) — ambos lançados pelo selo local Metronome —, tiveram pouco impacto. Foi com a turnê de abertura para o Judas Priest, subsequente ao terceiro trabalho, “Breaker” (1981), que sua primeira grande oportunidade fora do país natal foi conquistada por meio de um contrato de licenciamento com a Sony Music.

Quando lançou “Restless and Wild” (1982) — que tem em “Fast as a Shark”, “Princess of the Dawn” e na faixa-título três hinos —, o grupo já havia conquistado uma enorme legião de fãs na Europa e na América. O caminho estava pavimentado para o liricamente mais maduro e um tanto mais acessível musicalmente “Balls to the Wall” elevar a régua ainda mais alto.

Os humilhados sendo exaltados

No que diz respeito às letras, em “Balls to the Wall”, o Accept adentrou um território provocador, abordando política e igualdade.

A faixa-título, por exemplo, serviu como um grito de guerra pelos direitos dos oprimidos e um chamado contra os poderosos uma década antes de tal consciência de classe ser manifesta em grupos como System of a Down e Rage Against the Machine.

Ao Metal Eater em 2009, Hoffmann explicou o significado da letra, afirmando:

“Sempre tivemos interesse em política e direitos humanos, então muitas das letras naquela época, e hoje na verdade, lidavam com esses assuntos. É realmente sobre isso que ‘Balls to the Wall’ trata. [Como diz a letra:] ‘One day the tortured stand up / and revolt against the evil!’ (‘Um dia os humilhados se levantarão e se revoltarão contra o mal’).”

A autoria da letra pertence a Deaffy, que anos mais tarde revelou-se como Gaby Hoffmann, esposa de Wolf e na época empresária da banda. Em uma entrevista ao Full in Bloom Music, o guitarrista detalhou o processo de composição dessa, mas também extensivo às demais canções do disco:

“Nós apenas entregávamos a ela as músicas prontas. O processo de composição sempre foi o mesmo no Accept; sempre Stefan, Peter e eu escrevíamos todas as músicas, incluindo algumas letras preliminares. Gaby sentava-se com essas músicas e escrevia letras incríveis (…) Quando terminava, entregávamos para o Udo e ele simplesmente as interpretava. Esse foi sempre o modus operandi ao longo de todos esses anos.”

Em uma conversa com a Metal Edge, Hoffmann revelou que a música que se tornaria a marca registrada do Accept começou com o título. Foi e esse título que o inspirou a compor o riff e o refrão.

“Tudo aconteceu em minutos. Eu estava em casa e criei o básico da música e depois levei para os caras no ensaio. Tocamos em cima disso, e soou perfeito. Peter criou a estrutura do verso, mas tudo o mais já estava basicamente lá e se encaixou muito facilmente. Foi quase irreal. Às vezes, as músicas precisam ser retrabalhadas várias vezes até ficarem boas. Mas essa meio que se encaixou muito fácil. Foi lindo.”

“Estávamos congelando”

Um dos hinos mais icônicos do heavy metal recebeu um complemento à altura. Gravado em janeiro de 1984, em Londres, o clipe de “Balls to the Wall” consiste em cenas da banda executando a música no palco intercaladas com imagens de uma bola de demolição derrubando um relógio e de headbangers fazendo o que fazem melhor. “Foi filmado em um prédio antigo e caindo aos pedaços perto do Aeroporto de Heathrow”, relembrou Hoffmann à Metal Edge:

“O edifício ao fundo, que deveria ser destruído, era uma antiga fábrica [de ferramentas] da Black & Decker. Estava chovendo, quase uma chuva de granizo, durante as filmagens. Mas não havia como cancelar porque estava tudo pago, então tivemos que fazer tudo em poucas horas. Estávamos congelando. Mal conseguíamos sentir nossos dedos.”

Numa das cenas finais, Udo monta na bola de demolição em direção ao relógio e derruba as portas da frente do prédio em que ele está. Falando a respeito com o Songfacts, o vocalista confessou que estava apreensivo em relação à ideia de fazê-la devido às condições climáticas no dia da filmagem, mas cedeu no final:

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“Estava muito frio (…) Eu implorei: ‘Por favor, não, eu não quero fazer isso!’ Mas como eu era jovem, no fim das contas, topei: ‘Ok, aqui vamos nós’. Mas quase morri congelado.”

Dirigido por Julien Temple, também diretor do agora clássico clipe de “Breaking the Law” do Judas Priest, o vídeo de “Balls to the Wall” foi um sucesso e se tornou um clássico visual do heavy metal. Mas isso não foi o suficiente para a banda repetir a dose, como Hoffmann explica ao Full in Bloom Music:

“Eles [videoclipes] eram muito caros. Tipo, custavam em torno de 100 mil dólares naquela época. Era ridiculamente caro (…) Na época, eram filmados em rolo e havia menos empresas à disposição. Mesmo assim, ninguém sabia por que eram tão caros. Todos foram feitos em um ou dois dias (…) Alguém embolsava muito dinheiro.”

