O que é NFT? Saiba tudo sobre o novo formato queridinho da música

Enquanto parte do público ainda tenta se adequar ao formato do streaming de música, a tecnologia surpreende ao apresentar uma alternativa curiosa: o NFT, que está sendo usado para vender tipos diversos de arte (e rendendo uma fortuna).

Enquanto parte do público ainda tenta se adequar ao formato do streaming de música, a tecnologia surpreende ao apresentar uma alternativa curiosa: o NFT, que está sendo usado para vender tipos diversos de arte (e rendendo uma fortuna).

Para o desespero de quem já decorou siglas como LP, CD e MP3, o novo formato pode parecer ainda mais complexo. Por outro lado, estamos falando de algo que pode representar o futuro de como se consome música – especialmente após o longo período de prejuízo que a indústria do entretenimento viveu nos últimos anos, com a pirataria e mais recentemente com a pandemia.

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O que é NFT

NFT é uma sigla em inglês que pode ser traduzida como token não-fugível. Ou seja: uma unidade que não pode ser reproduzida ou copiada, como um certificado de autenticidade.

Só que essa certificação funciona através do blockchain, o ambiente digital onde as criptomoedas são comercializadas. É exatamente aí que a coisa pode começar a ficar um pouco complicada, mas que vamos explicar direitinho para você.

Basicamente, um artista pode vender NFTs contendo sua arte, ou fragmentos dela. Isso pode incluir músicas, álbuns, clipes, artes digitais e qualquer outra coisa que possa ser incluída, o que aumenta o leque de possibilidades

Apenas o comprador tem acesso ao conteúdo da NFT, que pode ser exclusiva, como um item único, ou possuir diversas cópias, como uma música que só pode ser adquirida dessa forma.

Como comprar NFT?

Para comprar uma NFT, é preciso investir em criptomoedas, principalmente a Ether, através da qual o blockchain comercializa a maioria das NFTs lançadas por artistas atualmente.

O processo não é tão simples para quem não está acostumado com esse tipo de investimento e requer a criação de uma criptocarteira, ou seja, uma espécie de pasta ou perfil pessoal onde as criptomoedas são guardadas.

Além disso, é necessário um certo conhecimento do blockchain, a rede onde tudo acontece. O ambiente é conhecido pelo alto nível de segurança, o que também é um dos principais atrativos do sistema.

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Criptomoedas, em geral, não são exatamente baratas. Um Ether está sendo cotado atualmente em R$ 12.499,97 (valor de 24/04/2021). Nem todas as NFTs operam nesse nível monetário, mas as mais exclusivas podem movimentar uma grande quantidade de dinheiro.

Em temos de pandemia, com turnês mundiais impossíveis de serem feitas, foi exatamente isso que chamou a atenção de muitos artistas, de vários estilos, que enxergam na NFT uma nova fonte de renda.

Falando em valores

Embora esteja crescendo entre os músicos, vários tipos de artistas estão explorando as NFTs. Um bom exemplo é Beeple, artista plástico digital que vendeu no início do ano uma obra chamada “Everydays: The First 5000 Days” como NFT.

O comprador adquiriu, além do certificado de autenticidade digital, uma colagem de 5 mil imagens digitais criadas pelo artista e pagou por elas US$ 69,3 milhões, o que foi considerado um dos maiores valores pelo qual um artista vivo conseguiu vender sua arte.

Na música, a cantora Grimes vendeu uma série de NFTs, algumas únicas e outras não, faturando cerca de US$ 6 milhões com as comercializações.

Outros, como o DJ 3LAU, exploraram ainda mais o potencial da NFT, vendendo em uma espécie de leilão. Nesse formato, onde todos os compradores receberam edições limitadas em LP de seu trabalho mais recente, mas quem pagou o maior valor recebeu o direito de colaborar com o próprio artista em uma nova música.

O futuro já começou

A ideia pode parecer futurista demais, mas é melhor já ir se acostumando com o fato de que as NFTs estão rolando nesse exato momento.

Artistas como Shawn “Clown” Crahan, do Slipknot, Mike Shinoda, do Linkin Park, e até bandas como o Megadeth já estão começando a explorar o formato. O mais recente single de Mick Jagger em parceria com Dave Grohl, “Eazy Sleazy”, teve a sua capa lançada como uma NFT e vendida em um leilão por US$ 50 mil – a renda foi destinada a músicos independentes do Reino Unido afetados pela pandemia.

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Um bom exemplo de como os artistas estão aderindo à novidade talvez seja o Kings of Leon. Seu álbum mais recente, “When You See Yourself”, foi lançado no formato por sugestão da equipe de marketing da banda, mesmo considerando que ninguém ali tinha muito conhecimento sobre o tema ou até mesmo acreditava que daria certo.

Apesar disso, o Kings of Leon conseguiu lucrar cerca de US$ 2 milhões colocando à venda junto com o álbum alguns itens digitais raros, como singles exclusivos e até mesmo um “ticket dourado”, que dá 4 ingressos vitalícios para qualquer show da banda, em qualquer lugar do mundo.

Nathan Followill, baterista do Kings of Leon, chegou a falar sobre os NFTs em entrevista ao repórter Felipe Branco Cruz, da revista Veja. Na ocasião, ele comentou sobre como a aposta da banda acabou dando certo e ajudando a impulsionar o novo trabalho.

Segundo o músico, houve uma certa resistência e desconfiança no início, mas o sucesso inesperado das vendas acabou rompendo com todo esse sentimento.

“Para ser honesto, nunca tinha ouvido falar de NFT. Temos que dar os créditos para o nosso time de marketing e nosso gerente, que nos deram essa ideia. Não tínhamos nada a perder. Aquilo nos deu uma conexão muito mais direta com os fãs – ao disponibilizarmos itens únicos e insubstituíveis, em vez de apenas lançar as músicas em uma plataforma de streaming. E isso pode ser algo tão simples quanto uma letra de música.”

A NFT está ainda engatinhando, mas aparece como uma alternativa interessante e adequada à situação atual do mercado musical, podendo impactar na classe artística como um todo.

Embora claramente não seja um produto de divulgação, com poder de chegar às massas (pelo menos por enquanto), o modelo desponta como a maior inovação no setor desde o surgimento do streaming.

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André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Interessado em música desde a infância, teve um blog sobre discos de hard rock/metal antes da graduação e é considerado o melhor baixista do prédio onde mora. Tem passagens por Ei Nerd e Estadão.

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