Black Sabbath: 40 anos de “Technical Ecstasy”, o pior da era clássica

Black Sabbath – “Technical Ecstasy”
Lançado em 25 de setembro de 1976

A ruína do Black Sabbath começou na segunda metade da década de 1970. Os problemas legais com o empresário Patrick Meehan influenciaram, para o bem e para o mal, o disco “Sabotage”, lançado em 1975.

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Sob pressão e sem tempo para sequer tirar algum tempo de folga, o Black Sabbath voltou de turnê direto para o Criteria Studios, em Miami, nos Estados Unidos. A banda seguia esse tipo de rotina há algum tempo, no entanto, isso afetaria a produtividade e a qualidade das composições em algum momento.

Foi o que aconteceu em “Technical Ecstasy”, pior disco da formação clássica do Black Sabbath. Não significa que seja um trabalho ruim, mas está abaixo dos cinco álbuns lançados anteriormente – e, para mim, até mesmo do sucessor “Never Say Die!” (1978).

O processo de composição já começou turbulento. O guitarrista Tony Iommi queria seguir a mesma pegada de bandas como Foreigner e Queen, que despontavam. O vocalista Ozzy Osbourne, por sua vez, era contra qualquer mudança. Em sua autobiografia, ele relembra: “achava estranho que bandas influenciadas por nós estivessem, agora, nos influenciando”.

Iommi se sentiu pressionado durante o período de produção de “Technical Ecstasy”. Ninguém queria tomar a responsabilidade de produzir o disco, nem contratar alguém de fora. Sobrou para o guitarrista, que trabalhava dia e noite enquanto os demais integrantes aproveitavam as belas praias de Miami.

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Enquanto isso, as drogas se faziam presentes na rotina dos músicos – especialmente na de Ozzy Osbourne, que acabaria enfrentando sérios problemas no futuro devido a seus vícios. E os custos para gravar “Technical Ecstasy” só aumentavam.

Com todo esse background, era inevitável que “Technical Ecstasy” soasse confuso e pouco inspirado em alguns momentos. Cada faixa trazia uma visão diferente sobre o próprio Black Sabbath, o que, no fim das contas, não deu liga.

A abertura “Back Street Kids” se aproxima um pouco do hard rock praticado à época, apesar do refrão notavelmente Sabbath. Mais dark, “You Won’t Change Me” fica embolada em seu andamento. Guiada por piano e pela voz de Bill Ward, “It’s Alright” foge das características primordiais da banda, mas é um momento inspirado. Boa música.

“Gypsy” volta a se aproximar do hard rock da época, mas com ares mais épicos e mudanças de ritmo mais drásticas. Bill Ward brilha em sua performance na bateria. “All Moving Parts (Stand Still)” mantém a mesma pegada, mas sem inspiração. Não é ruim, mas passa longe de ser marcante: mesmo problema de “Rock ‘n’ Roll Doctor”, com leve inspiração do rock das décadas de 1950 e 1960.

“She’s Gone” demora para começar de vez, mas é uma grande música. Conta somente com as vozes de Ozzy Osbourne, o violão de Tony Iommi e violinos muito bem colocados. Ao fim, “Dirty Women” começa sem chamar muita atenção, mas cresce com boas passagens instrumentais e um inspiradíssimo Tony Iommi na linha de frente.

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Vale repetir: “Technical Ecstasy” está longe de ser um disco ruim. É um bom trabalho, com momentos acima da média, mas algumas faixas pouco inspiradas. Refletiu-se nas vendas: foi o primeiro disco do Black Sabbath a não entrar no top 10 do Reino Unido e a ficar abaixo da 50ª posição nos charts dos EStados Unidos.

Os álbuns anteriores colocaram as expectativas muito acima: afinal, são clássicos do heavy metal. “Technical Ecstasy” mostra um Sabbath rachado, com problemas internos e sem saber para onde ir musicalmente falando. Mesmo confuso, o quarteto conseguiu fazer um bom trabalho. Só não está entre os melhores.

Ozzy Osbourne (vocal)
Tony Iommi (guitarra, violão)
Geezer Butler (baixo)
Bill Ward (bateria, vocal em “It’s Alright”)

Músico adicional:
Gerald “Jezz” Woodroffe (teclados)

1. Back Street Kids
2. You Won’t Change Me
3. It’s Alright
4. Gypsy
5. All Moving Parts (Stand Still)
6. Rock ‘n’ Roll Doctor
7. She’s Gone
8. Dirty Women

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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