Sinistra inicia turnê nacional com show de peso em São Paulo; veja como foi

Supergrupo de Nando Fernandes, Edu Ardanuy, Luis Mariutti e Rafael Rosa foi antecedido por Carro Bomba e Clash Bulldogs em apresentação no Carioca Club

Em uma noite quente e chuvosa, a Sinistra realizou no Carioca Club, em São Paulo, no último domingo (29), o show de lançamento da turnê nacional que promoverá seu primeiro álbum, homônimo. O grupo é formado por veteranos da cena metálica brasileira: Nando Fernandes (ex-Hangar e Cavalo Vapor) no vocal, Edu Ardanuy (ex-Dr. Sin) na guitarra, Luis Mariutti (ex-Shaman, Angra e Andre Matos) no baixo e Rafael Rosa (ex-Andre Matos, Dirty Dogz) na bateria. Carro Bomba e Clash Bulldogs ficaram a cargo da abertura.

Cerca de 60% do local foi ocupado pelos fãs, que viram boas apresentações de heavy metal ao longo da noite. Contou positivamente a qualidade de som do Carioca na ocasião, além da rápida troca de palco que fez o evento ser bastante dinâmico.

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*Fotos de Andre Santos / @andresantos_mnp

Clash Bulldogs: garra compensa falta de traquejo no palco

Com um atraso de cerca de 30 minutos, Marcelo Braune (voz e guitarra), Alex Saippa (guitarra), Bruno Eller (baixo) e Maurício Tarrago (bateria) iniciaram a apresentação do Clash Bulldogs. Ainda no início de sua trajetória, a banda tem sonoridade voltada ao hard n’ heavy. Além do forte instrumental, a performance de Braune chama atenção pelo timbre similar ao de Mike Patton (Faith No More).

Contudo, é nítido que devido ao pouco tempo de existência do projeto, há uma falta de traquejo dos integrantes em cima do palco e um caminho longo a seguir no que diz respeito ao desenvolvimento da identidade sonora. Mesmo que partes de algumas músicas tenham boas ideias para funcionar ao vivo – “Prophets of Time”, “Tears of Blood” e “Take the Liars Down” são os melhores exemplos –, os integrantes não conseguiram mobilizar tanto o público como seus sucessores na noite.

Os momentos de maior animação se deram durante e após a execução de uma versão pesada de “TNT”, clássico do AC/DC. O hit foi seguido por “Evil Within”, que manteve o nível de empolgação, e “Anger Grows”, com groove sedutor. O medley de encerramento “Polícia” (Titãs) / “Territory” (Sepultura) fechou o set de forma satisfatória. Há potencial para evolução.

Repertório:

  1. Prophets of Time
  2. Tears of Blood
  3. Take The Liars Down
  4. Sharp Teeth
  5. TNT (AC/DC Cover)
  6. Evil Within
  7. Anger Grows
  8. Polícia/Territory (Titãs/Sepultura cover)
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Carro Bomba: potência e forte coletividade

Mal levou 15 minutos até o fim do show do Clash Bulldogs para que o Carro Bomba subisse ao palco. Rogério Fernandes (voz), Marcelo Schevano (guitarra), Ricardo Schevano (baixo) e Biel Astolfi (bateria) começaram com “Migalhas”, faixa-título do novo álbum lançado em 2022, transbordando energia e vigor. Faixas do disco “Carcaça” (“Queimando a Largada” e “Bala Perdida”) mantiveram a intensidade e fizeram o público ficar na mão do quarteto.

“Delírios” trouxe performance de destaque por parte de Rogério Fernandes e Biel Astolfi, enquanto a sequência “Sangue de Barata”, “Intravenosa” e “O Que a Noite Pode te Trazer?” envolveu e preservou a empolgação dos presentes. “Punhos de Aço” e “Thrash and Roll” encerraram o curto set deixando claro que o grupo é um dos melhores do cenário do heavy metal nacional, especialmente porque funciona de forma coletiva e entrosada.

