Sebastian Bach oferece nada além de nostalgia no Summer Breeze

Show atrapalhado do vocalista ex-Skid Row mostrou por que, 28 anos depois, antigos colegas ainda não lhe chamaram para voltar à banda que o consagrou

O telefone do empresário de Sebastian Bach tocou, mas não era ninguém do Skid Row abrindo negociação pela reunião tão esperada pelo vocalista. Em seu lugar, uma oferta irrecusável:tocar no Brasil, como uma das principais atrações de um festival, o Summer Breeze, no mesmo palco de seu ídolo Gene Simmons.

­

- Advertisement -

Pontualmente às 17h10, parecia acontecer uma passagem de som, no telão ao fundo do palco ainda havia imagem do Black Stone Cherry — que se apresentou no mesmo palco pouco tempo antes —, mas era Bach e sua banda, no Hot Stage, iniciando sua apresentação com “What Do I Got To Lose?”, música nova composta com ajuda de Myles Kennedy (Alter Bridge, Slash). Ela foi uma das duas músicas executadas extraídas de “Child Within the Man”, álbum repleto de participações especiais a ser lançado em maio deste ano.

Exceto por este par e “American Metalhead”, cover do PainMuseum rebatizada em homenagem ao público brasileira ao ser anunciada e presente no 1º disco solo de estúdio do vocalista, “Angel Down” (2007), o resto de sua apresentação teve apenas Skid Row, para a surpresa — e rejeição — de ninguém.

Foto: Gabriel Gonçalves @dgfotografia.show

O que se viu, porém, foi uma apresentação inesquecível — no mau sentido. A começar pela imagem do telão, reproduzindo uma pintura de Sebastian que parecia aquelas gravuras bregas de igreja — ainda que parcialmente feita por seu pai, o talentoso e já falecido David Bierk, autor das capas de “Slave to the Grind” (1991, Skid Row) e do já mencionado “Angel Down”. No entanto, esse foi o menor dos problemas.

Foto: Gabriel Gonçalves @dgfotografia.show

Um veterano cambaleante

O público até fez a sua parte cantando os refrãos de um repertório majoritariamente extraído do disco de estreia do Skid Row, mas a execução era sofrível. Como único guitarrista da banda, o maior elogio possível a ser feito a Brent Woods — que tocaria horas depois com Gene Simmons — nesta tarde foi o de relembrar a fisionomia de Rachel Bolan.

Bach, porém, lembrou aquele ídolo veterano que perdeu a hora de, pelo menos, rever suas práticas. Sua voz, aguda, parecia falsete em rotação acelerada. O cantor não tinha fôlego para aguentar cantar vários dos versos inteiros e ficava por isso mesmo. Algumas vezes, claramente se segurava para tentar um grito nos tons altos. O público vibrava quando ele os atingia — nunca os sustentava por muito tempo, mas era alguma coisa.

No geral, a plateia foi se acostumando com a performance de Bach e, como não tinha outro jeito, se divertiu mesmo assim. Não parecia o show de uma das principais atrações de um dos maiores festivais de música pesada da América do Sul.

Foto: Gabriel Gonçalves @dgfotografia.show

De olho no relógio

Para deixar a situação um pouco mais complicada, quando sua apresentação se aproximava do final, Sebastian Bach percebeu que o repertório ensaiado por sua banda atual era mais curto do que seu tempo disponível no palco. O cantor veio com guitarrista, Woods, e baterista, Andy Sanesi, diferentes dos que o acompanharam em shows recentes — apenas o baixista Clay Eubank permaneceu.

Bach chegou a fazer gestos de relógio para alguém na lateral. Em dado momento, perguntou se os músicos queriam tocar “The Threat” ou “Rattlesnake Shake”, mas acabou executando ambas.

De início, saiu-se bem diante do desafio de preencher seu setlist ao mandar “Wasted Time” e “By Your Side” a capella, com o público cantando junto. Porém, em certo momento a banda tentou tocar “Tom Sawyer”, do Rush, e desistiu porque a música era difícil — sim, Bach falou isso com todas as letras. Todo mundo já esperava a inevitável “Youth Gone Wild” para encerrar o espetáculo, mas o vocalista resolveu mandar “Children of the Damned”, do Iron Maiden, também sem acompanhamento instrumental.

Quando a icônica faixa do disco de estreia do Skid Row foi apresentada, todo mundo cantou junto e poderia ter acabado por ali. Contudo, no término da música, sobrou tempo para um último ato de Sebastian Bach, tirando a camisa para exibir sua forma física atual, fazendo poses de lutador.

Se, em 2023, o sueco Erik Grönwall deixou o público do Summer Breeze boquiaberto com sua capacidade vocal, ao entardecer da sexta-feira, Bach apenas escancarou o motivo de o renascido Skid Row, ao menos até o presente momento, sequer cogitar fazer aquela ligação negociando seu retorno à banda.

*A página será atualizada com mais fotos em breve.

**Este conteúdo faz parte da cobertura Summer Breeze Brasil 2024. Algumas atrações terão resenhas + fotos publicadas primeiro. A cobertura completa, de (quase) todas as atrações, sairá nos próximos dias.

Foto: Gabriel Gonçalves @dgfotografia.show

Sebastian Bach — ao vivo no Summer Breeze Brasil 2024

Repertório:

  1. What Do I Got To Lose?
  2. Big Guns (Skid Row)
  3. Sweet Little Sister (Skid Row)
  4. Here I Am (Skid Row)
  5. 18 and Life (Skid Row)
  6. Piece of Me (Skid Row)
  7. Everybody Bleeds
  8. Slave to the Grind (Skid Row)
  9. American Metalhead (Painmuseum)
  10. Monkey Business (Skid Row)
  11. The Threat (Skid Row)
  12. Rattlesnake Shake (Skid Row)
  13. Wasted Time (Skid Row, a capella) / By Your Side (a capella)
  14. I Remember You (Skid Row)
  15. Tom Sawyer (Rush)
  16. Children of the Damned (Iron Maiden, a capella)
  17. Youth Gone Wild (Skid Row)

Foto: Gabriel Gonçalves @dgfotografia.show
Foto: Gabriel Gonçalves @dgfotografia.show
Foto: Gabriel Gonçalves @dgfotografia.show
Foto: Gabriel Gonçalves @dgfotografia.show
Foto: Gabriel Gonçalves @dgfotografia.show

Clique para seguir IgorMiranda.com.br no: Instagram | Twitter | TikTok | Facebook | YouTube | Threads.

Leia também:  Banda de Kerry King faz seu primeiro show; veja vídeos e setlist
ESCOLHAS DO EDITOR
InícioResenhasResenhas de showsSebastian Bach oferece nada além de nostalgia no Summer Breeze
Thiago Zuma
Thiago Zuma
Formado em Direito na PUC-SP e Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero, Thiago Zuma, 43, abandonou a vida de profissional liberal e a faculdade de História na USP para entrar no serviço público, mas nunca largou o heavy metal desde 1991, viajando o mundo para ver suas bandas favoritas, novas ou velhas, e ocasionalmente colaborando com sites de música.

DEIXE UMA RESPOSTA (comentários ofensivos não serão aprovados)

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui


Últimas notícias

Curiosidades