Vá para casa, Paul Di’Anno

Paul Di’Anno tem a mesma idade que Bruce Dickinson. Ambos têm 57 anos e só alguns meses de diferença – o primeiro nasceu em maio e o segundo, em agosto de 1958. No entanto, basta dar uma olhada em fotos ou vídeos atuais de ambos para entender porque Di’Anno precisa se aposentar com urgência.

Recentes vídeos de uma performance no Japão mostram Paul Di’Anno em uma cadeira de rodas. O cantor não perdeu a capacidade de andar. Ele está dessa forma porque tem evitado desgastar os joelhos, que, segundo o próprio, deveriam ter sido operados há, pelo menos, cinco anos.

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Não é uma novidade ver Paul Di’Anno sentado, pois ele se apresentou dessa forma no Wacken Open Air e em uma recente turnê no Brasil, ambos em 2015. No entanto, muitos fãs ainda se surpreendem com o estado do cantor, que também demonstra muito desgaste em sua voz. Na performance de “Phantom Of The Opera”, registrada no vídeo abaixo, Di’Anno mistura o seu estilo rasgado de cantar com técnicas de falsete, como se estivesse tentando imitar Bruce Dickinson. Incrivelmente, falha nos dois estilos. Além disso, perde o ritmo e o tom em alguns momentos – algo que se repete em outras filmagens, dessa e de outras noites.


Já deixei claro em textos anteriores que sou entusiasta do bom envelhecimento e, em certos casos, da aposentadoria. O pensamento de que o artista deve “morrer no palco” é retrógrado. Não se trata apenas de continuar fazendo o que gosta, mas de saber o que faz e de se cuidar o suficiente para entregar um bom produto ao público. Música é paixão, mas também é negócio. Vale destacar, ainda, que não é só por Di’Anno estar se apresentando em uma cadeira de rodas, mas por todo o contexto que envolve essa situação.

Di’Anno ainda não parou porque ainda há um público que não está diretamente interessado em seu trabalho, mas em sua história. Até mesmo no Brasil há muitos desses fãs que procuram ir em suas apresentações não para ouvi-lo cantar, mas para dizer que o viu ao vivo.


O errático Paul Di’Anno tomou muitas decisões erradas em sua vida. No âmbito pessoal, optou por um ranço com os ex-colegas de Iron Maiden. Além disso, os vícios prejudicaram sua saúde. Profissionalmente, deu “barrigadas” com o projeto de AOR Di’Anno na década de 1980 e infinitas turnês – até hoje – que privilegiavam apenas o material registrado com o Maiden.

A aposentadoria definitiva de Paul Di’Anno, por sua vez, seria uma decisão correta. Aliás, ele anunciou que faria isso anos atrás, mas voltou atrás e ainda disse que todos o entenderam errado. Nem mesmo o bom disco do Architects of Chaoz, gravado pelo cantor com sua banda de turnê de longa data, The Phantomz, fez com que as atenções voltassem para ele. Vá para casa, Di’Anno, sem olhar para trás. Você e seu legado são maiores do que tudo isso.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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