Keith Moon, o baterista que trouxe técnica e excentricidade ao The Who

Músico era incrível em seu instrumento, mas lutou contra seus próprios demônios e faleceu cedo, aos 32 anos de idade

É comum exaltarmos grandes transgressores dentro do universo artístico, especialmente na música e mais ainda no rock. No entanto, Keith Moon ultrapassou as barreiras do aceitável.

Algumas de suas histórias mostram que o baterista do The Who não era somente um sujeito divertido, mas alguém com sérios problemas pessoais – tanto que teve uma vida permeada por abusos e morreu justamente quando tentava tratar o alcoolismo.

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O músico britânico nasceu em 23 de agosto de 1946 e nos deixou em 7 de setembro de 1978, aos 32 anos, em decorrência de uma overdose de medicamentos. Com o estilo de vida que levava, não dava para imaginá-lo vivendo por muito tempo. Triste, mas real.

Origens

Keith era uma criança hiperativa. Sempre gostou de música, mas tinha problemas para se aplicar no aprendizado artístico. Interessou-se, inicialmente, pelo cornetim, considerado um dos instrumentos de sopro mais simplórios. Não conseguiu tocar.

Por volta dos 13 anos, começou a aprender bateria. Pegou aulas com Carlo Little, músico que tocou na encarnação inicial dos Rolling Stones.

Fã de jazz, Motown e rock, ele gostava de tocar, mas não tinha muito saco para se aprimorar no instrumento.

Keith Moon e o The Who

Entre seus 16 e 18 anos, Keith Moon rodou por bandas semiprofissionais até fazer um teste para entrar no The Who.

A audição foi bizarra: Moon, que havia bebido antes para conter o nervosismo, simplesmente demoliu o kit de bateria enquanto tocava. Quebrou o pedal do bumbo e as peles de algumas partes do instrumento. Ainda assim, foi escolhido para o posto.

O jeito explosivo de Keith Moon tocar bateria também se refletia, desde o início, no comportamento com a banda. O baterista anterior, Doug Sandom, costumava apaziguar os conflitos entre o vocalista Roger Daltrey e o guitarrista Pete Townshend. Moon, por outro lado, era do tipo que jogava gasolina no incêndio, pulava para o meio do fogo e ainda levava junto o baixista John Entwistle, com quem tinha “brigas bobas” com frequência.

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Na bateria, era genial – justamente por ter sido um músico instintivo. Até hoje, não existiram muitos bateristas como Moon. Tocava com naturalidade, força e criatividade.

Ao invés de adotar um método linear para suas batidas, ele fazia uma espécie de “ziguezague”. Por vezes, era confuso assisti-lo com as baquetas. Mas o som era impecável.

Problemas

Os problemas comportamentais de Keith Moon, infelizmente, refletiam em sua performance. Quando não estava em turnê, parecia desaprender o que tocava no instrumento, além de ficar facilmente entediado. Sempre que a banda voltava de algum recesso, Moon precisava passar por um processo de reaprendizagem.

A maior parte das pessoas relata que Keith vivia em uma “eterna festa”. Quase sempre bêbado ou sob efeito de drogas, Moon era excêntrico a ponto de se desfilar travestido, seja de Marilyn Monroe, padre ou soldado nazista.

Sua mansão sempre tinha muitas festas. Chegou a matar, acidentalmente, o próprio motorista, após tentar fugir de um ataque de skinheads.

Fora as questões relacionadas à sua hiperatividade não-tratada, o baterista também tinha uma personalidade destrutiva – seja consigo mesmo ou com outras coisas.

Fascinado por explosivos, ele acabava com os vasos sanitários de todos os hotéis pelos quais passava. Não perdoava nem mesmo a própria bateria, por vezes danificada por ele de forma intencional.

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Morte

Todas essas questões culminaram em um falecimento precoce. Keith Moon morreu aos 32 anos, em 7 de setembro de 1978, justamente quando tratava de seu alcoolismo e quando o The Who voltava aos holofotes, com o bom disco “Who Are You?”, lançado no mesmo ano.

No dia anterior, ele foi convidado por Paul McCartney para a pré-estreia do filme “The Buddy Holly Story”. Moon e sua namorada, Anette Walter-Lax, jantaram com Paul e sua esposa, Linda McCartney, e foram embora da festa mais cedo.

Keith voltou ao seu apartamento, dormiu e não acordou mais. Ele havia tomado 32 comprimidos de Heminevrin, remédio indicado por seu médico para tratamento de alcoolismo. Exagerou na dose: o laudo médico apontou que 26 pílulas sequer foram dissolvidas pelo organismo do músico.

Mortes do tipo despertam a curiosidade, não só por envolverem famosos, mas também porque há ocasiões em que overdoses são premeditadas. A teoria de que Keith Moon cometeu suicídio ainda é considerada, embora nunca tenha sido comprovada.

O baterista do The Who viveu pouco mais de três décadas em volume máximo, com os dois pés no acelerador. Deixou oito álbuns com sua banda principal, além de um trabalho solo, “Two Sides of the Moon”, lançado em 1975.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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