Ascensão e tretas do Angra inicial dão tom do episódio 2 de “Andre Matos – Maestro do Rock”

Nova parte do documentário está em circuito de exibição independente pelo Brasil, com estreia em várias cidades nas próximas semanas

Após exibição no Waves Stage do Summer Breeze Brasil, o segundo episódio do documentário “Andre Matos – Maestro do Rock” enfim tem recebido estreias abertas ao público. São Paulo será a próxima cidade a receber o capítulo, com sessões na próxima sexta-feira (19) e no sábado (20), no Teatro J. Safra. O serviço completo está disponível ao fim deste texto.

Na última terça-feira (16), o filme foi exibido em um evento reservado para a imprensa no The Metal Bar, na capital paulistana. Também foi promovida uma coletiva com o diretor Anderson Bellini, o jornalista e produtor Thiago Rahal Mauro e o primo de Andre, o publicitário Eco Moliterno, bem como um pocket show onde Andre Bastos, guitarrista da formação inicial do Angra, mostrou versões das canções originais do grupo ao lado de Eric Bruce, vocalista de um tributo oficial a Andre Matos.

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Da esquerda para a direita: Eco Moliterno, Anderson Bellini e Thiago Rahal Mauro (Foto: Anderson Hildebrando @andersonh_fotografia | Heavy Metal On Line / Metal no Papel)

O episódio 2 do documentário, talvez o mais aguardado entre todos, foca justamente no período em que Andre, falecido em 2019, fez parte do Angra. O cantor foi um dos fundadores do grupo, em 1991, e permaneceu até 1999, quando saiu e levou consigo o baixista Luís Mariutti e o baterista Ricardo Confessori em meio a um traumático rompimento com os guitarristas Rafael Bittencourt e Kiko Loureiro e o empresário Antonio “Toninho” Pirani.

Todos os pontos relacionados à carreira do Angra foram abordados ao longo dos 135 minutos do capítulo. Ainda que Andre, Rafael e Kiko sejam obviamente protagonistas em tempo de tela, cada músico que fez parte do projeto antes de sua formação definitiva se estabelecer é citado e ouvido — até mesmo o primeiro baixista, André Lichewitz, que hoje é rabino em Israel e na época estudava violão clássico, mas foi trazido para que se fizesse parecer um grupo.

As gravações de todos os álbuns produzidos pela banda ainda com Andre também são narradas por quem esteve lá, incluindo nomes internacionais, como o guitarrista Kai Hansen (Helloween, Gamma Ray), dono do estúdio onde o primeiro disco, “Angels Cry” (1993), foi feito, e os produtores Charlie Bauerfeind e Sascha Paeth. Houve o cuidado, ainda, de trazer músicos de bandas com as quais o vocalista colaborou na segunda metade da década, como convidado especial, a exemplo de Rodrigo Alves (que chegou a reuni-lo com Edu Falaschi numa faixa em 1997) Nepal, Time Machine e Superior.

Como no primeiro episódio, o formato adotado pela produção não dispõe de narrador. Os próprios entrevistados conduzem a história. Abdica-se de caprichos estéticos, como gravações bem feitas de todos os participantes ou visitas a muitos locais importantes nessa história, para se priorizar o volume de informações a partir das declarações obtidas. Especialmente para o fã mais ávido, que colaborou com a produção independente via financiamento coletivo, isso representa um grande acerto, já que se trata de uma história nunca contada de forma tão ampla.

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Silêncio em meio a tantas vozes

Em meio aos cerca de 100 entrevistados com os quais a produção de “Andre Matos – Maestro do Rock” conseguiu gravar, pesa bastante o silêncio de três nomes ausentes no documentário. Antonio Pirani, muito citado especialmente na etapa final do segundo episódio, não aceitou conversar com os envolvidos. Já Luís Mariutti e Ricardo Confessori gravaram seus depoimentos, mas após a estreia do primeiro capítulo, pediram a retirada de suas falas.

