Dave Grohl compôs todos os dias em que mãe esteve internada

Falecimento de Virginia Grohl foi ponto central na criação de “But Here We Are”, mais recente álbum do Foo Fighters

Dave Grohl passou por um período difícil em 2022. Além de perder Taylor Hawkins, companheiro de banda e grande amigo, sua mãe, Virginia Grohl, faleceu pouco tempo depois da morte do baterista. À época não foram fornecidos maiores detalhes, mas se sabe que ela morreu aos 84 anos e no mês de julho.

Todo o processo refletiu nas composições de “But Here We Are”, álbum mais recente do Foo Fighters. A faixa onde o período mais se manifesta é “The Teacher”.

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Em entrevista ao podcast “Song Exploder”, transcrita pelo Consequence, o músico destacou:

“Estive com ela o tempo todo que antecedeu seu falecimento. Todos os dias nesse período eu escrevia alguma coisa no violão, porque sentia que se não fizesse isso, explodiria. Passava o dia no hospital e depois tentava traduzir o que sentia musicalmente – sem nenhuma visão muito clara do que estava tentando alcançar. Estava apenas encontrando esses acordes e progressões que refletiam o que eu sentia.”

O resultado que pode ser ouvido no disco é resultado da junção de duas demos.

“Essas duas ideias eram separadas para mim até que imaginei que, se eu as juntasse, se tornaria mais do que uma música de três ou quatro minutos. É algo muito maior… Eu poderia ter uma peça musical maior do que qualquer coisa que já fizemos e que eu pudesse dedicar à minha mãe. Ela foi a pessoa mais importante em toda a minha vida. Então pensei que essa deveria ser a música mais importante que já fiz.”

“Onde vou acordar?”

Discutindo a letra, Grohl disse que a frase “Onde vou acordar?” foi algo que a mãe de Grohl perguntou a ele durante os últimos dias de sua vida. Quanto ao refrão, em que o vocalista canta “Acorde!” ele explicou:

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“Acho que a reação imediata ao se ver alguém morrendo é desejar que a pessoa acorde, mas não é assim que funciona. Um dos meus maiores medos na vida é que eu estivesse longe quando acontecesse – na estrada, não estando presente para isso. Eu estava lá e estávamos juntos.”

O arranjo também visa exemplificar a mistura de emoções em um momento do tipo.

“A primeira metade pretende construir um crescendo, passando pela emoção daquela experiência. A segunda é uma reflexão. Imaginei que a música iria desmoronar sobre si mesma, se desconstruir nessa enorme onda de ruído. Para mim, esse foi o som do fim da vida. Seus momentos finais se tornam uma distorção de tudo que você já experimentou – até que simplesmente desliga. Embora, hoje não acredito mais que seja assim. Realmente creio que haja uma espécie de transição.”

A relação de Dave Grohl com a mãe

Sobre a relação com a genitora, Grohl ressaltou:

“Provavelmente eu era o único no meu ciclo de amigos que gostava de interagir com a mãe. Éramos melhores amigos. Senti que precisava honrá-la, prestar tributo com essa obra musical. Foi quando se tornou mais que uma simples canção. É o que de mais importante já escrevi, pois aconteceu devido a uma razão gigantesca.”

Como Dave contou em seu livro “O contador de histórias: Memórias de vida e música”, sua mãe era professora – daí o título da canção acima mencionada. No capítulo final da obra, ele discorreu sobre a importância da progenitora não só para sua vida pessoal, mas profissional.

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“Ela me deu a vida não uma, mas duas vezes, me dando liberdade de me tornar quem eu queria ser. Por meio de sua fé em mim, ela me deu coragem e confiança para eu ter fé em mim mesmo. Por meio de sua paixão e convicção, ela me ensinou a viver com paixão e convicção próprias. E por meio de seu amor incondicional por mim, ela me mostrou como amar os outros incondicionalmente. Ela sempre foi minha heroína e maior inspiração.”

Em outra ocasião, para o jornal The Sydney Morning Herald, ele destacou as habilidades de Virginia com a escrita:

“Ambos os meus pais eram escritores maravilhosos. Não só a escrita, mas a declamação era levada a sério. Minha mãe nos dava um assunto e fazíamos exercícios de articulação na mesa de jantar. Teríamos que conversar sobre isso por três minutos sem interromper a fala. Eu odiava a escola, mas adorava fazer isso.”

“Do Berço ao Palco”

Em 2021, mãe e filho colaboraram juntos na série documental “Do Berço ao Palco: Mães que Detonaram e Criaram Astros do Rock”, baseada no livro de mesmo nome, escrito por Virginia. A produção teve direção do próprio Dave, além da participação de ambos nos episódios.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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