Rock brasileiro dos anos 80 tinha “certo bundamolismo”, diz Rafael Bittencourt

Músico abordou a falta de ênfase nas guitarras das bandas nacionais desse período histórico

Durante participação no Pompscast (transcrita pelo Whiplash), Rafael Bittencourt fez um comentário sobre a falta de guitarras mais enfáticas na sonoridade das bandas que fizeram sucesso no rock nacional dos anos 1980. Para o músico do Angra, a preocupação em não assustar o ouvinte comum tirou a pegada.

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Ele declarou:

“O rock no Brasil, vamos ser sinceros, aquele dos anos 1980, como Legião Urbana e Barão Vermelho, tinham um certo bundabolismo. Não me entendam errado! Não podia muita guitarra, não podia assustar as freiras. De certa forma, o mercado do rock no Brasil era muito conservador. Pintaram bandas como Korzus e o próprio Sepultura que ignoraram isso e meteram guitarra, berrando. Era um contraponto.”

O instrumentista até mesmo traçou um paralelo com sua carreira, visando desmistificar algumas ideias pré-concebidas.

“No meu caso, queria fazer música com guitarra! Tinha uma série de coisas. Existe uma linha para você se posicionar mercadologicamente que você não pode fazer concessão. Por exemplo, se falarem para eu tirar a guitarra, me desculpa, tira outra coisa. Nos anos 1980, muitas bandas não tinham solo! Me perguntaram uma vez se a guitarra morreu. Você perguntou para a pessoa errada. O que mais tem na minha banda, o Angra, é guitarra.”

Crítica similar por Andreas Kisser

A declaração se assemelha a uma dada por Andreas Kisser ao próprio Rafael anteriormente. Durante participação no podcast Amplifica, o guitarrista do Sepultura seguiu a mesma linha de pensamento ao falar sobre o período em questão.

“Essa é uma das grandes críticas que tenho ao rock nacional. Você vê bandas como Titãs, Paralamas, Barão Vermelho, Ultraje a Rigor… O Ultraje tinha uma pegada até um pouco mais metal mesmo na guitarra. O Barão Vermelho é até um pouquinho menos tímido, mas o resto era muito… O Bellotto (Tony, do Titãs) me falou que teve que ir pro estúdio regravar guitarra pra tocar na rádio. É brutal isso.”

Angra e “Cycles of Pain”

O Angra lança seu novo álbum, “Cycles of Pain”, no próximo dia 3 de novembro. Décimo disco de estúdio da banda brasileira, é o primeiro de inéditas a repetir uma formação desde “Aurora Consurgens” (2006).

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O grupo conta hoje com Fabio Lione (voz), Rafael Bittencourt (guitarra), Marcelo Barbosa (guitarra), Felipe Andreoli (baixo) e Bruno Valverde (bateria), a mesma configuração responsável pelo antecessor, “Ømni” (2018).

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

33 COMENTÁRIOS

  1. Fiquei curioso pra saber onde os guitarristas ‘economizaram’ na pegada por questões de mercado. E como seria sem esse controle, tipo o caso do Bellotto. O Scandurra, por exemplo, será q usou palheta de EVA? Pena q o Taffo foi transferido tão cedo e não pode nos contar sobre isso.

  2. Rock não é metal! Hahaha

    Toca o que dá grana, não gosta, não escuta!

    Falando sério, ele está certo que o pessoal se posicionou para não assustar, no fundo era só uma trabalho para garantir o $$ sem muito esforço

  3. Seria legal então se essas bandas de hoje tivessem a capacidade de fazer letras e arranjos como os das bandas dos anos 80, que mararam essa geração e ainda incluir essa ” pegada” na guitarra.
    Acredito que o principal motivo de ter feito essas bandas alcançarem o topo no rock Nacional e marcado a geração 80 foi o conteúdo, principalmente das letras e o estilo de cada uma. Acho que o fã de Legião, eu me incluo, curte a música “Que país é este ” por exemplo, justamente por causa da ferocidade da letra, mesmo caso de várias canções dos Titãs, Ultraje, Engenheiros, Ira, Plebe Rude.

    • Letras alienativas…. reclamar como esse cantor qualquer um reclama, todos reclamam todos os dias. Mas vê se alguma letra de Renato russo ou qualquer outro dessas bandas midiáticas e alienativas, da grobo e outros meios convencionais do 3°mundo, vê se encontra alguma sugestão de solução. Não tem, não existe, são só letras slienativas e os mesmos papinhos alienativos de sempre. Tu, por exemplo, que idolatra esses falsos artistas; ensina pra nós o que tu aprendeu com eles; o que pode ser a solução de “que país é esse???”

