Em ‘novo’ álbum, Jack Slamer mostra que seu hard rock empoeirado tem futuro

 

Resenha: Jack Slamer – “Jack Slamer” (2019)

As bandas apontadas como “salvação do rock” são, de forma quase invariável, aquelas que apresentam elementos do chamado classic rock. Basta ter uma pegada semelhante à de nomes como Led Zeppelin, Rolling Stones ou alguma banda de hard rock da década de 1970 para ganhar o nababesco título de “resgatador” de algo que nem precisa ser resgatado.

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Outro fato em comum entre as bandas que são – ou podem ser – creditadas como “a salvação do rock” é que, apesar da pressão que alguns veículos de imprensa e até fãs colocam em cima desse ponto, são grupos de boa qualidade musical. É o caso do Jack Slamer, banda suíça que está lançando seu novo álbum, autointitulado, pela Nuclear Blast, com edição nacional da Shinigami Records.

Formado por Florian Ganz no vocal, Cyrill Vollenweider e Marco Hostettler nas guitarras, Hendrik Ruhwinkel no baixo e Adrian Böckli na bateria, o Jack Slamer já foi elogiado por mim na data em que divulgou o álbum, na já tradicional lista de lançamentos. Saber que uma banda desconhecida e recomendada por mim ganhou a atenção de um selo nacional me deixa contente.

Não fica claro, de início, se esse disco é o primeiro do Jack Slamer ou não. A Shinigami o anuncia como o trabalho de estreia e só ele é encontrado nas plataformas digitais, porém, o grupo lançou “Noise From The Neighbourhood” em 2012 e esse mesmo trabalho autointitulado, em 2016, conta com 10 das 12 músicas presentes no relançamento, da Nuclear/Shinigami, datado deste ano. As duas últimas faixas foram gravadas exclusivamente para essa novidade, inclusive.

Pontos técnicos à parte, o Jack Slamer mostra qualidade nas composições desse álbum e deixa exalar suas influências, que não se resumem apenas ao hard rock setentista de nomes como Led Zeppelin e Deep Purple, como, também, se estendem a referências que vão de Rival Sons a Wolfmother – a voz de Florian Ganz é idêntica à de Andrew Stockdale. As comparações com outros grupos são naturais nessa etapa da carreira, mas a competência mostrada em composições como a abertura “Turn Down the Light”, a lisérgica “The Truth Is Not A Headline” e a arrastada “There’s No Way Back” faz com que o ouvinte se esqueça um pouco da questão “velho-novo”.

Como qualquer álbum de estreia, o debut do Jack Slamer apresenta alguns pontos a serem melhorados. O release destacou que os músicos passaram apenas duas semanas gravando o material com o produtor André Horstmann, no estúdio alemão Neuwerk Studios. Embora algumas faixas sejam frutos evidentes de jams e improvisos, um trabalho de pré-produção seria bem-vindo para deixar as músicas mais envolventes e até “grudentas” – algo que os contemporâneos do Greta Van Fleet fazem muito bem.

Ao que tudo indica, o futuro do Jack Slamer é promissor, já que as duas músicas colocadas como bônus, “Honey & Gold” e “Burning Crown”, foram gravadas algum tempo depois das outras 10 e já apresenta uma dose extra de maturidade e de consciência autoral. A primeira faixa citada, inclusive, tem cara de single e poderia ganhar um clipe.

Dá para dizer que o Jack Slamer tem futuro, ainda que com um tipo de som visto como algo “do passado”. O hard rock repleto de groove do quinteto suíço merece ser ouvido por todo fã de rock clássico e empoeirado.

Florian Ganz (vocal)
Cyrill Vollenweider (guitarra)
Marco Hostettler (guitarra)
Hendrik Ruhwinkel (baixo)
Adrian Böckli (bateria)

01. Turn Down The Light
02. Entire Force
03. The Wanted Man
04. The Truth Is Not A Headline
05. Red Clouds
06. Biggest Mane
07. The Shaman And The Wolves
08. There’s No Way Back
09. I Want A Kiss
10. Secret Land
11. Burning Down (bônus)
12. Honey & Gold (bônus)

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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