Como foi feita a capa de “Dressed to Kill”, clássico álbum do Kiss

Banda aparece trajada socialmente na famosa capa, embora a falta de um bom alfaiate seja sentida

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Uma das imagens mais icônicas do Kiss é a capa de seu terceiro álbum, “Dressed to Kill” (1975), lembrado por conter o hit máximo “Rock and Roll All Nite”. A foto traz os quatro membros da banda com suas maquiagens, mas em vez das roupas de palco, cheias de couro e metal, os músicos usam trajes sociais comuns – embora não muito bem planejados.

O quarteto sempre se vendeu como um grupo de super-heróis, representados pelos alteregos referentes a cada uma das maquiagens que os integrantes usavam.

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Posteriormente, a ideia rendeu histórias em quadrinhos, filmes, games e tudo o que um herói de verdade pode oferecer. Todavia, o cenário era bem diferente no início da carreira – e essa foi a primeira ideia mais próxima da megalomania dos projetos seguintes.

Capa do álbum "Dressed to Kill", do Kiss

Kiss vs. John Denver

A ideia inicial partiu ainda em 1974 de pessoas ligadas à revista Creem, que apresentaram esse projeto ao vocalista e baixista Gene Simmons após um show em Michigan. Jaan Uhleszki criou o conceito de uma história em quadrinhos, do qual participou também o fotógrafo Bob Gruen, que acabou sendo o responsável pela clássica foto.

O pensamento original, que nada tem a ver com o disco, foi explicado no livro “Nothin’ to Lose: A formação do Kiss (1972-1975)”. Gruen contou:

“Na história, o Kiss começava como repórteres humildes em suas identidades secretas e usando ternos e gravatas. Eles estavam em uma estação de metrô lendo o jornal enquanto se preparavam para trabalhar, e eles liam que haveria um show de John Cleveland (uma paródia de John Denver)… o Kiss se revoltava com a mediocridade que estava tão espalhada, e eles decidiam que tinham que salvar o mundo com rock and roll. Eles iam até uma cabine telefônica, tiravam suas roupas e surgiam como Kiss.”

Vestidos para matar

O plano para a HQ agradou Gene Simmons e foi combinado que eles fariam uma sessão de fotos, a partir das quais a história seria desenvolvida. Mais especificamente, as imagens foram produzidas no dia 26 de outubro de 1974.

O primeiro problema surgiu com a questão dos ternos: praticamente ninguém na banda tinha uma roupa decente para usar. Bob Gruen lembra de ter emprestado a eles algumas roupas e os tamancos de sua mulher, usados por Simmons.

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O próprio baixista, porém, apresenta uma versão diferente da história. Em entrevista para a rádio SiriusXM em 2021, ele afirma que o terno usado por ele pertencia ao então empresário da banda, Bill Aucoin, que era bem menor, e que os tamancos foram arranjados pelo guitarrista Ace Frehley.

Ainda segundo Simmons, o vocalista e guitarrista Paul Stanley tinha seu próprio terno, assim como o baterista Peter Criss, que era mais ligado à moda e provavelmente era o integrante que se vestia melhor dentro do Kiss. Dessa forma, apenas ele e Frehley pegaram roupas emprestadas para a sessão de fotos, realizada na esquina da 8th Avenue com a 23rd Street, em Manhattan.

“Estávamos andando pela rua e a coisa boa sobre Nova York é que ninguém ligava. Ninguém se virava para ver. Se estivéssemos em Wisconsin, seria um grande evento, mas em Nova York, eles já viram de tudo!”

No fim das contas, a ideia da HQ foi abortada, mas a banda gostou tanto das fotos que uma delas foi usada na capa de um futuro álbum, que recebeu o título de “Dressed to Kill” e foi lançado em 19 de março de 1975. A imagem se tornou clássica e representa um dos momentos mais irreverentes da banda em seus primeiros anos, logo antes do estouro com o próximo lançamento, “Alive!” (1975).

Kiss, quadrinhos e revisitando “Dressed To Kill”

Curiosamente, a ideia de associar o Kiss a histórias em quadrinhos continuou em voga nos anos seguintes. Ainda na década de 70, a banda teve sua primeira série de HQs, publicadas pela Marvel, e continuou tendo lançamentos mais ou menos recorrentes a partir dos anos 90 até hoje. Em 1980, eles lançaram o álbum “Unmasked”, cuja capa também envolve o conceito de uma HQ.

Em 2014, a banda participou de uma ação publicitária com a grife John Varvatos, onde refizeram uma sessão de fotos com ternos, agora usando peças da marca – com tamanho adequado para todo mundo.

Na mesma época, eles realizaram dois shows dentro do cruzeiro da banda, o Kiss Kruise, trajados socialmente e focando em material dos primeiros anos do grupo.

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André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Interessado em música desde a infância, teve um blog sobre discos de hard rock/metal antes da graduação e é considerado o melhor baixista do prédio onde mora. Tem passagens por Ei Nerd e Estadão.

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