Contra os holofotes: 7 célebres músicos reclusos do rock

Gostando ou não da fama, vários músicos têm de lidar com o fato de que precisam estar fora de casa para trabalhar. Não é o caso dos 7 nomes listados a seguir, que não tiveram problemas em abdicar da vida na estrada e da tríade “sexo, drogas e rock and roll” em prol de rotinas consideradas comuns.

Dos 7 nomes mencionados, um deles já faleceu, mas é célebre justamente por sua vida de reclusão. Veja a seguir.

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7 célebres músicos reclusos do rock

1) John Deacon

Desde a morte do vocalista Freddie Mercury, em 1991, o baixista John Deacon teve apenas algumas atividades ao lado dos remanescentes do Queen. Ele fez apenas três shows, todos na década de 1990, e participou da gravação da música “No One But You (Only The Good Die Young)”. Depois disso, sem mais sinais de Deacon.

O Queen acabou voltando à ativa com Paul Rodgers nos vocais logo no início do século 21. Depois, o projeto trouxe Adam Lambert para o microfone. Em ambas as ocasiões, John Deacon não participou. Porém, ele sempre é consultado para aprovação de qualquer trabalho relacionado à banda – como o filme “Bohemian Rhapsody”, de 2018.

John Deacon simplesmente quis sair de cena. O baixista abandonou os holofotes por opção e optou por viver uma vida reclusa, ao lado da esposa, Veronica Tetzlaff, com quem teve seis filhos. Nem mesmo o guitarrista Brian May e o baterista Roger Taylor têm contato com ele. Quando alguma aprovação é necessária, o trato é feito por intermédio de advogados.

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2) Izzy Stradlin

Nos últimos anos, o guitarrista Izzy Stradlin só apareceu, mesmo, para rebater uma fala do vocalista Axl Rose, a respeito da reunião do Guns N’ Roses, em entrevista ao ‘Fantástico’, da TV Globo. O também guitarrista Slash e o baixista Duff McKagan retornaram à banda, mas Stradlin teria recusado um convite para voltar porque “cada dia ele quer uma coisa”.

Pelas redes, Izzy Stradlin disse que não retornou porque seus colegas “não queriam dividir o dinheiro em partes iguais”. Esse foi o único sopro de atividade do guitarrista nos últimos anos.

Izzy Stradlin: mitos e contradições sobre o “não” ao Guns N’ Roses

Curiosamente, na década de 2000, Stradlin se manteve bem ativo como artista solo, lançando praticamente um álbum por ano. O último foi “Wave of Heat”, em 2010. Depois, nada mais foi feito. Ele até participou de um show do Guns N’ Roses, em 2012, antes da reunião. Foi a apresentação final do músico.

E o que Izzy faz nos dias de hoje? O baterista Steven Adler revelou em entrevista à rádio WRIF: “Ele só compra carros antigos, os conserta, dirige pelo país até seu rancho. Ele tem um rancho em Indiana ou algo assim. Ele tem um talento para viver. Viver requer um talento e ele tem talento para a vida”.

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3) Syd Barrett

Falecido em 2006, aos 60 anos, Syd Barrett é um dos casos mais emblemáticos dessa lista. O vocalista e guitarrista fundou o Pink Floyd em 1965, acabou sendo retirado da formação em 1968, lançou dois álbuns solo em 1970 e saiu de vez da indústria musical em 1972.

Por que, aos 26 anos, Barrett estava aposentado em definitivo? A resposta é um pouco mais triste: ele começou a sofrer com problemas de saúde mental, com sintomas de depressão e especulações de que teria esquizofrenia, algo negado por seus familiares.

Fora da música, Syd Barrett passou a se dedicar à pintura e jardinagem, duas de suas paixões. Em 1975, ele apareceu sem avisar no estúdio Abbey Road, onde o Pink Floyd gravava o álbum “Wish You Were Here”.

Na época do reencontro, durante o processo de mixagem final de “Wish You Were Here”, sua aparência estava bem diferente: ele estava acima do peso e sem pelos ou cabelos no corpo (até mesmo as sobrancelhas estavam raspadas). O disco conta com uma música em homenagem a Syd Barrett, “Shine On You Crazy Diamond”, e o próprio opinou sobre a canção, dizendo que ela soava “um pouco antiquada”.

