Por que o Run-DMC não queria gravar com o Aerosmith inicialmente

Parceria realizada em 1986 mudou a cara da indústria, promovendo a união do rock com o hip-hop como nunca antes

O Run-DMC já era uma estrela ascendente em 1986. O álbum homônimo, que marcou sua estreia dois anos antes, ganhou disco de ouro nos Estados Unidos. A sequência, “King of Rock” (1985), foi ainda melhor e faturou premiação de platina. Faltava aquele toque final para consolidar a carreira de vez.

A sugestão veio do produtor Rick Rubin, que indicou a gravação de um hit da década anterior na terceira empreitada. A escolhida pelo homem que operava as máquinas foi “Walk This Way”, clássico do Aerosmith presente em “Toys in the Attic” (1975). À época, a banda recém havia reunido sua formação original, mas ainda não havia obtido a reação desejada, vivendo um momento de ostracismo.

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Mas a ideia não foi aprovada de cara. Em entrevista à People, Darryl “DMC” McDaniels apresentou argumentos sobre o porquê de os rappers terem ficado temerosos com a proposta.

O principal residia no medo de ser chamado de “traidor do movimento”. Ele disse:

“Foi numa época em que ninguém estava saindo do caminho musicalmente. Então, quando tocamos ‘Walk This Way’ pela primeira vez, a percepção era que todo mundo no hip-hop iria odiar isso porque as pessoas têm medo de fazer algo novo.”

O medo de mudanças

Refletindo sobre o que o levou a pensar dessa forma, DMC atribui ao medo natural de mudanças que todos temos.

“As pessoas têm medo de ficar desconfortáveis, de trabalhar e pensar fora da caixa porque se sentem confortáveis na posição em que se encontram. Dissemos a Rubin ‘Yo, isso não é hip-hop’. Achamos que arruinaria nossa carreira. Achávamos que os nossos parceiros de cena ficariam bravos conosco.”

Leia também:  Entrevista: Herman Li fala sobre Dragonforce no Knotfest, metal brasileiro e mais

Porém, o efeito foi justamente o contrário. O artista comentou:

“Não tínhamos ideia de que todo mundo, desde Red Alert até Grandmaster Flash, diria: ‘ei, isso é a coisa mais legal’. Não sabíamos que os negros iriam adorar.”

Run-DMC, Aerosmith e “Walk This Way”

O resultado final da parceria acabou sendo o melhor possível para todos os envolvidos. “Raising Hell” (1986), terceiro álbum do Run-DMC, é considerado até hoje um dos trabalhos mais importantes da história do movimento hip-hop. Apenas à época do lançamento, o trabalho vendeu mais de 3 milhões de cópias nos Estados Unidos, alcançando o 3º lugar no The Billboard 200, principal chart de discos do país.

A versão para “Walk This Way” se tornou a primeira de um artista de rap a figurar no Top 5 do Billboard Hot 100, maior parada de singles americana, chegando à 4ª posição. Também ficou em 8º no Reino Unido.

O Aerosmith teve sua carreira reabilitada a partir da colaboração, dando início ao seu segundo auge com a trinca “Permanent Vacation” (1987), “Pump” (1989) e “Get a Grip” (1993). Desde então, os envolvidos se reuniram em várias ocasiões para reeditar  o combo nos palcos.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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Parceria realizada em 1986 mudou a cara da indústria, promovendo a união do rock com o hip-hop como nunca antes

O Run-DMC já era uma estrela ascendente em 1986. O álbum homônimo, que marcou sua estreia dois anos antes, ganhou disco de ouro nos Estados Unidos. A sequência, “King of Rock” (1985), foi ainda melhor e faturou premiação de platina. Faltava aquele toque final para consolidar a carreira de vez.

A sugestão veio do produtor Rick Rubin, que indicou a gravação de um hit da década anterior na terceira empreitada. A escolhida pelo homem que operava as máquinas foi “Walk This Way”, clássico do Aerosmith presente em “Toys in the Attic” (1975). À época, a banda recém havia reunido sua formação original, mas ainda não havia obtido a reação desejada, vivendo um momento de ostracismo.

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Mas a ideia não foi aprovada de cara. Em entrevista à People, Darryl “DMC” McDaniels apresentou argumentos sobre o porquê de os rappers terem ficado temerosos com a proposta.

O principal residia no medo de ser chamado de “traidor do movimento”. Ele disse:

“Foi numa época em que ninguém estava saindo do caminho musicalmente. Então, quando tocamos ‘Walk This Way’ pela primeira vez, a percepção era que todo mundo no hip-hop iria odiar isso porque as pessoas têm medo de fazer algo novo.”

O medo de mudanças

Refletindo sobre o que o levou a pensar dessa forma, DMC atribui ao medo natural de mudanças que todos temos.

“As pessoas têm medo de ficar desconfortáveis, de trabalhar e pensar fora da caixa porque se sentem confortáveis na posição em que se encontram. Dissemos a Rubin ‘Yo, isso não é hip-hop’. Achamos que arruinaria nossa carreira. Achávamos que os nossos parceiros de cena ficariam bravos conosco.”

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Porém, o efeito foi justamente o contrário. O artista comentou:

“Não tínhamos ideia de que todo mundo, desde Red Alert até Grandmaster Flash, diria: ‘ei, isso é a coisa mais legal’. Não sabíamos que os negros iriam adorar.”

Run-DMC, Aerosmith e “Walk This Way”

O resultado final da parceria acabou sendo o melhor possível para todos os envolvidos. “Raising Hell” (1986), terceiro álbum do Run-DMC, é considerado até hoje um dos trabalhos mais importantes da história do movimento hip-hop. Apenas à época do lançamento, o trabalho vendeu mais de 3 milhões de cópias nos Estados Unidos, alcançando o 3º lugar no The Billboard 200, principal chart de discos do país.

A versão para “Walk This Way” se tornou a primeira de um artista de rap a figurar no Top 5 do Billboard Hot 100, maior parada de singles americana, chegando à 4ª posição. Também ficou em 8º no Reino Unido.

O Aerosmith teve sua carreira reabilitada a partir da colaboração, dando início ao seu segundo auge com a trinca “Permanent Vacation” (1987), “Pump” (1989) e “Get a Grip” (1993). Desde então, os envolvidos se reuniram em várias ocasiões para reeditar  o combo nos palcos.

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João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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