GPWeek abraça a diversidade musical em sua segunda edição

Festival ligado ao Grande Prêmio São Paulo de Fórmula 1 trouxe atrações como Kendrick Lamar, Halsey e Machine Gun Kelly

No último fim de semana (4 e 5 de novembro), o Allianz Parque voltou a unir música e automobilismo com a segunda edição do GPWeek. O festival celebrou o Grande Prêmio São Paulo de Fórmula 1, mais importante prêmio do esporte sobre rodas.

Nas duas noites o público teve a oportunidade de vivenciar experiências diversas repletas de ritmos e estilos. O primeiro teve orientação mais próxima ao pop punk/emo, apesar do eletrônico Swedish House Mafia ter fechado a noite. Já o segundo colocou R&B, rap e trap nos holofotes, ainda que com espaço para o pop e, novamente, à EDM.

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Foto: Gabriel Ramos

O lineup menos óbvio não convenceu a ponto de acelerar as vendas. Havia muitos espaços vazios nas pistas e cadeiras no primeiro dia, mesmo com ações como meia entrada para todos — anunciada semanas antes do evento, o que provocou a ira de quem já havia adquirido inteira — e distribuição de ingressos em parceria com outras empresas. A segunda data teve mais público.

Por outro lado, o festival ocorreu sem problemas de som ou estrutura — esta, bem caprichada no que diz respeito ao visual, com direito a dois enormes telões laterais.

Foto: Gabriel Ramos

Primeiro dia

Hodari inicia os trabalhos

Os trabalhos foram iniciados por Hodari — curiosamente, Iradoh ao contrário. Artista em ascensão no pop brasileiro, o brasiliense passou por grandes festivais nos últimos meses, como The Town e Doce Maravilha. Chegou com “casca” ao palco do GPWeek e não decepcionou ao oferecer uma apresentação heterogênea — foi do trap ao rock alternativo e mostrou versatilidade nas vocalizações —, ainda que para um público bastante diminuto.

JDXN não, Jaden Hossler

Jaden Hossler (outrora conhecido como JXDN) entrou na sequência com camisa da seleção brasileira, várias juras de amor ao país e um som mais influenciado pelo pop punk — por vezes, mais pop do que punk. O jovem artista faz parte da gravadora DTA Records, comandada por Travis Barker (Blink-182), e se posicionou como um dos nomes de destaque do atual revival do emo.

Em termos de repertório, não foi uma apresentação tão diferente de sua estreia no Brasil, na edição 2022 do Lollapalooza. Desde então, ele lançou apenas uma série de singles — sendo que dois deles, “Friends with Benefits” e “Chrome Hearted”, foram contemplados no setlist. O grosso do set ainda é oriundo de “Tell Me About Tomorrow”, seu único álbum full-length — dali, foram extraídas sete canções, incluindo seu maior sucesso “Angels & Demons”.

Machine Gun Kelly, gênio ou louco?

Dono de uma personalidade que transita facilmente entre bom humor e arrogância, Machine Gun Kelly virou notícia no Brasil por uma série de questões nada relacionadas à música. Exemplos? A presença da atriz Megan Fox, sua namorada, na apresentação; e a bizarra entrevista para o ex-piloto inglês e repórter da Sky Sports, Martin Brundle, já durante o Grande Prêmio de São Paulo de Fórmula 1.

Foto: Gabriel Ramos

Talvez ele próprio subestime seu talento — ou, mais esperto do que todos, saiba que é preciso mais do que habilidade musical para manter seu sucesso. Fato é que MGK fez um bom show dentro de sua proposta, que trafega pelo mesmo pop punk de JXDN. Também sofreu com o público reduzido, mas não deixou a peteca cair.

Foto: Gabriel Ramos

Cabe destacar que boa parte do repertório dialoga com essa fase pop punk, a segunda de sua carreira (ele se consagrou no hip hop antes de migrar para o rock). Porém, Colson Baker (nome real de MGK) tem se reaproximado do rap, como foi possível ver logo nos primeiros números da apresentação: ele entrou sem sua banda de apoio, que tem como destaque a habilidosa guitarrista Sophie Lloyd, e só depois a trouxe para o palco.

Foto: Gabriel Ramos

Mas talvez a maior demonstração de quem é Machine Gun Kelly veio do único número improvisado no set: a inesperada execução em português de “Danza Kuduro”, original de Don Omar e popularizada no Brasil pelo Latino. Pelo menos divertiu quem comprou a ideia — não foram tantos, já que ele chegou a cutucar a falta de empolgação dos presentes durante o cover ao questionar: “estou no Brasil ou nos Estados Unidos?”.

Foto: Gabriel Ramos

Halsey s2 Brasil

Responsável por um dos shows mais elogiados do festival como um todo, Halsey é, como Machine Gun Kelly, uma artista de outro gênero (neste caso, o pop) que aos poucos se enveredou para o rock. Ainda que com alguma influência pop punk, a cantora adota um estilo mais dramático, com mais camadas — muitas delas percebidas nesta apresentação, a primeira dela no Brasil desde 2019, quando aproveitou uma passagem para prestigiar o MTV Miaw e anunciou uma performance intimista no Cine Joia cujos ingressos se esgotaram em menos de 10 minutos.

Bastante comunicativa, Halsey até mesmo se arriscou a falar “obrigado” em português enquanto oferecia uma performance visualmente impactante. Em seus diálogos, afirmou que demorou a voltar porque a pandemia chegou e, logo depois, ela teve filho; além de ter admitido que se apresentar no Brasil é uma grande pressão, já que o público se importa muito com o espetáculo.