Repertório:

  1. Migalhas
  2. Queimando a Largada
  3. Bala Perdida
  4. Delírios
  5. Sangue de Barata
  6. Intravenosa
  7. O Que a Noite Pode te Trazer?
  8. Punhos de Aço
  9. Thrash and Roll

Sinistra: show brilhante, apesar do setlist inconsistente

Pontualmente às 20h30 a Sinistra entrou no palco e a escolha de “Mente Vazia” para abrir o set não só reforçou a proposta anunciada nas redes de tocar o álbum de estreia na íntegra – já que a faixa também inicia o disco – como, também, mostrou por que Nando Fernandes (voz), Edu Ardanuy (guitarra), Luís Mariutti (baixo) e Rafael Rosa (bateria) formam o que muitos consideram o dream team atual do heavy metal brasileiro. Não há como contestar que cada integrante é um mestre de seu próprio instrumento – e a primeira canção, com performance precisa de Fernandes e ótimo solo de Ardanuy, deixa isso claro.

“Viver” e “Santa Inquisição”, na sequência, chegaram a ser cantadas por parte do público presente. A segunda citada, inclusive, trouxe mais uma interpretação brilhante de Nando. “Quem é Você”, por sua vez, evidencia a forte inspiração no Black Sabbath. Aqui, Rafael Rosa e Luis Mariutti roubam a cena ao unirem o peso sem perder o groove – nada de “cintura dura” por aqui. Um momento solo de Edu Ardanuy colocou holofotes não apenas à sua técnica absurda como à musicalidade, já que ele abdicou de fritar para oferecer um número bastante inspirado em seu grande ídolo, o recentemente falecido Jeff Beck.

Se “Quem é Você” havia sinalizado a influência do Sabbath, o cover de “Children of the Sea” a escancarou. O clássico da era Ronnie James Dio foi bem colocada neste momento do repertório, já que solos costumam comprometer o fluxo do show. Infelizmente, o ritmo do set ficou irregular a partir de “Insônia”, que funciona no disco, mas ao vivo deixou o público disperso com seu andamento mais lento.

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“Umbral”, mais acelerada, retomou a pegada esperada e um pequeno solo de Luis Mariutti trouxe uma bela demonstração de tapping no instrumento. “Nada é Mais Igual” empolgou com seu ótimo refrão, contudo, houve nova oscilação com “Livre Pra Seguir” – um bom hard rock na gravação, mas que não se provou no show. Por sorte, “O Amanhã” recolocou tudo nos eixos com uma performance matadora e versos cantados a plenos pulmões pelos fãs.

Um solo do baterista Rafael Rosa, que demonstrou habilidade ímpar, mas não empolgou tanto quanto seus companheiros, encerrou a segunda parte do setlist. Os músicos foram apresentados por Nando Fernandes e “Rock and Roll na Veia”, um hard rock que funcionou bem na ocasião, surgiu com alto astral. O encerramento ocorreu da melhor forma possível com “You Shook Me All Night Long”, do AC/DC, que trouxe participações de Rogério Fernandes e Marcelo Schevano (Carro Bomba) e Marcelo Braune (Clash Bulldogs).

Há espaço para melhorias no repertório, visto que só há um álbum lançado pela Sinistra. Fora isso, o quarteto demonstrou talento e competência incontestáveis. Já é uma das grandes bandas de heavy metal do Brasil – e conseguiu provar, mais uma vez, que o estilo musical pode ser feito com letras em português sem abdicar da qualidade.

*Fotos de Andre Santos / @andresantos_mnp

Repertório:

  1. Mente Vazia
  2. Viver
  3. Santa Inquisição
  4. Quem é Você
  5. Solo de guitarra de Edu Ardanuy
  6. Children of The Sea (Black Sabbath cover)
  7. Insônia
  8. Umbral
  9. Solo de baixo de Luis Mariutti
  10. Nada é Mais Igual
  11. Livre Pra Seguir
  12. O Amanhã
  13. Solo de bateria de Rafael Rosa
  14. Rock and Roll na Veia
  15. You Shook Me All Night Long (AC/DC cover)

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Caio Maranho Maia
Caio Maranho Maia
Caio Maranho Maia é formado em Publicidade e Propaganda e Gestão de Tecnologia da Informação pela Universidade de São Caetano do Sul (USCS). Foi colaborador do site Ilha do Metal, House of Bootleg, além de ter sido colaborador do canal Ibagenscast no YouTube. Amante de todo o tipo de música, desde que tenha qualidade.

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