Geoff Tate faz acústico improvisado que compensa show cancelado no Rio

Em uma hora num pub local, ex-vocalista do Queensrÿche desfilou sucessos e esbanjou simpatia aos pouco mais de 50 presentes

Durou pouco o luto a que os fãs de Queensrÿche do Rio de Janeiro foram submetidos em razão do cancelamento do show de Geoff Tate na cidade. Isso porque passados alguns dias da retirada da etapa carioca do itinerário da presente turnê do vocalista, uma apresentação acústica de caráter ultraexclusivo e intimista foi anunciada para a véspera. “Escrever certo por linhas tortas” na prática, por assim dizer.

O local escolhido foi o Lapa Irish Pub, point localizado no bairro que é sinônimo de boemia e bebedeira até altas horas. No backline, instrumentos obtidos meio que na base do empréstimo de músicos da cena local. Palco? Que palco? Tudo foi montado num cantinho, de modo que a primeira fileira da “pista” ficou a talvez um metro de distância dos pedestais e das caixas de som.

- Advertisement -

A bem da verdade, nem mesmo a própria banda de Tate, que inclui o multi-instrumentista brasileiro Bruno Sá nos teclados, sabia ao certo como tudo se desenrolaria; se tocariam duas, três ou meia dúzia de músicas nem quais seriam elas. Tudo dependeria do bom humor do vocalista e do grau de acolhimento oferecido pelas pouco mais de 50 pessoas que lotavam a casa.

*Fotos de Daniel Croce / @toscroce

Na régua e de sandálias

De óculos escuros, cavanhaque milimetricamente desenhado, camisa social aberta quase na altura do estômago e — wait for it — sandálias, Geoff adentra o recinto enquanto os violões e o baixolão ainda eram afinados. Acompanhado da esposa e fiel escudeira Susan, ele posa para fotos, sorri, gesticula e recebe o carinho daqueles que cabularam as aulinhas de inglês. “I love your musics”, disse-lhe uma fã.

Leia também:  Bruce Dickinson oferece noite incandescente de metal em Ribeirão Preto

Mais ou menos oito e meia, Tate e banda assumem seus postos. O teste dos microfones é feito com um trecho de “Wanted Dead Or Alive”, do Bon Jovi. “Adoro essa música”, brincou ele, em mais um fortíssimo indicativo de que a noite, não obstante o caráter improvisado, seria daquelas inesquecíveis para os sortudos que lá estavam.

Ao iniciar a brincadeira com “I Don’t Believe in Love”, um dos carros-chefes de “Operation: Mindcrime” (1988), rasgou-se o protocolo da turnê, na qual o repertório consiste nos álbuns “Rage for Order” (1986) e “Empire” (1990) na íntegra. Na sequência de “Walk in the Shadows”, o que muitos queriam ouvir: “Vamos aceitar alguns pedidos agora”. Não me fiz de rogado e tive o meu atendido: a tristérrima “The Killing Words” foi a terceira da noite.

A cota de B-sides foi preenchida a seguir, com “Chasing Blue Sky”, bonus track de “Hear in the Now Frontier” (1997). Clima baladeiro estabelecido com sucesso, “Another Rainy Night (Without You)” obteve a resposta mais efusiva dentre as cinco primeiras. Com “Take Hold of the Flame” não só outro pedido do público foi atendido como também um merecido tributo aos primórdios do Queensrÿche foi prestado, com direito a Geoff mostrando por que é um dos maiorais.

“Vamos contemplar”

Aqueles que sofrem de dad issues e também os que namoram profissionais da aviação viram-se contemplados com a dobradinha “Bridge” e “Jet City Woman”. Durante uma pausa longa que se sucedeu, Bruno falou à galera: “A próxima música requer de vocês o máximo de silêncio e atenção. Vamos contemplar”. As primeiras inconfundíveis notas de “Silent Lucidity” calaram o persistente burburinho e mesmo o bar interrompeu as tiradas de chope em respeito ao megahit de caráter atemporal.

Leia também:  Revigorado após insolação em SP, Carcass entrega show completo em Brasília

Última faixa de “Operation: Mindcrime” e frequentemente usada como número de encerramento, “Eyes of a Stranger” foi, na noite de quarta-feira, a antepenúltima. “Empire” — talvez a mais pedida ao longo da apresentação e a julgar pelo que se vive hoje em dia, de letra infelizmente atualíssima — e “Anybody Listening?” encerraram os trabalhos. “Agora, vamos beber!”, determinou um Tate com fome, sede e lavado de suor. E visivelmente feliz e satisfeito por saber que havia feito história.

Geoff Tate se apresenta em São Paulo e Limeira na próxima sexta-feira (20) e sábado (21), respectivamente. Confira abaixo o setlist e mais vídeos da apresentação no Rio de Janeiro.

Geoff Tate – ao vivo no Rio de Janeiro

  • Local: Lapa Irish Pub
  • Data: 18 de janeiro de 2023

Repertório

  1. I Don’t Believe in Love
  2. Walk in the Shadows
  3. The Killing Words
  4. Chasing Blue Sky
  5. Another Rainy Night (Without You)
  6. Take Hold of the Flame
  7. Bridge
  8. Jet City Woman
  9. Silent Lucidity
  10. Eyes of a Stranger
  11. Empire
  12. Anybody Listening?

Mais vídeos

“I Don’t Believe in Love”:

“Walk in the Shadows”:

“The Killing Words”:

“Another Rainy Night (Without You)”:

“Take Hold of the Flame”:

“Bridge”:

“Jet City Woman”:

“Silent Lucidity”:

“Eyes of a Stranger”:

“Empire”:

“Anybody Listening?”:

Clique para seguir IgorMiranda.com.br no: Instagram | Twitter | Facebook | YouTube.

ESCOLHAS DO EDITOR
InícioResenhasGeoff Tate faz acústico improvisado que compensa show cancelado no Rio
Marcelo Vieira
Marcelo Vieirahttp://www.marcelovieiramusic.com.br
Marcelo Vieira é jornalista graduado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA), com especialização em Produção Editorial pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Há mais de dez anos atua no mercado editorial como editor de livros e tradutor freelancer. Escreve sobre música desde 2006, com passagens por veículos como Collector's Room, Metal Na Lata e Rock Brigade Magazine, para os quais realizou entrevistas com artistas nacionais e internacionais, cobriu shows e festivais, e resenhou centenas de álbuns, tanto clássicos como lançamentos, do rock e do metal.

DEIXE UMA RESPOSTA (comentários ofensivos não serão aprovados)

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui


Últimas notícias

Curiosidades