Como foi o bizarro reencontro entre Pink Floyd e Syd Barrett em 1975

Hoje, o baterista Nick Mason reconhece que os membros do Pink Floyd não souberam lidar com o colapso sofrido por Syd Barrett, sendo “muito jovens e imaturos” para reagir a tudo isso de forma eficaz. “Quando ouço ‘The Piper at the Gates of Dawn’ (único álbum com Barrett), percebo o quanto éramos jovens e imaturos, assim como estávamos desesperados ao lidar com o colapso de Syd”, disse, em entrevista à Rolling Stone, no início de 2019.

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4) Vito Bratta

Guitarrista do White Lion na década de 1980, Vito Bratta permaneceu sob o radar do público até 1992, quando a banda acabou. Depois disso, o músico não fez mais shows e não lançou mais nada.

Em uma rara entrevista no ano de 2007,  Bratta contou que deixou o mercado da música após uma lesão que o impedia de tocar guitarra sem desconforto, ainda na década de 90. Em 2002, o pai dele ficou doente e não havia mais ninguém que pudesse oferecer os devidos cuidados.

Curiosamente, Vito Bratta é o dono de todos os direitos das músicas do White Lion, após o vocalista Mike Tramp ter vendido a sua parte ainda nos anos 1990. Tramp tentou reunir o grupo diversas vezes e até anunciou que havia conseguido isso em 2003, mas logo apareceu à imprensa para negar o que ele mesmo havia revelado. O motivo? Bratta mudou de ideia.

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O White Lion acabou voltando com uma formação totalmente modificada, apenas com Mike Tramp da formação clássica. Não durou por muito tempo.

Vito Bratta alega que não recusaria uma reunião do White Lion, mas que não compensaria financeiramente.

5) Vinnie Vincent

Um dos casos mais emblemáticos, que envolveram até polícia, é o de Vinnie Vincent. Guitarrista do Kiss entre 1982 e 1984, Vincent passou quase duas décadas sem fazer aparições públicas. Sumiu em meados da década de 1990, após aparições polêmicas em exposições relacionadas à sua ex-banda e lançar um EP intitulado “Euphoria”.

Entre as duas décadas de afastamento, Vincent chegou a ser preso, em 2011, acusado de agredir a esposa, a já falecida Diane Cusano. Ele passou a noite na cadeia e foi liberado na manhã seguinte, após pagar fiança de US$ 10 mil.

Foi divulgado, posteriormente, que policiais encontraram quatro cães mortos em contêineres lacrados na casa de Vinnie Vincent. Tanto o (ex-)músico quando sua esposa disseram que seus outros cachorros acabaram atacando e matando os menores, cujos cadáveres estavam nos volumes. Nenhuma ocorrência foi registrada contra Vincent no que diz respeito a esse assunto.

No início de 2018, Vinnie Vincent topou participar de alguns eventos relacionados ao Kiss. No primeiro deles, desabafou: “Passei 20 anos no inferno. Os golpes que sofri poderiam ter sido não tão grandes. Poderiam ter sido rápidos e, amigavelmente, eliminariam 20 anos de dor”.

Embora tenha afirmado isso, Vinnie Vincent disse que sua vida se tornou “pequena como poderia ser”. “Tornei-me muito feliz e contente. Tudo o que faço é tocar, compor, gravar, cuidar de meus cães. Tenho uma vida muito privada e pacífica, não tive isso por muito tempo. Muitos fãs sabem de muitas coisas, mas eles também não sabem de muitas coisas”, pontuou.

Vincent chegou a participar de um evento solo de Gene Simmons, um de seus chefes no Kiss. Porém, em entrevistas posteriores, Simmons e seu parceiro, Paul Stanley, recusaram qualquer possibilidade de trazer o ex-guitarrista para o palco durante a turnê de despedida da banda.

