Quando Ace Frehley foi obrigado a reproduzir solo de Eddie Van Halen

Demo gravada por Gene Simmons com Alex e Eddie ficou tão boa que alguns elementos se mantiveram na versão final

Gene Simmons teve uma forte relação com o Van Halen. O vocalista e baixista do Kiss foi uma espécie de “descobridor” da banda e intermediou a contratação pela gravadora Warner.

O músico, inclusive, chegou a produzir a primeira demo do grupo, em algum momento de 1976. A ideia era que ele trabalhasse com o quarteto formado por David Lee Roth (voz), Eddie Van Halen (guitarra), Michael Anthony (baixo) e Alex Van Halen (bateria). No entanto, o Kiss estava no auge de seu sucesso e Simmons não teria tempo.

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Em entrevista de 2020 ao podcast de Jeremy White (via Ultimate Guitar), Gene relembrou Eddie Van Halen, que havia falecido pouco tempo antes. Em meio às histórias contadas, o vocalista e baixista do Kiss contou que chegou a tocar com o guitarrista e seu irmão, Alex Van Halen, em estúdio.

Três músicas foram compostas por Simmons na ocasião. Duas delas — “Christine Sixteen” e “Got Love for Sale” — foram aproveitadas pelo Kiss no álbum “Love Gun” (1977). A última, “Tunnel of Love”, entrou em seu disco solo de 1978.

“Em meu box set, ‘The Vault’, traz algumas gravações. Quando o Kiss voltou do Japão no fim dos anos 70, no meio da noite, eu não conseguia dormir por conta do jetlag, então esbocei três músicas — ‘Christine Sixteen’, ‘Tunnel of Love’ e ‘Got Love for Sale’. Nas demos, eu costumo gravar todos os instrumentos, mas demoraria muito daquela vez, então chamei Alex e Edward.”

O “Demon” revelou que a jam com Eddie e Alex Van Halen atravessou a madrugada e rolou até o início da manhã seguinte.

“Em um take, Edward fez um solo em ‘Christine Sixteen’ que era tão bom que eu forcei Ace (Frehley, guitarrista do Kiss) a reproduzir nota por nota. O solo que você ouve na versão oficial de ‘Christine Sixteen’ é o mesmo, nota por nota, que Eddie Van Halen fez na demo.”

Gene Simmons fala sobre Eddie Van Halen

Ainda durante a entrevista, Gene Simmons comentou que Eddie Van Halen era único enquanto guitarrista e que todo o Van Halen, enquanto banda, era ótimo.

“Ninguém tocava como Edward — aliás, ele não curtia ser chamado de Eddie por alguma razão. Não falo nem da qualidade das músicas, ou por David Lee Roth elevar o conceito de frontman para a enésima potência. Dave era o rei naquela época. Se Mick Jagger (Rolling Stones) ficasse ao lado dele, pareceria um garoto da sexta série.”

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Mesmo com uma banda tão completa, Eddie Van Halen conseguia se destacar, na visão de Simmons.

“Quando Edward chegava na frente do palco e começava a fazer o tapping e aquelas coisas, que eu nunca tinha visto… aparentemente, isso já havia sido feito por músicos de jazz e tudo o mais. Ainda assim, ficava de queixo caído. Ninguém desde Jimi Hendrix teve esse tipo de impacto.”

O “descobrimento”

Antes da fama, entre 1974 e 1978, o Van Halen já era uma força a ser reconhecida nos palcos. As gravações daqueles tempos, ainda que amadoras, mostram que a banda estava pronta para o estrelato.

Gene Simmons assistiu a um show do quarteto pela primeira vez em 1976, na boate Starwood, em Los Angeles, nos Estados Unidos. Na época, o integrante do Kiss estava saindo com Bebe Buell, que depois teria um relacionamento com Steven Tyler, do Aerosmith — juntos, inclusive, Bebe e Steven tiveram como filha a atriz Liv Tyler.

Em entrevista à Guitar World, Simmons relembrou a impressão que a banda lhe causou, com o óbvio destaque para Eddie Van Halen e David Lee Roth. O músico não estava esperando, já que o grupo era o antepenúltimo da noite, bem distante da posição de “atração principal”.

“Era como uma sinfonia. Olhei e só tinha um cara (Eddie) no palco, fazendo aquele tapping de duas mãos que eu nunca havia visto alguém fazer antes. Eles fizeram o show e eu sabia que tinha que contratá-los. Havia um cara (David Lee Roth) sem camisa pulando e fazendo acrobacias. Eu os levei a Nova York e produzi uma demo deles.”

Intitulada “Zero”, a demo foi produzida inicialmente no estúdio Village Recorder, em Los Angeles, e concluída no lendário Electric Lady Studios, em Nova York.

Durante as gravações, Gene Simmons chegou a sugerir que a banda mudasse de nome, abandonando o sobrenome dos irmãos Van Halen para se chamar Daddy Longlegs, de acordo com um artigo do jornal L.A. Times. A ideia, claro, foi descartada.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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