Por que Eric Clapton se apaixonou pelo som de Robert Johnson?

Admiração rendeu até mesmo um disco de versões que fez mais sucesso que qualquer material do falecido músico

Em 2004, Eric Clapton lançou o álbum tributo “Me And Mr. Johnson”. O trabalho contava com versões para músicas escritas e originalmente gravadas por Robert Johnson. Chegou ao Top 10 nas paradas de 15 países. Números que o próprio homenageado sequer sonhou em alcançar.

Mas o que desperta tanta admiração pela obra de alguém que pouco se tem referências concretas? Em entrevista da época ao Music Radar, Clapton respondeu como explicaria a grandeza da obra do icônico músico.

“Conheço muito poucas pessoas que parecem estar cantando com o coração, sabem quem são ou o que sentem. A maioria está apenas imitando outras pessoas ou desenvolvendo algo para o palco. A música, em sua maior parte, sempre foi muito artificial. Mesmo as pessoas que eu amava, como [o pianista de blues] Leroy Carr ou [o bluesman Delta] Son House, ainda soavam como artistas para mim.

Robert era outra coisa – parecia que estava nu. Não sei se isso é verdade ou não, mas foi relatado por Don Law, o homem que o gravou, que antes de uma de suas sessões havia alguns músicos mexicanos na sala. Ele não conseguia tocar na frente de outras pessoas – tinha que virar para o canto da sala. E eu pensei que isso faz sentido. Como ele poderia fazer isso quando estava expondo suas emoções tão completamente?”

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Por conta disso, o britânico entende que a experiência de entrar em contato com a obra do bluesman foi algo difícil do ponto de vista prático.

“Eu nunca tinha ouvido ninguém fazer isso antes. Tudo o que escutava até aquele momento era apenas música pop feita para entretenimento. Robert Johnson não era entretenimento. Quando o conferi pela primeira vez tive muita dificuldade, porque exigia algo de mim.”

Autoconhecimento de Eric Clapton

A maneira como Johnson influenciou Eric transcendeu o cotidiano musical, o levando a uma experiência mais ampla de autoconhecimento.

“Quando o ouvi pela primeira vez, fiquei completamente impressionado com sua vulnerabilidade. O que mais me impressionou foi como ele estava em contato com seus sentimentos. Isso é algo que é dado como certo hoje em dia – existem tantas maneiras diferentes de entrar em contato com seus sentimentos, seja por meio de terapia ou grupos de apoio. Mas no início dos anos 1960, quando o ouvi pela primeira vez, a cultura na Inglaterra e nos Estados Unidos era muito mais reprimida.”

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Sobre Robert Johnson

Nascido em Hazlehurst, Mississippi, Robert Leroy Johnson começou a carreira musical sendo considerado um competente gaitista, mas um medíocre guitarrista. Afastou-se do circuito por um tempo e voltou dominando o instrumento de cordas, para espanto geral.

Teve uma carreira fonográfica limitada a 29 músicas (além de 11 takes alternativos). É considerado referência da padronização do formato de doze compassos do blues.

Mesmo registros fotográficos são raros. Apenas três retratos foram descobertos até hoje, um deles em 2021.

Morreu em 16 de agosto de 1938. As circunstâncias são tema de várias teorias até os dias atuais, indo de doenças, passando por envenenamento e chegando até a um pacto demoníaco.

Apesar de uma obra tão curta, serviu de referência para todas as gerações posteriores, sendo regravado por artistas como Bob Dylan, Led Zeppelin, Rolling Stones, Eric Clapton e Red Hot Chili Peppers, entre vários outros.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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