Sabaton evita “fazer política por meio da história”, diz Pär Sundström

Baixista é um dos únicos membros originais, junto ao vocalista Joakim Brodén, além de responsável pelo conteúdo lírico

Acompanhar a carreira do Sabaton é testemunhar uma banda sempre caminhando sobre uma fina lâmina em termos líricos. Afinal de contas, sua música contando histórias de guerra acaba despertando presunções em relação a posicionamentos políticos e ideológicos – além de alguns fortes indícios por associações a determinados grupos dentro do espectro europeu.

Em entrevista a Lora Vogt (transcrita pelo Blabbermouth), o baixista e membro fundador Pär Sundström tentou esclarecer alguns pontos relacionados a essa polêmica. Ele começou deixando claro que a banda não imaginava que acabaria se tornando tamanha referência e influência para fãs irem mais a fundo no que abordam.

“Nunca tive essa ambição no início – nunca mesmo. Quero dizer, foi tipo, ‘Ok, somos uma banda de rock.’ E antes de tudo, ainda somos uma banda de rock. Ainda somos uma banda de heavy metal. Este é o nosso núcleo. É nisso que somos melhores, por assim dizer, mas percebemos que havia muito mais que poderíamos fazer com o tema que escolhemos. E é por isso que há todas as extensões do que estamos fazendo, com vários vídeos, colaborações, esse tipo de coisa. Por termos escolhido o tema história e especificamente história militar, há muito mais que podemos fazer com a marca e com a banda.”

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Porém, o músico faz questão de deixar claro que sua arte não pode ser vista como verdade absoluta. Os interessados devem buscar aprofundamento.

“Sem dúvida, não importa o que façamos, estamos espalhando história e, sim, existem várias formas de acessá-la. E alguns acham isso ótimo. Eles ouvem uma música e, sim, talvez você não consiga aprender muito sobre algo em três minutos ou algo assim; temos apenas algumas palavras. É por isso que há mais detalhes em nosso site. Há artigos históricos também. E temos o canal de história onde fazemos documentários e você pode seguir em frente. E se isso não for suficiente para você, então o mundo está aí para ser descoberto. Não podemos ensinar-lhes a profundidade de um projeto específico. O máximo é tocar na superfície.

Mas eu acredito que uma pessoa que passe algum tempo com o Sabaton e, digamos, tiver exames escolares sobre a Primeira Guerra Mundial, pode aprender bastante com nosso site, nossas músicas e o nosso canal de história. Acho que você pode impressionar muito bem o seu professor se prestar atenção, porque vai absorver bastante informação. E o mesmo acontece com muitos outros tópicos que abordamos no passado.”

Porém, aí chega o ponto crucial da abordagem. Afinal de contas, não dá para desvincular aspectos políticos do histórico. Mas Pär acha que sim.

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“Acho que, para quem não entende de onde viemos, é muito fácil julgar as pessoas ou julgar o mundo. Se você conhece a história e se viu a história, digamos, de um ponto de vista mais objetivo, o que espero que as pessoas consigam fazer em um mundo livre, por assim dizer, então você verá, tipo, ‘Ok, isso aconteceu.’ E você fica tipo, ‘Aha. É por isso que há uma linha no mapa que é assim e não cobre aquela cidade ou a linha é desenhada ali. Ok, entendi. Aha. Então é por isso esta cidade se chama assim. Ou é por isso que estamos atualmente na França, mas todo mundo fala alemão nesta cidade.’ E esse tipo de coisa.

E você consegue muito mais se prestar um pouco de atenção à história. Também entenderá, ‘Ah, é por isso que essas pessoas não gostam dessas pessoas’ ou ‘essas pessoas realmente gostam dessas pessoas.’ Então, se você tiver esse tipo de compreensão maior do mundo, não acho que possa ser usado contra você. Acho que está a seu favor. Portanto, qualquer pessoa que tenha um bom conhecimento sobre história possui, esperançosamente e provavelmente, uma abordagem mais humilde para muitas coisas. Claro, pode haver muito ódio também – isso pode ser verdade. Você também pode definitivamente aumentar isso. É quando você faz política através da história. Tentamos evitar isso. Tentamos permanecer ‘história é história’.”

Sabaton atualmente

Entre o final do ano passado e abril do atual, o Sabaton lançou uma série de 3 EPs. “Weapons of the Modern Age”, “Heros of the Great War” e “Stories From the Western Front” prosseguem a temática baseada em acontecimentos da Primeira Guerra Mundial, tal qual seus dois últimos álbuns completos, “The Great War” (2019) e “The War to End All Wars” (2022).

Em janeiro, a associação sueca Vetenskap Och Folkbildning anunciou estar revisando a decisão de condecorar o grupo com o Årets Folkbildare 2022. O prêmio é dedicado anualmente a pessoas ou organizações que trabalham em prol da educação e da ciência. O motivo foi uma apresentação na Crimeia em 2015, após a anexação ilegal da península ucraniana por parte da Rússia. Para agravar a situação, o evento estaria ligado ao grupo extremista de motoqueiros Nattvargarna, que possui ligações diretas com o presidente Vladimir Putin.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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