A discografia do Matanza, comentada pelo próprio Jimmy London

Em mais de 20 anos de atividade, banda carioca de countrycore lançou sete álbuns de estúdio, além de trabalhos em outros formatos como demos, EPs e um registro ao vivo

Na ativa entre 1996 e 2018, o Matanza foi uma das grandes bandas de rock do Brasil no século 21. Muito de seu mérito esteve nos palcos, já que a banda conduzia sua própria agenda de turnês de forma bem profissional e fazia shows em todos os cantos do país. Mas o que nem todo mundo reconhecem é a discografia da banda, de caráter bastante regular, já que todos os álbuns lançados pelos caras têm seu devido valor.

O grupo liderado pelo guitarrista Donida (também compositor de praticamente todas as músicas e criador das capas de discos) e pelo vocalista Jimmy London (personagem único, responsável por dar “cara” e obviamente “voz” ao grupo) lançou ao todo sete álbuns de estúdio, além de um trabalho ao vivo. Materiais mais compactos saíram nos períodos de início e fim do projeto: duas demos foram divulgadas ainda nos anos 1990, enquanto dois EPs foram liberados entre 2016 e 2017.

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O catálogo oficial inclui os seguintes lançamentos:

  • “Terror em Dashville” (1998 – demo)
  • “De Volta a Tombstone” (1999 – demo)
  • “Santa Madre Cassino” (2001)
  • “Música para Beber e Brigar” (2003)
  • “To Hell With Johnny Cash” (2005 – álbum com versões para músicas de Johnny Cash)
  • “A Arte do Insulto” (2006)
  • “MTV Apresenta Matanza – O Bom, Velho e Fedorento” (2008 – ao vivo)
  • “Odiosa Natureza Humana” (2011)
  • “Thunder Dope” (2012, repertório majoritariamente em inglês)
  • “Pior Cenário Possível” (2015)
  • “Assim Começa a Bebedeira” (2016 – EP)
  • “Na Lama do Dia Seguinte/Santanico” (2017 – EP)

Convidei Jimmy London para fazer, junto de mim, uma “discografia comentada” do Matanza. Hoje liderando o Matanza Ritual – projeto que toca músicas de sua antiga banda e trabalha em músicas inéditas –, o vocalista vê com orgulho os trabalhos lançados no passado. Não se furta de apontar eventuais problemas, especialmente nos registros iniciais, mas reconhece os pontos fortes de suas obras.

A entrevista completa, que também inclui declarações sobre o Matanza Ritual (que está em turnê pelo Brasil), pode ser assistida no player de vídeo abaixo, via YouTube. Na sequência, você confere a transcrição do momento “discografia comentada” conduzido junto ao cantor.

“A gente fez qualquer coisa”

Inicialmente com Jimmy London no vocal, Donida na guitarra, Diba no baixo e Nervoso na bateria, o Matanza foi criado com a proposta de fundir a sonoridade do country, especialmente do outlaw country de nomes como Johnny Cash e Willie Nelson, ao hardcore e outros gêneros mais pesados. Não era exatamente uma premissa inédita no mundo, já que o cowpunk americano aliava esses mesmos elementos, mas certamente ninguém a havia feito com tamanha competência no Brasil.

Jimmy, por outro lado, discordaria do uso do termo “competência”. O vocalista admite que, no início, o Matanza acreditava bastante na filosofia de “encher a cara e se divertir”. Por isso, os primeiros trabalhos não o deixam exatamente orgulhoso.

“A gente fez uma demo em 1998 (‘Terror em Dashville’) lá no estúdio Uptown. Sabe o que me lembro dessa demo? Que eu quebrei uma guitarra Gibson SG, a mão (headstock) da guitarra. Passando meio bebum, puxei o cabo da guitarra que estava encostada na parede, aí caiu de frente e quebrou a mão. Era uma guitarra de, sei lá, três, quatro, cinco mil dólares, de um amigo nosso, foi a maior m#rda. Lembro disso dessa demo. Na outra demo (‘De Volta a Tombstone’, 1999), a gente fez qualquer coisa. Chegou no ‘Santa Madre Cassino’ (2001), a gente também fez qualquer coisa.”

Primeiro álbum full-length do Matanza, “Santa Madre Cassino” traz músicas como “Ela Roubou Meu Caminhão”, “Mesa de Saloon”, “Quanto Mais Feio”, “E Tudo Vai Ficar Pior” e a faixa-título, que se tornaram algumas das favoritas dos fãs e viraram presença constante nos repertórios de shows. Contudo, Jimmy enxerga que além da predileção pela farra – que certamente comprometia um pouco o resultado final –, o disco é um pouco prejudicado pela falta de direcionamento e sua voz de “criança”.