Sobre gays e motociclistas

O apelo de “Balls to the Wall” se estendeu além de sua majestosa faixa-título e seu igualmente impactante videoclipe. Desde a controversa arte da capa, considerada por alguns como homoerótica, até músicas que pareciam abordar temas homossexuais, a banda desafiou a ortodoxia do metal com uma perspectiva até então inédita.

Kaufmann esclareceu que muitas músicas do álbum abordavam minorias em geral. Por exemplo, “London Leatherboys” era sobre motociclistas — “uma gangue de Londres”, especificou Udo ao Songfacts —, enfatizando que eles são “pessoas normais”.

Já “Love Child”, reconhece o baterista, é sobre gays, mas, de forma mais ampla, é sobre pessoas que sofrem humilhações. Em uma entrevista de 1983 para a revista francesa Enfer, ele demonstrou uma postura mais aberta do que o figurino da época, defendendo a desmistificação da homossexualidade e o respeito aos homossexuais na sociedade. Ele afirmou:

“É um fenômeno que deve ser levado em consideração. Por muito tempo, as pessoas gays foram consideradas doentes ou loucas. Está na hora de respeitar essas pessoas, abrir nossas mentes, que muitas vezes estão fechadas.”

“Não tínhamos ideia do quanto mudaria nossa vida”

Lançado em 5 de dezembro de 1983, “Balls to the Wall” não apenas se tornou o primeiro álbum do Accept a figurar nas paradas norte-americanas, atingindo a posição 74 na Billboard 200, mas também em sua terra natal, onde alcançou o número 59.

Ao Full in Bloom Music, Hoffmann descreveu o trabalho como o “nosso grande passo na arena profissional”. As turnês que se seguiram levaram o Accept aos Estados Unidos e além, compartilhando palcos com Kiss e Ozzy Osbourne e consolidando sua posição entre as novas lideranças do metal mundial. Ele acrescenta, especificamente sobre a faixa-título:

“Sabíamos que ‘Balls’ era uma boa música, mas não tínhamos ideia do quanto ela mudaria nossa vida. Você sempre fica empolgado com as músicas e pensa: ‘Uau, as pessoas realmente vão gostar dessa…’ e metade das vezes elas não gostam.”

Entre as que gostaram, figuras notórias da indústria musical. Em 1999, o lendário guitarrista Dimebag Darrell, do Pantera, incluiu “Balls to the Wall” em seu top 10 de discos favoritos, elogiando seus “elementos hardcore” e o “estilo militar” adotado pelo Accept. Sabe-se também que a banda sueca de power metal Hammerfall gravou “Renegade” (2000) com o produtor Michael Wagener almejando aquele som em particular.

A influência se estendeu até o mundo da luta profissional, com a banda do wrestler Chris Jericho, Fozzy, registrando sua própria versão da icônica faixa-título. Outro que regravou-a foi o Amon Amarth, lançando-a como bonus track para o álbum “Surfur Rising” (2011). Até mesmo o Warrant, baluarte do glam metal, costumava tocá-la em seus shows no final da década de 1980.

A jornada pós-“Balls to the Wall” trouxe os também bem-sucedidos “Metal Heart” (1985) e “Russian Roulette” (1987). No entanto, a evolução melódica da banda, flagrante nesses dois álbuns, resultou na primeira separação com Udo, que seguiu em carreira solo, formando o nada inovador U.D.O.

Accept — “Balls to the Wall”

  • Lançado em 5 de dezembro de 1983 pela RCA (Alemanha) / Portrait (Estados Unidos)
  • Produzido pelo Accept

Faixas:

  1. Balls to the Wall
  2. London Leatherboys
  3. Fight It Back
  4. Head Over Heels
  5. Losing More Than You’ve Ever Had
  6. Love Child
  7. Turn Me On
  8. Losers and Winners
  9. Guardian of the Night
  10. Winter Dreams

Músicos:

  • Udo Dirkschneider (voz)
  • Wolf Hoffmann (guitarra solo)
  • Herman Frank (guitarra base)
  • Peter Baltes (baixo)
  • Stefan Kaufmann (bateria)

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InícioCuriosidadesComo “Balls to the Wall” expôs o Accept ao mundo com mensagens...
Marcelo Vieira
Marcelo Vieirahttp://www.marcelovieiramusic.com.br
Marcelo Vieira é jornalista graduado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA), com especialização em Produção Editorial pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Há mais de dez anos atua no mercado editorial como editor de livros e tradutor freelancer. Escreve sobre música desde 2006, com passagens por veículos como Collector's Room, Metal Na Lata e Rock Brigade Magazine, para os quais realizou entrevistas com artistas nacionais e internacionais, cobriu shows e festivais, e resenhou centenas de álbuns, tanto clássicos como lançamentos, do rock e do metal.

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