  4. Acho que o rock brasileiro dos anos 80 tava preocupado com outras coisas, que na verdade o faziam bem mais valentes e meiões que os atuais, fazer o estilo de música diante de um cenário nada passível, algo misto com preconceito e ditadura… é muito corajoso

  5. Que papinho de seita. Acham que solos de guitarra ou guitarra alta e distorção são regras. O que eles não levam em conta é que solos de guitarra, virtuosismo e barulho não passam de coisas chatas para a maioria esmagadora das pessoas e dos artistas também. Não existe regra para o rock ser bom. Bom é o que cada um gosta, enquanto gosta. Só isso. Sepultura é Angra são música chata, ruim, música a serviço do músico. Não gosto. E não tem autoridade em estética. Nada ou ninguém irá me fazer gostar. Nada pior pra mim que música de músico. Solos de guitarra pra demonstrar técnica instrumentista não significam nada. Esse papinho de igreja de gente burra que se acha inteligente e que se leva a sério só faz sentido pra seita e pro público dessa seita.

  6. O mundo estava empapuçado de longos solos de guitarra. Era uma tendência mundial na época que começou antes com o movimento punk e que permaneceu em alguns segmentos do rock até hoje. Kd os solos do ramones, do The cure, do Green Day, do blink 182, do cold play? O metal tb suprimiu vários elementos do rock clássico pra se enquadrar em um estilo próprio e por mais que seja para um mercado mais restrito, tb tem sua razão mercadologica de ser.

  7. Anos 80 eram outros tempos meu querido, principalmente de Ditadura!

    Vc falar que eram bunda mole é muito pesado, só porque não tinham solos de guitarra???

    Veja as letras dessas bandas, e vc vai ver que bunda mole eles não eram!

    Aliás, quem é Angra perto de todas essas bandas que ele citou no cenário do Rock nacional???

  8. Tinha o que se podia ter ! Somos quem podemos ser! As vezes eu mordo de ciúmes e queria ter uma bomba, um frite paralisante qualquer, más ao ver esse ícone dizer isso tenho certeza isso é só fim , sim crianças isso é só fim, hoje vejo bichos escrotos fazendo música, que país é esse? Brasil ! Palavras são erros as vezes erro também como o entrevistado.

  9. Tô rindo dos comentários kkkkkk Se vocês soubessem da importância do Rafa para o cenário do Metal nacional vocês parariam de falar dele como se ele tivesse abaixo de Cazuza, Renato Russo, etc…
    Ele é genial em tudo o que se propõe a fazer, acho que quem entende um pouco de música ouve o álbum Tample Of Shadows e nota a genialidade do cara.
    E vcs? Qual o talento de vcs?

  10. Concordo plenamente as bandas comerciais seguiam as regras e quem não as seguiu ficaram as margens da mídia da época com excessão a rádio fluminense FM que a tudo isso deu início sendo a MALDITA E UNICA ROCK DE VERDADE e que tbm sofreu por não entrar no esquema. Ouçam curtam sangue da cidade, Celso blues Boy, Zé da gaita, barão inicial luz da visão (RJ) e outras para saber, ver conhecer o verdadeiro espírito do rock brasil anos 80 fora sp, mg etc

  11. Retrucar o comentário de um INSTRUMENTISTA é preciso ter grande conhecimento como tal.Talvez sintamos raiva por ser de uma época em que nos apaixonamos por tantas bandas citadas,porém é necessário respeitar a opinião DAQUELE que tem um público seleto pelo segmento escolhido. LEGIO URBANA OMINIA VINCIT à única que não se vendeu ao sistema.

