A história do caótico filme “Super Mario Bros” de 1993

Longa em formato live-action mal lembrava a querida franquia da Nintendo e teve uma produção pra lá de conturbada do início ao fim

A animação “Super Mario Bros – O Filme” tem estreia marcada para março de 2023 nos cinemas brasileiros e já é muito aguardada pelos fãs do encanador bigodudo. O filme marcará o retorno do querido personagem às telonas, algo que parecia distante por conta da versão live-action de “Super Mario Bros”, lançada em 28 de maio de 1993.

Caso não se lembre, este foi o primeiro filme do herói da Nintendo nas telonas. Acabou por se tornar um verdadeiro desastre em vários aspectos, o que rendeu bastante críticas negativas pelos fãs da franquia.

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Dá para dizer que foi um fracasso por ter sido feito em meio a um verdadeiro caos, desde sua concepção até sua edição. Caso queira conhecer mais alguns detalhes desta curiosa história, continue a leitura abaixo. As informações são dos sites Collider, The Guardian e Nintendo Life.

“Super Mario Bros”, o filme de 1993

Por mais que fosse baseado na franquia mais famosa da Nintendo, o filme “Super Mario Bros” quase não lembrava os jogos do Mario que caíram no gosto do público – um ponto que já explica seu fracasso.

De início, o filme revela que após um meteoro cair na Terra milhões de anos atrás, os dinossauros não foram exatamente extintos, mas passaram a viver em uma dimensão paralela, criada por conta do evento. Aos poucos, os animais começaram a evoluir em uma espécie humanoide e criaram a cidade distópica de Dinohattan nesta dimensão. Já seria o suficiente pra desagradar qualquer fã dos games, não concorda?

No restante do enredo, os irmãos encanadores Mario (Bob Hoskins) e Luigi (John Leguizamo) precisam resgatar a Princesa Daisy (Samantha Mathis), que foi sequestrada e levada para essa dimensão paralela.

O grande vilão de “Super Mario Bros” é o Rei Koopa (Dennis Hopper), que seria o Bowser desta versão cinematográfica e é o presidente de Dinohattan.

As críticas feitas ao longa ocorreram especialmente por conta de sua história, tom inconsistente e praticamente nenhuma fidelidade com o material de origem. No site Rotten Tomatoes, sua aprovação é de apenas 28%.

Apesar destes problemas, “Super Mario Bros.” ganhou alguns elogios por conta de seus efeitos especiais e direção artística.

A turbulenta e caótica produção

O fiasco de “Super Mario Bros” certamente se deu por conta de toda sua produção, marcadas por inúmeras mudanças, conflitos, contratempos e até mesmo um ataque de raiva de um dos atores.

Quem teve a ideia original de gravar um filme baseado na franquia Super Mario foi o diretor Roland Joffé. Ele chegou a escrever um roteiro e o apresentou pessoalmente a Hiroshi Yamauchi, que foi o presidente da Nintendo por décadas.

Os direitos da franquia foram vendidos para Joffé. Por mais que sempre exigisse parte do controle criativo em projetos desta natureza, a Nintendo deu total liberdade para a produção, pois sabia que um filme daria margem para experimentação.

Roland Joffé já havia dirigido dois filmes que ganharam o Oscar, mas ele não tinha interesse em ocupar o posto em “Super Mario Bros”. Queria apenas ser o produtor.

O primeiro erro cometido pela produção de “Super Mario Bros” foi a escalação do casal Rocky Morton e Annabel Jankel para a direção, o que você já irá entender.

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Após a escolha dos diretores, o segundo equívoco – e talvez o maior de todos – tem relação ao roteiro. A Nintendo, produtores e diretores não conseguiam chegar a um consenso em relação ao enredo e tom para o filme.

Por exemplo, a primeira versão era muito semelhante à do longa “Rain Man”, por ter sido escrito pelo mesmo roteirista, Barry Morrow. Já outra tinha uma aproximação mais leve, que misturava elementos de contos de fadas com humor.

Uma terceira versão da história apresentou contornos de drama, pois explorava a relação de Mario e Luigi como irmãos, que eram órfãos e cresceram com alguma dificuldade.

O roteiro só começou a ganhar um pouco mais de forma com a contratação de Parker Bennett e Terry Runté. A dupla de roteiristas optou por uma temática de ficção científica após um pedido dos diretores.

No entanto, Rocky Morton e Annabel Jankel logo ficaram entediados com esta possibilidade e pediram algo que lembrasse “Caça-Fantasmas”. Foi por conta deste desejo que os dois roteiristas introduziram a cidade de Dinohattan.

Pouco antes de o filme iniciar as gravações, o próprio Roland Joffé notou que errou ao escolher Morton e Jankel para a direção e que a história estava sombria demais.