“Até gravarmos o ‘A Arte do Insulto’ (2006), era tudo um gigantesco borrão, porque realmente a gente acreditava naquilo ali que a gente estava fazendo: encher a cara e se divertir, sem muita noção do que estava fazendo. O ‘Santa Madre Cassino’ (2001) é um disco legal. Não tenho orgulho das vozes, tenho voz de criança ali, acho que minha voz não é parecida com minha voz hoje, literalmente eu era uma criança.

[…]

Fico surpreso como a gente não definiu a sonoridade do ‘Santa Madre Cassino’. Se você for ver, é um disco de sonoridade livre. É um disco de produtor de antigamente, cheio de reverbs e arrumações que a gente rapidamente abriu mão. A gente não sabia mesmo, não tínhamos ideia de como é que você escolhe uma sonoridade, como você arranja um disco.”

O hit que não foi hit

A já mencionada “Ela Roubou Meu Caminhão” é um dos grandes destaques de “Santa Madre Cassino”. A faixa ganhou um videoclipe que rodou bastante na MTV, servindo como “porta de entrada” para o repertório do grupo.

Contudo, as expectativas em torno da canção eram bem maiores, conforme lembra Jimmy:

“O ‘Santa Madre Cassino’ era um disco que a gente nem era da Deck (gravadora) ainda, era de um selo da Abril (Abril Music). E quando eles ouviram ‘Ela Roubou Meu Caminhão’, acharam que o Matanza ia ser a grande banda, bombadíssima, que a gente ia ficar rico, ia ser a prioridade da gravadora. Daí a rádio não quis tocar a música e metemos os pés pelas mãos. Não sabíamos mais o que fazer daí pra frente.”

Música para começar a se aprimorar

Apesar da falta de direcionamento, o Matanza sabia compor boas músicas. Isso se comprova não apenas em “Santa Madre Cassino”, como também em seu sucessor, “Música para Beber e Brigar”. Várias músicas lançadas nesse segundo trabalho também entraram para os repertórios de shows e se tornaram favoritas dos fãs, como “Pé na Porta, Soco na Cara”, “O Último Bar”, “Maldito Hippie Sujo”, “Bom é Quando Faz Mal” e “Matarei”.

Jimmy London reconhece o mérito do grupo em compor músicas – tanto que, até então, todos os esforços eram direcionados à parte criativa.

“Era muita coisa para nossas mãos e para o parco conhecimento musical que tínhamos. Tinha que compor as músicas, pré-produzir, gravar. É difícil de fazer, são muitas coisas diferentes. Acho que toda a capacidade que tínhamos estava em escrever as músicas. Dali pra frente, meio que deixávamos o barco rolar do jeito que ia. Não acho ruim, de jeito nenhum, só acho que depois a gente começou a ter um entendimento melhor de como as coisas podiam se arrumar. Todo mundo começou a aprender a tocar um pouquinho melhor, conseguiu fazer as coisinhas acontecerem ali. Acho que os discos têm muito a ver com a evolução pessoal de cada um como músico, com o entendimento um pouco melhor de como se faz um disco.”

Aqui, a sonoridade geral é o que mais desagrada o cantor.

“Quando a gente chegou no ‘Música para Beber e Brigar’, por mais que a gente começasse a pensar no que a gente queria dizer, a gente ainda não sabia timbrar as coisas. É um disco que eu acho legal, mas que eu acho que o timbre é uma m#rda, que as coisas não funcionam bem… uma m#rda, mas a gente não sabia mais ou menos como é que a gente queria soar.”

Dessa forma, por mais que alguns aprendizados fossem extraídos dos trabalhos anteriores, “Música para Beber e Brigar” ainda sofre, na visão de Jimmy, com a falta de experiência dos músicos. A situação só mudaria justamente durante a turnê desse segundo álbum – que foi realmente uma turnê.

“O ‘Música para Beber e Brigar’ ainda é um disco que a gente não entendia muito bem como é que funcionava esse mercado musical, só que do ‘Música para Beber e Brigar’ para o ‘To Hell With Johnny Cash’ (2005), entendemos que nossa saída profissional era fazer muito show. Precisávamos fazer um trabalho de formiguinha: ir para as cidades, fazer show pra dez, vinte, cinquenta, cem, duzentas pessoas e criar o público a gente mesmo. Esse foi o momento em que a gente começou a fazer noventa shows por ano, rodar pra c#cete, cair na estrada de verdade, meter mesmo a porrada.”

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O favorito de Jimmy

O terceiro álbum do Matanza é o favorito de Jimmy London. E não somente por méritos da banda, visto que se trata de um disco de covers de Johnny Cash. Lançado em 2005, “To Hell with Johnny Cash” aposta em um repertório pouco usual, visto que os músicos buscaram fugir dos hits do Man in Black e escolheram canções menos conhecidas para regravar.