  12. Com todo o respeito ao Rafael, mas ele comete vários equívocos na crítica, por incrível que pareça, já que é do ramo. Há várias entrevistas do Renato Russo, do Dinho Ouro Preto, entre outras figuras da época, explicando que produtores e gravadoras nos anos 80 não entendiam e não sabiam trabalhar com rock. Por esse motivo, determinadas gravações saíam um tanto “pasteurizadas”. O Dinho deu entrevista dizendo que os primeiros álbuns do Legião Urbana sofreram com isso, pois as guitarras aparecem menos do que as músicas de fato tinham em sua concepção.
    O Rafael diz que o Sepultura e o Korzus chegaram com guitarras etc, mas não mencionou que essas bandas se direcionaram para um mercado internacional, de língua inglesa, e não para as “freiras” daqui do Brasil. Ele meio que se gaba ao falar das guitarras do Angra, mas a banda é de uma geração posterior, que já pegou “de mão beijada” um mercado fonográfico muito mais desenvolvido em relação ao da geração anterior. Assim, caberia a pergunta contrária: não seria um tanto “bundamolismo” direcionar o seu trabalho para um público internacional “pronto”, ao invés de tentar “desbravar” um cenário nacional onde “era tudo mato”?
    Outro ponto é que muitas bandas dos anos 80 vieram de um cenário punk e post-punk. Quem vinha desse cenário estava pouco se lixando para solos de guitarra e virtuosismo exibicionista. Os fundamentos musicais são outros. Toda a estética punk e post-punk funcionava de acordo com outros pressupostos, inclusive fortemente políticos. Por isso, há uma bela falta de interpretação do contexto ou má vontade em desconsiderar isso tudo e desvalorizar esse cenário “porque não havia solos”. É uma crítica bem simplória, na verdade. Com todo o respeito ao metal no geral e às bandas que ele citou (Sepultura, Korzus, Angra etc.), mas o rock não se resume ao metal e o Rafael erra ao fazer essa mistura, embora talvez não tenha tido essa intenção.

  13. Entendo a opinião do Rafael,… Sempre gostei de Metal, guitarra e rock internacional… Sempre gostei de Paralamas, mas nos anos 90 não ouvia ou gostava de rock pop nacional… Mas depois que toquei em uma banda de rock pop, escutei e aprendi a tocar este tipo de música percebi riffs bases e solos que considero legais, bem construídos.

    É óbvio que não podemos comparar o desenvolvimento da guitarra rock do EUA e Reino Unido com a do rock nacional,… Ainda mais quando no início dos anos 80 tinhamos o Van Halen, Rhoads, Malmestean, Lukather no estúdio, entre outros caras, a 1000 anos de distância de qualquer um…

    Mas em minha humilde opinião, guardadas as devidas proporção, a geração pop/rock anos 80 e início dos anos 90, proporcionou bons solos de guitarra sim, e ao menos guitarras bem interessantes, bem aplicadas no contexto da canção a exemplo de : Alagados, lanterna dos afogados, selvagem, caleidoscópio, vital e sua moto, romance ideal do Paralamas do Sucesso; Bete Balanço, Pro dia nascer feliz, Pense e Dance, Barão Vermelho; Engenheiros do Hawaii, com Augusto Licks e sua guitarra clean sensacional ;lembrando que o pessoal gosta muito das concepções de guitarra do Edgar Scandurra. O Lulu Santos além de boas bases e harmonias bem pessoais tinha ótimos solos também, e também desenvolveu um trabalho de slide: toda forma de amor; último romântico; só faço com você; a cura; Até o “popizinho” tinha uns solos legais: uma noite e meia da Marina; amanhã é 23 (música com “q” de progressivo, solo viajante no final,…) , fixação, lágrimas e chuva, eu tive um sonho (riff melódico de guitarra que é o “gancho”da música, e solo de guitarra com “tempero high-tech”, do Kid Abelha; muitas músicas do Roupa Nova, mas muitas mesmo. No contexto do RPM de fato o teclado mandava mas, tínhamos coisas como “loiras geladas” e no inicio dos anos 90 numa fase mais pesada “Perola”… Tínhamos um cara high-tech o Mestre Wander Taffo, que também já estava por aí desde a década de 70, mas que não me lembro de solos nas radiofônicas do Radio Taxi, mas de grandes solos e timbres na “Banda Taffo”, que não foi um trabalho bem divulgado pela gravadora lá no final do anos 80 início dos 90 – Rosa Branca; Robertinho do Recife com o Yahoo também, com alguns solos e belos timbres,…

  14. Talvez ele tenha razão quanto ao estilo. E há um certo bundamolismo em se fazer atualmente um rock/metal que só copia o estilo de outras bandas internacionais. Não me entendam errado! É que letras diferentes e antissistema não podem assustar as freiras conservadoras do metal atual. Vaiaram até o Roger Waters.

  15. As bandas brasileiras dos anos 80 tinham letras e músicas de primeira, e não deixavam nada a dever para as europeias, cada uma com a sua essência. O cara foi bem infeliz no comentário, pois o rock é o estilo mais variado que existe, mas riffs mais agressivos de guitarra cabem legal no heavy metal e suas variações, em outros estilos não. Isso não tem nada haver com não querer assustar. Houve sim um “bundamolismo” no comentário dele!

  16. Pois é, grandes bandas de heavy metal e suas variações deixaram sua marca na história do rock, mas cada qual no seu lugar. Não dá pra comparar, musicalmente, Metallica X Rolling Stones, Chuck Berry X Bauhaus, etc… Gosto de todos eles e são as diferenças que me fazem curtir.

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