A tarefa complicada que é comprar ingresso online para grandes shows no Brasil

(Foto: Thomas Hawk / Flickr)

Sempre que um show grande é anunciado no Brasil, a expectativa de milhares de fãs vai às alturas. No entanto, o público paga por pecados que não deveria quando quer exercer um simples direito de consumidor: a compra.

O caso mais recente aconteceu na madrugada desta quarta-feira (4). Fãs do Aerosmith tentaram comprar ingressos para a apresentação da banda em São Paulo (SP), que acontece no dia 15 de outubro. A empresa responsável pela comercialização de entradas deu início às vendas quase cinco meses antes do show.

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Ainda assim, os problemas apresentados foram os mesmos de sempre: site instável, mudança no processo de compra (usuários foram transferidos para uma “fila virtual”), problemas no cadastro de dados, entre outros elementos que caracterizam um severo descaso com os consumidores.

Na página da empresa responsável pelas vendas no Facebook, mais de 600 comentários – praticamente todos com reclamações – foram feitos por consumidores em cerca de 35 minutos. Mais pessoas reagiram com a opção “Grr” (que demonstra raiva com a situação da publicação) do que com curtidas. O início das vendas era anunciado para 0h01, mas os interessados precisaram esperar ao longo da madrugada para obterem suas entradas.

A situação foi ainda pior para eventos cujas entradas eram mais concorridas, como o show de David Gilmour e o festival Rock In Rio. Nesses casos, a fila de espera era interminável e muitas pessoas alegaram ter sofrido com problemas no momento da compra ou que os ingressos desejados já estavam esgotados.

Como não se trata de uma relação comercial padrão, não há alternativas ou concorrentes nesse mercado. Quem quer assistir a algum show de determinada banda no Brasil, precisa passar por esse processo, pois apenas uma empresa gerencia a venda de ingressos para o público.

As críticas não são direcionadas especificamente à empresa que coordenou o processo de venda desta vez. Como dito anteriormente, os problemas acontecem em, praticamente, todo processo de venda de ingressos para shows de grande porte. O amadorismo impressiona até hoje.

Taxa de “conveniência”

Curiosamente, as empresas que disponibilizam os ingressos para venda – e proporcionam tantos problemas para os clientes – também cobram taxa de conveniência. Além do preço cobrado pelo ingresso, insere-se mais 15%, aproximadamente, do valor do ingresso, como cobrança extra para suprir essa taxa.

As empresas responsáveis pela venda de ingressos afirmam que a taxa de conveniência cobre custos como manutenção de um site que suporte a demanda (apesar de raramente suportar), sistema de segurança, atendimento especializado, entre outros. Na prática, porém, torna o procedimento ainda mais caro e o retorno em comodidade é quase nulo. Além disso, a legalidade da taxa é frequentemente questionada por consumidores e até órgãos de defesa do consumidor.

Estamos em 2016. Dezenas de grandes turnês passam pelo Brasil anualmente. Inclusive, quatro dos 15 shows mais lucrativos de 2016, até o momento, aconteceram no Brasil, conforme reportado anteriormente. É necessário buscar algum avanço, seja com protestos dos consumidores ou com denúncias a órgãos de defesa do consumidor. Se depender das empresas responsáveis pela venda de ingressos, os fãs ficam para escanteio.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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