Vinnie Vincent reaparece e fala sobre Kiss, Invasion e reclusão

6) Meg White

Mesmo no auge do White Stripes, a baterista Meg White era vista de forma enigmática. O frontman Jack White conduzia a maior parte das entrevistas e aparições públicas, enquanto Meg raramente aparecia. Subia no palco para fazer os shows, gravava os discos, participava das fotos de divulgação e dos clipes e era isso.

O White Stripes acabou em 2011, 4 anos após a última turnê ter sido cancelada devido a uma crise de ansiedade sofrida por Meg White. O parceiro Jack, com quem foi casada entre 1996 e 2000, seguiu em frente. Meg, por sua vez, abandonou a indústria musical.

Entre a turnê cancelada e o fim do White Stripes, Meg White se casou pela segunda vez, com Jackson Smith, filho de Patti Smith. Curiosamente, a cerimônia foi realizada na casa de Jack White, seu ex-marido, de forma bem reservada. Eles se divorciaram em 2013. Meg segue morando em Detroit, numa vida bem tranquila.

Em uma entrevista no ano de 2003, Meg White explicou o motivo de ser tão arredia. “Nunca liguei para as outras coisas que as pessoas ligam, como ser reconhecida nas ruas. Sempre desconfiei de todo mundo, então, é fácil ficar no meu mundinho”, disse.

Em 2014, à Rolling Stone, Jack White revelou acreditar que ninguém mais dos tempos de White Stripes tem mantido contato com Meg. “Ela sempre foi uma eremita. Quando morávamos em Detroit, eu tinha que ir até a casa dela para conversar. Agora, é quase nunca”, afirmou.

7) Chris DeGarmo

Guitarrista original do Queensrÿche, Chris DeGarmo teve trabalhos públicos com a banda até 1998. Depois, retornou para colaborações específicas em 2003 e 2007. E não fez muito mais do que isso.

Logo após ter deixado o Queensrÿche, apontando desgaste, Chris DeGarmo se envolveu com dois músicos do Alice in Chains: o baterista Sean Kinney, no projeto Spys4Darwin, e com o guitarrista Jerry Cantrell, em seu álbum solo “Degradation Trip” (2002). Em seguida, colaborou com o disco “Tribe” (2003), de sua antiga banda, e um retorno foi “ensaiado”, mas ele não topou.

Apesar disso, a reclusão de DeGarmo não foi sinônimo de briga. Ele continuou mantendo contato com os demais colegas, especialmente o guitarrista Michael Wilton, de quem é amigo desde os tempos de escola, e o baterista Scott Rockenfield, com quem celebrou seu 50° aniversário junto em 2013.

Todavia, desde “Tribe” (2003), Chris DeGarmo apenas fez uma participação na música “Drone”, do Alice in Chains, presente no álbum “Rainier Fog” (2018), e lançou um EP com a banda The Rue, formada por ele e sua filha, Rylie DeGarmo, em 2015. Nunca houve a intenção de retomar o ritmo de atividade que possuía no Queensrÿche.

Sobre a participação no álbum do Alice in Chains, Jerry Cantrell disse, à Guitar World: “Ele veio no estúdio algumas vezes. Disse a ele que gostaria de tê-lo no disco em algum lugar. Ele falou que tudo bem, mas que ele não precisava fazer aquilo. Eu disse: ‘não, eu realmente queria tê-lo nisso’. Ele aceitou, veio outro dia e aconteceu de eu estar trabalhando em ‘Drone’. Não planejava tê-lo naquela música, mas foi o dia que ele apareceu”.

Outros nomes que mereceriam ser mencionados nessa lista:

– Leonard Cohen (falecido em 2016);
– David Bowie (falecido em 2016);
– D’arcy Wretzky (Smashing Pumpkins);
– Sly Stone (Sly and the Family Stone);
– Grace Slick (Jefferson Airplane);
– John Frusciante (Red Hot Chili Peppers, apesar do retorno recente à banda);
– Joni Mitchell;
– Harry Nilsson (falecido em 1994);
– Brian Wilson (The Beach Boys);
– Steve Perry (Journey);
– Cat Stevens;
– Bill Withers (falecido em 2020).

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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