Crítica: Sem medo e sem roteiro, “John Wick 4: Baba Yaga” assume excelência em ação

Quarto e possivelmente último filme da franquia com Keanu Reeves abre mão de história e surpreende ao nos dar praticamente três horas de ação inimaginável

A franquia “John Wick” mudou a história do gênero de ação no cinema. Além de inovar na forma de se captar uma luta coreografada, a obra criou todo um balé técnico para nos entregar uma experiência única em ação.

Com isso, fica a pergunta do que a pessoa que paga um caro ingresso de cinema quer e espera ao se sentar na poltrona. História? Diálogos? Reflexões? Dramas visando o Oscar? Ou uma ação primorosa, ininterrupta, feita em um nível de maestria que faz com que a roda seja novamente remodelada – e por 2 horas e 49 minutos?

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Em relação a roteiro, “John Wick 4: Baba Yaga” é o pior filme da franquia. Já em ação, é o melhor e mais uma vez muda a história do cinema do gênero. Um verdadeiro espetáculo visual, técnico e coreografado é oferecido – é isso que interessa neste longa.

Pela última vez

Ainda lutando contra uma organização de assassinos, John Wick (Keanu Reeves) se vê dentro de uma nova etapa rumo à tão sonhada paz. Desta vez, o técnico matador encontra um novo caminho para enfim colocar um ponto final em seus inimigos e tirar o prêmio por sua cabeça, que está mais alto do que nunca.

Sem segredos, o filme segue à risca um modelo padrão e até clichê do tema. Novamente na direção de tudo, Chad Stahelski age quase como um fã. O cineasta entende que a roda já foi revolucionada lá atrás com os dois primeiros filmes da franquia e que sua missão neste quarto capítulo seria apenas criar uma base sólida que pudesse sustentar todos os absurdos vistos em tela.

“John Wick 4: Baba Yaga” tem roteiro péssimo, cheio de conveniências e explicações estapafúrdias para conseguir fazer a obra andar até chegar no ponto que todos queremos ver: a ação. Os diálogos são piegas e as motivações nunca ficam totalmente claras, mas você compra tudo o que vê – e o diretor sabe disso. Tudo o que não é ação serve apenas como preparação do terreno para mais e mais cenas de ação de qualidade.

Primor em tela

Se falta roteiro, sobra qualidade técnica. “John Wick 4: Baba Yaga” se assume como um longa de ação, sem vergonha de admitir o que é, e oferece o que provavelmente seja o ápice do potencial de ação que um filme pode executar. Um esplendor desse tipo em uma tela de cinema é capaz de lavar a alma.

Diferentemente de “Top Gun: Maverick”, que une e abraça com excelência todos os quesitos do que faz um filme ser bom, “John Wick 4: Baba Yaga” contempla apenas a ação. Por outro lado, não se limita a permitir que Keanu Reeves “carregue o piano” sozinho. Há outros companheiros que podem render ótimos spin-offs, com destaque ao super astro de filmes de artes marciais Donnie Yen (“Star Wars: Rogue One”) como Caine – um personagem que beira a perfeição em ação, carisma e motivações.

Não há como não imaginar “John Wick 4: Baba Yaga” rendendo bastante em bilheteria. Contudo, dificilmente chegará à casa do bilhão, seja pela extensa duração para um filme de ação – o que pode espantar uma parte do público –, seja por não ser uma obra para todos. É preciso abrir mão da realidade para curtir tal espetáculo em tela.

*“John Wick 4: Baba Yaga” estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (23).

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Raphael Christensen
Raphael Christensenhttp://www.igormiranda.com.br
Ator, Diretor, Editor e Roteirista Formado após passagem pelo Teatro Escola Macunaíma e Escola de Atores Wolf Maya em SP. Formado em especialização de Teatro Russo com foco no autor Anton Tchekhov pelo Núcleo Experimental em SP. Há 10 anos na profissão, principalmente no teatro e internet com projetos próprios.

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