Grata surpresa, “The Final Battle” recoloca Stryper na curva ascendente

Novo álbum dos pais do metal cristão se ancora em bons refrãos e numa receita que incorpora o que há de melhor nos passados distante e recente da banda

A cada novo disco que lança — seja à frente do Stryper, como artista solo ou parte de um projeto como o Sweet & Lynch com o guitarrista George Lynch —, Michael Sweet diz: “este é o melhor trabalho que já fiz”. Apesar de os fãs rebaterem ou acharem graça, é fato que a obra recente de sua principal banda está à altura da definição.

Por N motivos, “No More Hell to Pay” (2013), “Fallen” (2015) e “God Damn Evil” (2018) estão entre os melhores lançamentos da banda e cada um deles representou um avanço se comparado com seu antecessor. O problema é que o último da trinca, que marca a estreia do baixista Perry Richardson (ex-Firehouse), levou a coisa toda a níveis tão estratosféricos que a expectativa criada em torno de “Even the Devil Believes” (2020) foi maior do que a entrega: não que seja um disco ruim, mas empalidece na comparação com seu vigoroso irmão mais velho.

- Advertisement -

Com uma chamativa capa que faz referência à original do clássico “To Hell with the Devil” (1986), “The Final Battle” desfaz quaisquer mal-entendidos e recoloca o Stryper na curva ascendente. A temática, óbvio, é de espantar os descrentes; não seria a essa altura de sua existência que a banda deixaria os louvores e graças de lado em favor de temáticas seculares. Se você não gosta, tem preguiça ou preconceito, não vai ser dessa vez.

Aspecto interessante é que “The Final Battle”, talvez mais do que qualquer álbum do Stryper posterior a “Reborn”, tem predicados capazes de agradar tanto ao fã da fase old school quanto aos que preferem o metal com tratamento moderno. Momentos em que a crueza dá o tom se intercalam a outros que entregam que o disco foi produzido no século 21.

Leia também:  Spektra anuncia novo álbum “Hypnotized” e lança single

Tome a abertura, “Transgressor”, como exemplo cabal disso tudo: não fosse o “break” pré-solos no qual ficam evidente a afinação baixa das guitarras e a abordagem atual. A bateria de Robert Sweet nunca soou tão em evidência, e no que se tornou o padrão desde Oz Fox foi diagnosticado com câncer, o guitarrista abre caminho para Michael brilhar como principal solista do grupo.

Na sequência, “See No Evil, Hear No Evil” evoca um riff à Black Sabbath e vem como um lembrete do quão valiosa foi a contratação de Richardson. No refrão, um dos melhores do álbum, o baixista exibe qualidade na entrega também dos backing vocals. Outro refrão marcante é o “Same Old Story”, que com sua vibe “ser cristão é o maior barato” nos transporta para o álbum “In God We Trust” (1988), frequentemente criticado por ser “feliz demais”.

Ainda possuidor de uma voz privilegiada, Michael dá um show à parte na cadenciada “Near”. O começo de “Out, Up & In” nos deixa de orelha em pé, mas ao chegarmos ao refrão, que é ótimo, todas as peças se encaixam. A máxima cristã “Jesus é o caminho, a verdade e a vida” ganha correspondente musical na adequadamente denominada “The Way, The Truth, The Life”, de versos oitentistas (ecos de “Sing Along Song”) e Ritchie Blackmore no DNA das seis cordas.

Leia também:  Black Pantera lança “Provérbios”, primeiro single de novo álbum

O passo diminui, mas o peso permanece inalterado em “No Rest for the Wicked”, um stompy de espírito thrash. Além da duração (3:54), “Till Death Do Us Part” e “Ashes to Ashes” pouco ou nada têm em comum: enquanto a primeira se situa no que de mais radiofônico o Stryper já produziu, a segunda vem envolta numa aura quase pecaminosa de tão sinistra – e com um refrão que gruda e Michael no limiar de romper as pregas num agudo prolongado como não se ouvia há umas boas décadas.

Findados os quase 50 minutos de audição tem-se a certeza de que “Even the Devil Believes” foi um pequeno desvio de trajeto. Com “The Final Battle” o Stryper pode seguir em paz com a certeza de que o Senhor o acompanha e abençoa com talento para produzir boa música em abundância.

Ouça “The Final Battle” a seguir, via Spotify, ou clique aqui para conferir em outras plataformas digitais.

O álbum está na playlist de lançamentos do site, atualizada semanalmente com as melhores novidades do rock e metal. Siga e dê o play!

Stryper – “The Final Battle”

  1. Transgressor
  2. See No Evil, Hear No Evil
  3. Same Old Story
  4. Heart & Soul
  5. Near
  6. Out, Up & In
  7. Rise to the Call
  8. The Way, the Truth, the Life
  9. No Rest For the Wicked
  10. Till Death do Us Part
  11. Ashes to Ashes

Clique para seguir IgorMiranda.com.br no: Instagram | Twitter | Facebook | YouTube.

ESCOLHAS DO EDITOR
InícioLançamentosGrata surpresa, “The Final Battle” recoloca Stryper na curva ascendente
Marcelo Vieira
Marcelo Vieirahttp://www.marcelovieiramusic.com.br
Marcelo Vieira é jornalista graduado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA), com especialização em Produção Editorial pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Há mais de dez anos atua no mercado editorial como editor de livros e tradutor freelancer. Escreve sobre música desde 2006, com passagens por veículos como Collector's Room, Metal Na Lata e Rock Brigade Magazine, para os quais realizou entrevistas com artistas nacionais e internacionais, cobriu shows e festivais, e resenhou centenas de álbuns, tanto clássicos como lançamentos, do rock e do metal.

DEIXE UMA RESPOSTA (comentários ofensivos não serão aprovados)

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui


Últimas notícias

Curiosidades