Por que Adrian Smith saiu do Iron Maiden antes de “No Prayer for the Dying”

Guitarrista deixou a banda ainda na fase de pré-produção do álbum lançado em 1990, tendo colaborado com apenas uma música

Após lançar dois álbuns mais elaborados e com presença de sintetizadores na sonoridade – “Somewhere in Time” (1986) e “Seventh Son of a Seventh Son” (1988) -, o Iron Maiden decidiu simplificar tudo em “No Prayer for the Dying” (1990), seu oitavo álbum de estúdio. O problema é que essa mudança de direcionamento custou a saída do guitarrista Adrian Smith.

Em entrevista à rádio Planet Rock em 2020, transcrita pelo Ultimate Guitar, Smith relembrou sobre o período de sua saída do Maiden. Ele admitiu que discordava da orientação mais simplista que o então novo disco da banda teria: a ideia dele era manter a fórmula dos dois trabalhos anteriores.

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Ainda durante este bate-papo, o músico revelou que estava sem entusiasmo para trabalhar em “No Prayer for the Dying”. Apenas uma de suas composições, “Hooks in You” (coassinada com o vocalista Bruce Dickinson), foi mantida na tracklist.

“Estávamos com uma sonoridade mais produzida, talvez mais refinada. O que quis Steve queria fazer depois disso, talvez Bruce também, era um som mais ‘direto e reto’. Ele estava com o estúdio móvel dos Rolling Stones, não tínhamos tantas músicas prontas e, para ser honesto, eu estava sofrendo com isso.”

O guitarrista disse que estava “desesperadamente tentando compor algo brilhante”, como os demais colegas também estavam procurando fazer.

“Eu estava sofrendo, não sei o porquê, talvez por estar dando duro demais.”

Smith chegou a iniciar as gravações de “No Prayer for the Dying” com a banda. O problema é que não evoluía.

“Iniciamos a gravar, chegamos a trabalhar no início. Acho que minha falta de entusiasmo irritou o outro cara e foi isso. Sério.”

Adrian Smith e a depressão

Ainda que não tenha abordado tal hipótese na entrevista, Adrian Smith já falou abertamente sobre como sofreu de depressão enquanto o Iron Maiden estava em seu auge, na década de 1980. A decisão de sair da banda naquele momento pode ter sido um simples reflexo do desgaste que sofria pela pesada agenda da banda.

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Também em 2020, em entrevista à Metal Hammer, ele declarou:

“Não quero parecer tipo ‘pobre de mim’, mas a depressão foi uma característica dos anos 80 para mim. O último show que fiz antes de entrar para o Iron Maiden foi em um pub, em Londres. Lembro de entrar no ônibus com meu pedal wah-wah em uma sacola Tesco. Então, o próximo show foi enorme com o Iron Maiden. Grande salto.”

Smith comentou que conseguiu “com muita bravura” passar pela primeira turnê com o Iron Maiden. Porém, a depressão o atingiu.

“As pessoas pagam uma grana para nos ver e há muitos músicos excelentes por aí, o que significa que tudo é muito competitivo. Isso me dominou algumas vezes e quando chegamos à América, as coisas realmente começaram a mudar com as drogas e a bebida, que eram usadas como muleta.”

Apesar disso, o guitarrista pontuou que é preciso “saber lidar” com esse tipo de situação. A pesca, outra de suas paixões, foi importante para trazer calma e senso de perspectiva em meio ao estresse da vida em turnês.

“É bom para a cabeça. O casulo avião-van-hotel é exagerado às vezes, então, é ótimo poder sair pelo país e liberar a mente, ter espaço.”

Iron Maiden e “No Prayer for the Dying”

No fim das contas, a vaga de Adrian Smith foi ocupada por Janick Gers. Quando Smith retornou, em 1999, a banda optou por manter Gers. Desde então, o grupo se apresenta como um sexteto, trazendo três guitarristas: os dois já mencionados e Dave Murray.

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Lançado em 1º de outubro de 1990, “No Prayer for the Dying” foi recebido com críticas negativas pela imprensa especializada. Ainda assim, chegou ao 2º lugar das paradas britânicas. “Bring Your Daughter… to the Slaughter”, lançada anteriormente como um single solo de Bruce Dickinson, foi a única música do Maiden a atingir a 1ª posição dos charts do Reino Unido.

Em entrevista à revista Classic Rock, no ano 2000, Bruce Dickinson demonstrou não gostar muito de “No Prayer for the Dying”.

“É uma m#rda! É um disco que soa como m#rda e eu gostaria que não o tivéssemos feito dessa forma.”

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

1 COMENTÁRIO

  1. Já tive o Vinil desse clássico, vendi na época por precisar de dinheiro…bons tempos de antigamente!!!! Gosto desse album, tem uma timbragem até boa!!!! Valeu!!!!

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