Solo histórico de Prince no Rock Hall teria sido por vingança, segundo documentário

Músico celebrou George Harrison com performance memorável de “While My Guitar Gently Weeps”

Em 2004, George Harrison foi introduzido ao Rock and Roll Hall of Fame como artista solo. O músico já havia sido celebrado pela instituição com os Beatles no ano de 1988. À época, com John Lennon falecido e Paul McCartney ausente, encabeçou os festejos. Porém, duas décadas depois, já não estava mais lá, tendo morrido três anos antes.

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Sendo assim, coube a uma série de amigos e fãs celebrar o momento. A performance conjunta após o discurso da viúva Olivia e do filho Dhani contou com Tom Petty, Steve Winwood e Jeff Lynne.

Mas quem se sobressaiu foi Prince. O astro mostrou por que é um dos guitarristas mais respeitados entre seus pares com uma performance histórica em “While My Guitar Gently Weeps”.

O momento não foi sem propósito. Em entrevista ao New York Times, repercutida pelo Ultimate Classic Rock, Sasha Weiss, roteirista de um novo documentário sobre o astro, contou que o sentimento de vingança teve papel preponderante no desempenho do popstar americano.

O motivo principal foi sua exclusão da lista dos 100 melhores guitarristas de acordo com a Rolling Stone, publicada um ano antes. Disse o escritor:

“Prince alimentou o sentimento de ter sido desrespeitado. Sua performance de palco — em um evento associado a Jann Wenner e à Rolling Stone — foi, em parte, um ato de vingança. Há rancor e agressão na performance. Mas também há dor — em seu rosto estremecendo, sua sensação de exclusão: um pequeno e elegante homem negro no palco com esses roqueiros brancos amarrotados.”

No documentário, a performance de Prince é contrastada com cenas de seu passado, incluindo a infância tumultuada.

“De repente, essa performance triunfante ganha outra dimensão de insegurança e insistência diante de todos os céticos — o establishment do rock branco, seus pais incompreensivos, os demônios em sua cabeça. O lamento que ele provoca na guitarra é tão impactante que você quer chorar também. Um amigo próximo dele me disse mais tarde que Prince assistia a essa performance várias e várias vezes.”

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O registro oficial pode ser conferido abaixo. Reparem como Prince permanece discreto, quase incógnito, até que chega seu momento de brilhar e ele toma a linha de frente das ações.

O documentário de Prince

Dirigido por Ezra Edelman e financiado pela Netflix, o documentário sobre Prince teve sua produção iniciada em 2019. Porém, até hoje não há certeza que chegará ao público em algum momento. O ponto crucial do problema aparentemente decorre de um debate sobre a edição final.

Quando o cineasta acertou as bases de contrato, o espólio do artista estava sendo administrado por um banco em Minnesota. Ele teve acesso ao amplo cofre de material do músico junto com uma promessa de que não haveria influência sobre seu trabalho e ponto de vista.

No entanto, anos depois, o espólio mudou de mãos. Seus novos executores supostamente se opuseram à representação de Prince por Edelman — que incluía seu talento prodigioso, mas também sua natureza controladora e, às vezes, sua maneira confrontacional.

Beatles e “While My Guitar Gently Weeps”

“While My Guitar Gently Weeps” não chegou a ser lançada como single. Porém, isso não a impediu de se tornar um grande sucesso, especialmente por mostrar a capacidade dos Beatles de ampliar seus parâmetros técnicos, em sincronia com os caminhos que o rock passava a adotar à época.

Presente em “The Beatles” — o famigerado “White Album”, de 1968 —, a faixa contou com a participação de Eric Clapton. O músico não foi creditado nas sessões originais por questões burocráticas.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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