“O ‘To Hell with Johnny Cash’ ainda é meu disco favorito do Matanza. Claro que as músicas não são nossas, as músicas são do Johnny Cash, até porque a gente só gravou músicas que foram escritas por ele mesmo, mas acho que fomos muito felizes naqueles arranjos.”

Se antes desse trabalho o foco na estrada já havia sido definido, durante tal produção os integrantes entenderam como ajustar o trabalho em estúdio.

“Ali acho que rolou um lance de: ‘opa, então o baixo pode fazer isso, a guitarra aquilo, a bateria pode ser mais rica, pode compor mais, cantar mais, ir pra outros lugares’. Acho que me achei no microfone ali também, comecei a modular a voz em um lugar que ocupava um espaço grande na mix e aí sim esses outros instrumentos poderiam agir pelas laterais do campo.”

O insulto é uma arte

Desde 2001 com China no baixo e 2003 com Fausto na bateria, o Matanza lançou em 2006 o álbum que muitos fãs enxergariam como o definitivo da carreira deles. “A Arte do Insulto”, acima de tudo, resistiu ao teste do tempo, visto que muitas de suas músicas – “Clube dos Canalhas”, “Eu Não Gosto de Ninguém”, “Tempo Ruim” e a faixa-título – estão entre as mais ouvidas do grupo em plataformas como o Spotify.

“Chegamos no ‘A Arte do Insulto’ com outro entendimento do que é trabalho, do que são os shows, como é a estrada, o que vamos fazer, como soamos, o que é maneiro, o que está rolando. […] Então, o ‘A Arte do Insulto’… se não for chamar de renascimento, chamaria de uma adolescência. Beleza: o cara entendeu que é adulto e entendeu onde estava colocando as coisas ali.”

Jimmy acredita que tudo tenha se alinhado corretamente em “A Arte do Insulto”, desde a qualidade das gravações até a “cabeça boa” dos músicos. Ele também nega a percepção de muitos fãs de que o trabalho seria “mais pesado” e explica por que a sonoridade ficou daquele jeito.

“O ‘A Arte (do Insulto)’ é um disco bem gravado. Gravamos as baterias no AR, que era um estúdio antigo do Rio de Janeiro que era f#donérrimo. Fizemos o disco entendendo o que estava acontecendo, com uma cabeça boa, com a cabeça no lugar, tanto de trabalho quanto de produção. É necessariamente um disco mais pesado? Não, acho que é mais bem encaixado no que a gente quer dizer. Sempre quisemos ser pesados, de certa maneira, dentro desse hardcore. Mas acho que, como ele é mais bem encaixado, conseguimos fazer mais o que a gente queria. Acho que, por isso, ele parece mais pesado.”

“Sou a vovozinha, pode me mandar tomar no c#”

Já com o baterista Jonas, que ficaria até o fim da banda, o Matanza divulgou em 2008 seu primeiro álbum ao vivo. “MTV Apresenta Matanza – O Bom, Velho e Fedorento” ressuscitou a série de lançamentos fonográficos da emissora de TV com um show enérgico no Hangar 110, em São Paulo, gravado ainda em dezembro de 2007. Com repertório caprichado, a banda estava inspiradíssima naquela ocasião.

Jimmy concorda que o disco captura a essência do Matanza nos palcos. Captura até demais, admite. O vocalista, que costumava fazer declarações divertidas entre as músicas, ficou marcado por uma fala curiosa antes da música “Bom é Quando Faz Mal”. Inicialmente, ele muda o tom de voz e começa a falar seriamente com o público:

“Tem que parar aqui porque estou muito preocupado. Estou muito preocupado com essa juventude aí. Essa juventude aí, brother, ó… tá bebendo demais, tá fumando demais. Estou preocupado. Mó calor aqui dentro, lá fora maior frio. Vocês trouxeram um casaquinho? Vocês não trouxeram um casaquinho?”

Voltando ao seu timbre rasgado, rebate a si próprio:

“Casaquinho? Tá maluca, vovó? Vai tomar no c#, vovó. Porque bom… bom mesmo… bom é quando faz mal!”

Hoje, ele conta que a situação claramente teatral o fez ser questionado por uma vovozinha em um aeroporto.

“Acho que captura a essência um pouquinho demais, tem aquelas m#rdas todas que eu falava durante o show e estão gravadas. Fico ouvindo aquelas p#rras e falando: ‘não acredito que eu falava isso durante o show, não é possível que eu achasse que era uma coisa viável de se dizer’ (risos).

