Os cabelos esvoaçantes, roupas espalhafatosas e atitudes inconsequentes do hard rock podem até ter ficado nos anos 80, mas há de se admirar o esforço do Steel Panther para trazer tudo isso de volta. A banda funciona ao mesmo tempo como uma homenagem e uma paródia dos artistas daquela época. Curiosamente, o projeto nasceu ali mesmo, na região da Sunset Strip, em Los Angeles – só que mais de uma década após o auge.
A formação original contava com Ralph Saenz no vocal, Russ Parrish na guitarra, Travis Haley no baixo e Darren Leader na bateria. Estranho, né? É porque nem todo mundo conhece esses nomes: os músicos adotaram pseudônimos e se tornaram Michael Starr, Satchel, Lexxi Foxx e Stix Zadinia, respectivamente.
O começo do Steel Panther
O projeto teve início no ano 2000, ainda sob o nome de Metal Shop e apenas com Starr e Satchel da formação que se tornaria famosa. Não demorou até que alcançassem certa popularidade na Sunset Strip, tocando em casas famosas como o Viper Room e o Key Club. O repertório era formado principalmente por covers de hard rock dos anos 80, a grande paixão de todos.
Como tudo na banda, é claro que há uma história de “origem” muito mais divertida, que foi contada pelo vocalista Michael Starr em entrevista ao The Aquarian. Ele resume o primeiro encontro entre ele, Satchel e Lexxi Foxx, deliberadamente menosprezando o baixista – que, coincidentemente, foi o primeiro a sair da banda, em 2021.
“Encontrei Satchel no (mercado) Ralph’s, na Hollywood Boulevard. Ele tinha uma cesta cheia de frango a parmegiana e eu estava procurando o macarrão com queijo. Nós meio que nos trombamos. Na época, eu tinha cabelo escuro e ele tinha seu clássico cabelo vermelho. Eu sabia só de olhar a forma como ele movia sua mão que ele era um guitarrista. Então perguntei a ele ‘Você é um guitarrista?’ e ele ‘Sim, você é vocalista? Estou procurando um vocalista’. E eu disse ‘P*rra, cara! Estou procurando um guitarrista!’ Não estou brincando! Foi assim que aconteceu e ele disse ‘Cara, temos que pintar seu cabelo de loiro!’
Foi assim que conhecemos Lexxi. Ele pintava cabelo. Bom, na verdade ele estava varrendo o chão no salão de cabelereiro quando o conhecemos. Ele nunca foi um baixista. Ele só tinha um cabelo arrasador! Então, o ensinamos a tocar baixo. Nos primeiros cinco ou seis shows, todas as linhas de baixo eram pré-gravadas por Satchel, então Lexxi estava basicamente dublando o baixo até que aprendesse a tocar.”
Stix Zadinia se juntou ao grupo em 2003, na vaga deixada por Ray Luzier (sim, o mesmo do Korn), e logo o Metal Shop mudou de nome para Metal Skool. No mesmo ano, eles lançaram seu primeiro EP, intitulado “Hole Patrol”, e começaram a ganhar ainda mais espaço. Chegaram a aparecer em alguns comerciais e séries de TV, incluindo o reality show “Gene Simmons Family Jewels”, do baixista do Kiss, Gene Simmons.
Sente o aço
Em 2008, o Metal Skook se tornou oficialmente o Steel Panther, inspirado por um filme do qual o vocalista Michael Starr participou: “Rock Star” (2001). O protagonista Chris “Izzy” Cole (interpretado por Mark Wahlberg e inspirado em Tim “Ripper” Owens), canta em um projeto cover do grupo fictício Steel Dragon; logo, é fácil ver de onde veio a ideia. A título de curiosidade: Starr faz uma “ponta” no longa-metragem como um vocalista que participou da mesma audição que pôs Cole na banda.
No ano seguinte, a banda lançou seu primeiro álbum “Feel the Steel”, contando com diversas participações especiais, como Corey Taylor (Slipknot), Justin Hawkins (The Darkness) e M. Shadows (Avenged Sevenfold). E foi justamente a música com Taylor que se tornou o primeiro hit do grupo: “Death to All But Metal”.
A música também foi o início de uma série de controvérsias envolvendo o Steel Panther pelo conteúdo lírico altamente sexual, debochado e ofensivo. No caso da faixa em questão, alguns alvos são citados nominalmente. De Madonna e Britney Spears a Blink-182 e Papa Roach, praticamente ninguém é poupado na letra.
Curiosamente, a grande inspiração foi o rapper Kanye West, segundo Starr em entrevista para a Metal Hammer.
“Quando estávamos gravando no estúdio, eu estava tendo dificuldades em fazê-la soar como queríamos que ela soasse. Então, colocamos fotos de todas essas bandas que nós odiávamos na cabine dos vocais. A maioria era rap e hip hop e eu olhava para eles e me inspirava pelo quanto eles eram péssimos. Tinha essa grande foto do Kanye West e eu fiquei tipo ‘eu odeio esse cara!’. Eu quero agradecê-lo pessoalmente por me inspirar a cantar ‘Death to All But Metal’ tão bem quanto cantei.”
A música se originou de ideias antigas que Satchel tinha guardado e o guitarrista confirmou que a letra original era bem diferente, pois citava outros artistas. Quando 50 Cent passou a ter mais notoriedade, ele foi incluído, assim como o Goo Goo Dolls, que foi citado no primeiro verso – curiosamente, seus integrantes adoraram a brincadeira.
O vídeo foi um sucesso da MTV (também ofendida na letra), embora a emissora tenha dado uma lista de coisas que teriam que ser cortadas para que o clipe fosse exibido. Apesar da letra altamente controversa, o presidente da gravadora Universal fez questão de lançar “Death to All But Metal” como single principal do disco, o que acabou funcionando como um grande cartão de visitas do Steel Panther.
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