Durante a coletiva, Eco Moliterno destacou:

“O ideal e a premissa era ter a opinião de todos. Com o decorrer, especialmente após o primeiro episódio, duas pessoas que já haviam gravado disseram que preferiam ficar de fora. Não teve briga, foi super na boa. Nós respeitamos. Cumprimos a missão inicial de ouvir todos, foi algo que o próprio Andre pediu. Mas tê-los [Luís e Ricardo] falando apenas reforçaria pontos que já estão aqui. Não teve nada que eles não trouxeram que outros não falaram.”

Por sua vez, Anderson Bellini comentou:

“O Pirani nem chegou a gravar. Esse lado talvez a gente nunca vai saber, infelizmente. Mas respeitamos a vontade de todos. O filme não deixou de contar a história, até porque é a história do Andre. Contamos a história do Angra com dois pontos de vista, mas o foco sempre foi no Andre.”

Terceiro episódio

Ainda não há previsão de estreia para o terceiro episódio, visto que toda a produção é independente, o que faz cada etapa ser desenvolvida de forma mais lenta. Porém, diante das ausências mencionadas no segundo capítulo, perguntamos aos três envolvidos com o documentário a respeito do tom que a história adotaria a partir dali, visto que, sem o depoimento de Ricardo Confessori, não será possível abordar todos os lados do rompimento traumático do grupo em 2006 – quando Andre Matos e Hugo e Luís Mariutti saíram e Confessori remontou o projeto com outros músicos.

Anderson Bellini, inicialmente, respondeu:

“Comecei a editar o filme durante a pandemia, a ideia era fazer um só. Mas aí eu vi que estava com 10 horas de filme. Cheguei para o Eco, começamos a pensar em alternativas. O filme já está pré-editado, inclusive com as falas do Ricardo e do Luís que pediram para retirar. Para falar a verdade, não pensamos em como faremos. Mas, infelizmente, será a mesma coisa de não ter um lado. O lado do Toninho nesse segundo episódio seria muito esclarecedor com relação às questões de pirataria, o não-fechamento com a Sanctuary [Records, gravadora do Iron Maiden que tentou contratar o Angra no fim da década de 1990] e todas as outras dúvidas. Só que ele não quis falar. Talvez a gente nunca fique sabendo. Então, entram as opiniões do Andre, Hugo e Fabio. A do Luís é a mesma do Hugo. Infelizmente, não terá o lado do Ricardo.”

Por outro lado, o diretor destacou:

“É um filme sobre Andre Matos, não um documentário sobre o Shaman. Talvez um dia, se eles fizerem esse documentário, vão conseguir ter os dois lados. Mas não estamos nem muito preocupados. Estamos mais preocupados em falar sobre o Virgo, pois muitos não sabem dele, mas os fãs gostam muito. O Sascha nos forneceu um material riquíssimo e inédito. Vamos falar sobre Virgo, Avantasia e vários outros projetos – ele fez até teatro, musical, na época. Não é um filme sobre o Shaman. Obviamente, com o Angra, fomos mais detalhados porque foi com ela que o Andre se tornou internacionalmente conhecido.”

Não está definido, também, se serão três ou quatro episódios ao todo. Eco Moliterno afirmou que o projeto inicial envolvia quatro capítulos, mas que a história pode ser condensada para que o terceiro ofereça a conclusão.

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Serviço – “Andre Matos – Maestro do Rock”

O documentário “Andre Matos – Maestro do Rock” terá sessões nas seguintes cidades: São Paulo (ingressos no site Eventim), Lençóis Paulista, Fortaleza, Recife, João Pessoa, Rio Verde, Jundiaí, Curitiba (ingressos no site Sympla), Vitória, Santo André, Bragança Paulista, Belo Horizonte e Palmas. Rio de Janeiro e Belém já foram contempladas com eventos próprios nos últimos dias.

A agenda de exibições presenciais pode ser conferida abaixo. Ainda não há previsão de estreia em formatos online.

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Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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