Assim, ele chamou Ed Solomon – sem avisar os diretores – para tentar salvar o roteiro. Mas nisso, outro problema surgiu: a mudança desagradou parte do elenco, pois quando fecharam seus acordos, o enredo era bem diferente.

Sem escolha, Joffé teve de recontratar Parker Bennett e Terry Runté – que haviam sido demitidos – para fazer novas mudanças na história. Justamente por conta de todo este caos, os dois ainda serviram de “ponte” entre atores, produtores e os diretores.

Afinal, como você percebeu, praticamente ninguém falava a mesma língua.

Um pesadelo de gravação

Já deu pra notar a verdadeira desorganização que foi a produção de “Super Mario Bros”, não é mesmo? Para piorar, podemos citar um terceiro fator que fez o projeto fracassar: essas mudanças no roteiro aconteceram já durante as gravações do filme.

As modificações eram tantas que o elenco só memorizava suas falas momentos antes de gravarem a cena em questão. Bob Hoskins e John Leguizamo se frustraram tanto que passaram a beber bastante no set para aliviar o estresse.

A frustração de Hoskins com o projeto foi tanta que ele já declarou ter sido seu pior trabalho. Em entrevista para o The Guardian, disse que tudo foi um “pesadelo” e culpou o casal de diretores.

“O pior trabalho que fiz? ‘Super Mario Bros’. Aquilo foi uma p*rra de um pesadelo. Toda a experiência foi um pesadelo. Tínhamos aquele marido e mulher na direção, cuja arrogância foi confundida com talento. Após algumas semanas, o próprio agente deles disse para eles saírem do set. Foi uma p*rra de um pesadelo. Dois grandes idiotas.”

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Richard Edson, baterista original do Sonic Youth que interpretou o personagem Spike no filme, relembrou, também para o The Guardian, um ataque de fúria de Dennis Hopper contra Rocky Morton e Annabel Jankel.

“Estávamos no quarto do Rei Koopa. Dennis entrou e parecia irritado. Ele murmurava pra ele mesmo e não olhava pra ninguém. Aí, os diretores perguntaram: ‘o que foi, Dennis?’. Ele começou a gritar com a Annabel e o Rocky. Disse para eles que não eram profissionais, que nunca havia visto coisa parecida.

Rocky perguntou: ‘Dennis, o que aconteceu?’. E ele respondeu: ‘vocês reescreveram minhas falas! Vocês sabem escrever? Isso é um m*rda! Uma m*rda! E ainda fazem sem me perguntar?’. E ele continuou. Não conseguiu se controlar.”

Para o site Nintendo Life, Rocky Morton deu sua versão para os problemas do filme. O diretor confirmou que as mudanças no roteiro também o desagradaram e atrapalharam as gravações – muitos sets que haviam sido construídos não se casavam com as modificações no enredo -, que ele considerou “difíceis” e “fora de ordem”

No final, ao ser questionado sobre a experiência de ter gravado “Super Mario Bros”, resumiu tudo em uma única palavra:

“Humilhação.”

Dos acidentes aos cortes

Também ocorreram alguns acidentes durante as filmagens. Por exemplo, John Leguizamo quebrou, sem querer, um dedo de Bob Hoskins durante uma cena – há quem diga que o incidente foi consequência da bebedeira da dupla. É por isso que Mario apareceu com uma tala nas mãos em diversos momentos do longa.

Além disso, as calças de um dublê pegaram fogo em uma ocasião. Um eletricista quase morreu após ter tocado uma escada que estava energizada.

Até mesmo a pós-produção foi conturbada. Com a constatação de todos que o casal de diretores foi considerado o grande culpado pelo fracasso, Rocky Morton e Annabel Jankel foram impedidos de comandar as regravações. Também não puderam editar o próprio filme que gravaram, algo praticamente inimaginável – afinal, o diretor de qualquer longa precisa estar envolvido com este processo igualmente importante.

“Super Mario Bros” se tornou um exemplo do que não se deve fazer com um filme. Afinal, todo o projeto foi mal concebido desde o início, o que também afetou suas gravações e pós-produção. Tudo foi um verdadeiro caos. Não à toa, decepcionou em sua arrecadação: rendeu US$ 38,9 milhões em bilheteria, o que não cobriu nem mesmo o investimento estimado entre US$ 42 milhões e US$ 48 milhões.

Talvez isso explique por que a Nintendo, durante anos, ficou tão reticente em conceder os direitos de suas principais franquias para estúdios de cinema. A nova animação de 2023 promete mudar isso.

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Augusto Ikeda
Augusto Ikedahttp://www.igormiranda.com.br
Formado em jornalismo pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Atua no mercado desde 2013 e já realizou trabalhos como assessor de imprensa, redator, repórter web e analista de marketing. É fã de esportes, tecnologia, música e cultura pop, mas sempre aberto a adquirir qualquer tipo de conhecimento.

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