Apesar da ausência do hit “Colors”, o setlist pareceu conciliar bem o momento atual da artista — ao incluir cinco músicas do álbum mais recente, “If I Can’t Have Love, I Want Power”, produzido pela dupla do Nine Inch Nails — e outros hits do passado — embora tenha transformado “Closer”, parceria com o The Chainsmokers, numa canção mais rock.

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*A artista não autorizou o fotógrafo do site a registrar a apresentação.

Swedish House Mafia e fecha a conta

Como tantos outros artistas de música eletrônica, o Swedish House Mafia caprichou no — e até dependeu do — visual de impacto. Não à toa, boa parte do público filmou bastante a apresentação.

Foto: Gabriel Ramos

Parte do público até deixou o Allianz Parque após a apresentação de Halsey. O grupo sueco de house music era uma espécie de peixe fora d’água no lineup como um todo. Quem permaneceu, gostou e até interagiu com o formato mais despretensioso de “pista de dança”. Ainda é uma sensação estranha, já que a plateia fica mais distante, mas não deixa de agradar.

Foto: Gabriel Ramos

Segundo dia

*Por Madson Pomponet

Tasha e Tracie, crias da casa

A dupla Tasha e Tracie, do Jardim Peri, periferia da Zona Norte de SP, deu início à festa no segundo dia. Ainda com público modesto, as irmãs de destaque do trap brasileiro agitaram os presentes no estádio. O público abraçou a apresentação ao cantar o som autêntico e às mensagens de empoderamento trazidas ao palco.

Elas começaram o show com sucessos do trabalho mais recente delas, o EP “Yin Yang”, produzido em parceria com os rappers Gregory e Kyan, e que rendeu a indicação para o BET Hip Hop Awards 2023. Seguiram com canções do álbum de 2021, “Diretoria”, e embalaram com “SUV” e o single “TANG”, ponto alto da apresentação.

Iza, empoderamento e potência

Iza, uma das vozes mais poderosas da música brasileira, tomou o centro das atenções em seguida. Sua performance eletrizante e presença de palco magnética fizeram com que a multidão dançasse e cantasse ao som de hits como “Pesadão” e “Dona de Mim”.

Foto: Gabriel Ramos

Iza mostrou mais uma vez por que é uma das artistas mais respeitadas e admiradas do Brasil, proporcionando um espetáculo impecável. Obteve resposta positiva do público até mesmo em “Fé nas Maluca” e “Que se vá”, canções do seu mais recente álbum, “Afrodhit”. Com esse show ela carimbou o passaporte para se apresentar no Grammy Latino 2023 — que acontece em Sevilha, na Espanha, no próximo dia 16.

Foto: Gabriel Ramos
Foto: Gabriel Ramos

“Com Deus me deito, com Deus me levanto…”

Fazendo coro, o público celebrou a subida no palco do duo Sofi Tukker. Conhecida por sua fusão de música eletrônica e elementos tropicais, a dupla de Nova York elevou a energia da tarde ensolarada a um patamar ainda mais alto. Sophie Hawley-Weld e Tucker Halpern, que já moraram no Brasil, trouxeram muitos elementos e até refrães da música nacional — inclusive, já até fizeram um feat com a cantora Pabllo Vittar. 

Foto: Gabriel Ramos
Foto: Gabriel Ramos

A plateia não conseguiu resistir à combinação de batidas envolventes, melodias cativantes e letras empolgantes. O público se entregou à pista de dança, criando uma atmosfera de festa, quase parecendo uma rave. Um dos destaques foi “Drinkee”, quando vários presentes dançaram e cantaram o refrão em português.

Foto: Gabriel Ramos
Foto: Gabriel Ramos

Thundercat e seu acid jazz

Thundercat é notório por suas habilidades excepcionais no baixo e por sua contribuição para a cena musical contemporânea. Sua música é uma fusão de gêneros que inclui R&B, jazz, funk e eletrônica, o que o torna uma figura singular e influente na indústria musical.

A performance no GPWeek 2023 foi marcada justamente pelo talento de Stephen Lee Bruner (nome real de Thundercat) no instrumento. Não à toa, boa parte da apresentação foi instrumental. Até impressionou que tenha sido possível segurar o público com uma hora de acid e chill jazz. As interações ajudaram, com direito ao músico perguntar quem era fã dos animes “Naruto” e “One Piece”.

*O artista não autorizou o fotógrafo do site a registrar a apresentação.

“Olê, Olê, Olá, Lamar…”

Finalmente, o mais esperado momento da noite chegou com Kendrick Lamar, um dos maiores nomes do rap mundial. Com sua habilidade lírica inigualável e um carisma magnético, o artista americano não decepcionou. Entrou no palco todo de verde, acompanhado de um balé modesto e aos gritos do público por seu nome.

Um dos principais nomes do cenário do rap contemporâneo, Lamar iniciou seu repertório com “N95”, canção de “Mr. Morale and the Big Steppers”, seu trabalho mais recente e também considerado um dos mais maduros da carreira do rapper, considerado o mais influente dessa geração.

O show seguiu com uma mescla de novos hits e sucessos antigos como “HUMBLE.” e “DNA.”, que ecoaram pela arena, fazendo com que os fãs se entregassem ao fluxo de palavras afiadas, política e batidas pulsantes. Foi um encerramento épico, quando ele saiu, foi aclamado e retornou para cantar junto com o público “Alright”, consolidando a noite como um dos eventos do rap mais memoráveis do ano.

*O artista não autorizou o fotógrafo do site a registrar a apresentação.

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