5 discos para conhecer o gigante Jack Bruce

Toque brilhante, voz distinta e senso de aventura musical eram as marcas do baixista morto em 2014

Um dos poucos baixistas de seu tempo tão virtuoso quanto qualquer guitarrista, Jack Bruce era dotado de técnica, habilidade e criatividade que o tornaram referência para gerações futuras.

Jack, batizado John, nasceu em 14 de maio de 1943, na Escócia. Começou a estudar música desde cedo e ganhou uma bolsa de estudos na conceituada Academia Real Escocesa.

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Mudou-se para Londres e, em 1962, ingressou no Blues Incorporated, coletivo liderado por Alex Korner, tocando baixo. O lineup fora de série também incluía o organista Graham Bond, o saxofonista Dick Heckstall-Smith e o baterista Ginger Baker.

Em 1963, Bruce, Bond e Baker formaram o Graham Bond Quartet com o guitarrista John McLaughlin. Depois de dois álbuns malsucedidos, Jack saiu para se juntar aos Bluesbreakers de John Mayall, que logo contariam com o guitarrista Eric Clapton.

Em julho de 1966, Bruce, Clapton e Baker formaram o Cream, que em sua curta porém vertiginosa existência vendeu mais de 35 milhões de discos e mudou para sempre o rock.

A partir da separação do Cream, a carreira de Jack tornou-se mais nichada, mas nem por isso menos consistente ou original. Trabalhos solo marcados pelo ecletismo alternaram-se a outros em parceria mais voltados para o rock e as paradas de sucessos.

Morreu no dia 25 de outubro de 2014, aos 71 anos. A causa da morte foi uma doença no fígado.

Veja quais 5 discos são o melhor cartão de visitas à sua obra.

5 discos para conhecer Jack Bruce

Cream – “Wheels of Fire” (1968)

Um dos primeiros álbuns duplos a ser lançado por um grupo de rock e o primeiro álbum duplo a ganhar disco de platina, “Wheels of Fire” não só foi um dos trabalhos mais importantes do Cream, como também foi um marco na história do rock e do blues.

O disco divide-se em facetas distintas: uma ao vivo gravada no Winterland Ballroom, em São Francisco, Califórnia — que inclui a exuberante releitura do trio para “Crossroads”, de Robert Johnson —, e outra em estúdio, composta por material inédito, cujos destaques são outra releitura — “Born Under a Bad Sign”, de Albert King — e a psicodélica “White Room”.

Em entrevista publicada na Forbes em 1997, Bruce referiu-se a “White Room” como sua música favorita do Cream. Ao repórter Jim Clash, ele explicou que a inspiração veio de Jimi Hendrix e sua maneira de tocar e acrescentou que “Jimi estava presente durante essa gravação em Nova York e me disse: ‘Eu gostaria de ter escrito algo assim’, ao que respondi: ‘Mas foi você que inspirou essa música!’”.

Apesar de a gravadora ter achado que o single seria um fiasco, acabou se tornando um dos mais vendidos da breve carreira do grupo.

Jack Bruce – “Songs for a Tailor” (1969)

Quando o Cream se separou em agosto de 1968, Jack Bruce garantiu um contrato solo com a Polydor Records e seu primeiro lançamento continua sendo o disco mais épico e plural de sua carreira.

Lançado em setembro de 1969, “Songs for a Tailor” chama a atenção não só pela mistura de estilos — com genialidade, Bruce combina rock, jazz, música erudita e o que viria a ser chamado de world music —, mas também pelo elenco estelar: Heckstall-Smith; o então Beatle, George Harrison; e o baterista Jon Hiseman, entre outros.

Com Jack tocando piano, órgão, violoncelo, violão e guitarra em algumas faixas, além do baixo e de cantar em todas elas, “Songs” alcançou a sexta posição nas paradas do Reino Unido. No entanto, como toda a obra do baixista posterior ao Cream, foi basicamente ignorado nos Estados Unidos.

West, Bruce, Laing – “Why Dontcha” (1972)

Quando o baixista Felix Pappalardi e o tecladista Steve Knight deixaram os colegas Leslie West (guitarra) e Corky Laing (bateria) a ver navios, os dois membros remanescentes do Mountain, já detentores de considerável status, chamaram Jack Bruce para compor.

Deu liga. “Why Dontcha” acabaria por se tornar um dos trabalhos de maior repercussão da carreira do baixista, que manteria a faixa “Out Into the Fields” em seu repertório ao vivo até se aposentar dos palcos.

Num espectro mais amplo, o hit do álbum, produzido pelo casca-grossa Andy Johns, foi “The Doctor”, que encontrou seu espaço na programação das rádios americanas e impulsionou “Why Dontcha” rumo à 26ª posição da Billboard.

Jack Bruce/Robin Trower – “Truce” (1982)

A década de 1980 de Jack Bruce começou com uma participação no álbum “Land of Cockayne” (1981), do prog/cult Soft Machine. Mas logo viria uma colaboração destinada às paradas de sucessos.

Bruce conheceu Robin Trower quando o guitarrista tocava no Procol Harum, grupo contemporâneo ao Cream. Dono de estilo frequentemente comparado ao de Hendrix, Trower, como Bruce, construiu longa carreira solo, superando sua antiga banda em quantidade, mas não em apelo.

No que foi o segundo dos quatro álbuns resultantes da parceria, “Truce”, Trower e Bruce são acompanhados pelo baterista Reg Isidore e entregam um material de forte apelo comercial — que o diga a pegajosa abertura “Gonna Shut You Down”. Contudo, brilham mesmo quando se deixam levar pelo blues para polir o chifre de “Take Good Care of Yourself”.

BBM – “Around the Next Dream” (1994)

O ano de 1993 foi especial para Jack Bruce. Começou com a indução do Cream no Rock and Roll Hall of Fame e terminou com um show comemorativo aos seus cinquenta anos que contou com muitos de seus velhos amigos, incluindo Gary Moore, e plantou as sementes da próxima empreitada do baixista.

Eternos desafetos, Bruce e Ginger Baker voltariam a trabalhar juntos com Moore servindo de mediador e atenuante dos arranca-rabos que foram frequentes durante a produção de “Around the Next Dream”, único lançamento do trio de nome BBM — explicações não se fazem necessárias, suponho/espero.

A imprensa foi veloz em sua tentativa de desqualificar o grupo, tratando-o como um Cream sem glúten — não ajudou o fato de “Waiting in the Wings” soar como uma continuação de “White Room”. De nada adiantou: o disco, lançado pela Virgin Records, chegou à nona posição no Reino Unido.

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Marcelo Vieira
Marcelo Vieirahttp://www.marcelovieiramusic.com.br
Marcelo Vieira é jornalista graduado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA), com especialização em Produção Editorial pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Há mais de dez anos atua no mercado editorial como editor de livros e tradutor freelancer. Escreve sobre música desde 2006, com passagens por veículos como Collector's Room, Metal Na Lata e Rock Brigade Magazine, para os quais realizou entrevistas com artistas nacionais e internacionais, cobriu shows e festivais, e resenhou centenas de álbuns, tanto clássicos como lançamentos, do rock e do metal.

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