Judas Priest deixa o melhor para faixas que não eram singles em “Invincible Shield”

Álbum tem mais força do que as primeiras músicas liberadas mostraram, com vários momentos dignos de nota

Em seu mais recente trabalho, “Firepower”, o Judas Priest voltou a oferecer material de qualidade como em seus melhores momentos. Após uma sucessão de trabalhos irregulares, as coisas estavam entrando nos eixos novamente. Veio a pandemia, Rob Halford enfrentou um câncer, Richie Faulkner quase morreu em pleno palco e surgiu a bizarra ideia de fazer uma turnê como quarteto – sabiamente abandonada após chiadeira geral.

No meio disso tudo, um novo disco estava sendo preparado. A espera foi muito maior que a imaginada, mas “Invincible Shield” finalmente foi disponibilizado ao público. Era a chance de a banda que melhor simboliza o espírito do heavy metal – sim, outras são/foram até maiores, mas nenhuma incorpora o estilo com tamanha prioridade – mostrar que o antecessor havia sido o desencadeador de uma sequência certeira.

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A abertura do tracklist é com “Panic Attack”, primeira canção divulgada, ainda no final do ano passado. A introdução climática dá espaço a uma música que conserva várias das principais características sonoras do grupo em outras épocas. Poderia ter ficado melhor com alguns solos mais “sujos”. A sequência vem com “The Serpent and the King”, que também já era conhecida previamente. Entre as que saíram antes do disco completo, é a melhor com sobras, mostrando potência e um arranjo que fará verter lágrimas em nostálgicos de plantão.

A seguir, temos a primeira real novidade com a faixa-título. Fica a dúvida sobre o que a levou a não ser divulgada antes, já que se trata de uma composição empolgante, digna dos melhores momentos da história dos ingleses, superando com sobra as anteriores. “Devil in Disguise” traz riffs na linha do que Faulkner fez recentemente em seu projeto paralelo, Elegant Weapons, também destacando a eficiente condução de Scott Travis na bateria. A pegada mais próxima do hard rock se apresenta em “Gates of Hell”, lembrando até mesmo algo do Scorpions nos anos 1980.

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A melodia repetitiva de “Crown of Horns” já havia sido disponibilizada anteriormente e se mostra um dos momentos menos inspirados, assim como “Trial By Fire”. Não acrescentam nada à audição. Entre elas está “As God is My Witness”, que tem Halford como destaque, colocando seu registro para trabalhar.

“Escape From Reality” e “Sons of Thunder” são as contribuições de Glenn Tipton ao repertório. O esforço do guitarrista debilitado por sua doença debilitante merece aplausos e reconhecimento. A primeira faz um aceno aos conterrâneos do Black Sabbath, enquanto a segunda é a mais curta, única a não atingir três minutos de duração.

O tracklist convencional é finalizado com “Giants in the Sky”, homenagem a figuras históricas do rock e do metal que já se foram, com ênfase em Ronnie James Dio e Lemmy Kilmister. A edição deluxe ainda traz uma trinca que serve mais como um agrado mesmo. A curiosidade fica por conta de “The Lodger”, assinada por Bob Halligan Jr, que colaborou em músicas dos anos 1980 como “(Take These) Chains” e “Some Heads Are Gonna Roll”.

Tendo em vista a idade avançada de quase todos os envolvidos e os sérios problemas de saúde que envolvem todos os seus integrantes – incluindo câncer, Parkinson e condições cardíacas ameaçadoras –, cada álbum do Judas Priest pode ser visto como um potencial último da discografia. Com isso em mente, não é de se surpreender que tenhamos aqui um resumo de características, um testamento à grandiosidade dos britânicos. O resultado é melhor do que as prévias antecipavam.

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Estabelecendo inevitáveis comparações, “Firepower” segue sendo o melhor trabalho do grupo desde “Painkiller” – para alguns até antes disso. Porém, “Invincible Shield” supera “Redeemer of Souls” e todos os sucessores do álbum de 1991 – ok, muitos amam “Jugulator”, que possui seus méritos. Entre prós e contras, o Metal God e seus apóstolos seguem sendo a atração que simboliza um movimento que ganhou vida própria graças aos filhos de Birmingham, Inglaterra.

*Ouça “Invincible Shield” a seguir, via Spotify, ou clique aqui para conferir em outras plataformas digitais.

*O álbum está na playlist de lançamentos do site, atualizada semanalmente com as melhores novidades do rock e metal. Siga e dê o play!

Judas Priest – “Invincible Shield”

  1. Panic Attack
  2. The Serpent and the King
  3. Invincible Shield
  4. Devil in Disguise
  5. Gates of Hell
  6. Crown of Horns
  7. As God is My Witness
  8. Trial by Fire
  9. Escape from Reality
  10. Sons of Thunder
  11. Giants in the Sky

Faixas da edição deluxe:

  1. Fight of Your Life
  2. Vicious Circle
  3. The Lodger

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

3 COMENTÁRIOS

  1. Não é nenhum “Firepower 2”, até porque o álbum anterior do JP ainda é excepcional. Mas este novo petardo dos caras não comprometerá o enorme impacto que foi o disco de 2018. As 11 faixas estão ótimas (12 na minha versão, com a bônus “Vicious Circle” antes de “Giants in the Sky”), capa excelente, produção idem. Ou seja: Invincible Shield tem tudo para ser o melhor álbum de 2024, ao menos para mim…

  2. Disco bom pra dedéu! Metal pra chuchu! E “debilitado por sua doença debilitante” é um toque estilo José Canjica Martins, personagem encorporado pelo finado Fausto Fanti.

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