Uma vez, eu estava dentro do aeroporto, aí virou uma senhora e me falou: ‘Oi, tudo bem? Então, eu sou a vovozinha da sua música, pode me mandar tomar no c#’ (risos). Eu disse: ‘car#lho, minha senhora, como assim?’ (risos). Eu nunca mandaria uma senhora tomar no c#.”

Então quer dizer que o gigante irlandês James McDowell, conforme apelido dado nos tempos de “Rockgol”, é apenas um personagem? Ele, obviamente, nega.

“É f#da, porque as pessoas viram e falam pra mim: ‘cara, mas você assume um personagem quando sobe no palco?’. E eu falo: ‘não, cara, desculpa, não é verdade; eu não assumo porra nenhuma’. De repente, posso ser assumido por algum tipo de demônio que me faz falar aquelas bobagens (risos). Agora onde car#lhos está isso que eu mandei uma vovozinha tomar no c#? (risos) É uma coisa que eu nunca faria na minha vida, mas… está lá.

As pessoas falam: ‘ah, mas você faz isso (no palco)’. E eu digo: ‘vem cá, campeão… se você estivesse na fila do banco você iria ficar batendo cabeça, levantando o braço e berrando?’. Nem no público, nem no palco, ninguém faz coisas que faria no seu dia-a-dia. Estamos tomados pelo demônio do show – e que bom, porque eu não confio em pessoas que entram no palco e saem de camisa seca e não passaram por aquilo ali. Não confio nessas pessoas. Se você subiu no palco e não se emocionou, não foi tomado por alguma coisa… desculpa, tem alguma coisa errada.”

O disco que é a cara do Matanza

Após o lançamento de “MTV Apresenta Matanza – O Bom, Velho e Fedorento”, Donida, um dos pilares da banda ao lado de Jimmy, deixou de participar dos shows. Ele seguiria trabalhando com a banda em estúdio, inclusive compondo as músicas para serem gravadas, mas não estaria mais em turnê. Maurício Nogueira assumiu a guitarra ao vivo.

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Não dá para negar que isso afetou um pouco a dinâmica do Matanza em estúdio, visto que eles precisaram ensaiar mais para gravar o álbum seguinte, “Odiosa Natureza Humana” (2011). Mas como eles se esforçaram bastante, o resultado deixou todo mundo – inclusive Jimmy – bem feliz.

“O ‘Odiosa Natureza Humana’ foi o primeiro disco depois que o Donida parou de tocar com a banda, se não me engano. Ficamos um bom tempo sem estar com a banda junta, era outra banda para fazer shows. A gente fez o ‘Odiosa Natureza Humana’ de um jeito muito doido. O Rafael Ramos, dono da Deckdisc e produtor de todos os nossos discos, tinha acabado de comprar uma máquina de fita e falou: ‘comprei a máquina de fita, vamos estrear?’. Ah, vamos, óbvio que vamos (risos). Montamos tudo e gravamos o disco todo de verdade, em três dias. Foi tudo do jeito que tinha que ser: tocando ao vivo, sem enrolação.

Bateria, baixo, guitarra e voz gravamos tudo junto. No máximo fizemos algumas vozes separadas depois, que não tinha como gravar junto ali, uma questão mais física do que musical. Esse disco foi meio que um ‘vai’. Como a banda não ensaiava junta, por não ser a mesma formação que fazia shows, já não havia o melhor entrosamento musical. Então trabalhamos muito, ensaiamos, e quando tínhamos algumas músicas pra gravar, foi na base do: ‘não vamos pensar muito não, aperta para gravar, vamos aí nessa p#rra e o que sair do outro lado é o nosso disco’. E saiu um disco que eu acho a melhor tradução do Matanza. Eu gosto mais do ‘To Hell with Johnny Cash’ enquanto ouvinte, gosto de ouvir esse disco, mas se eu tivesse que escolher o disco que mais é a cara do Matanza, eu acho que seria o ‘Odiosa Natureza Humana’.”

“Autolambida de saco”

Para compensar os cinco anos sem trabalho de inéditas entre “A Arte do Insulto” e “Odiosa Natureza Humana”, o Matanza recompensou os fãs com mais um disco em 2012. No entanto, conforme recorda Jimmy, “Thunder Dope” não faria parte do catálogo oficial da banda: a ideia era mostrar várias das músicas criadas ainda no início do grupo, nos anos 1990.

“O ‘Thunder Dope’ não era para ser um disco de carreira. Na verdade, foi meio que uma autolambida de saco, se é que existe isso (risos). Queríamos fazer algo separado, como um vinil ou algo só digital. Estávamos fazendo algo com aquilo porque tínhamos achado um monte de coisas antigas, um monte de músicas legais. Queríamos mostrar como era antigamente quando eu cantava em inglês. Não era pra sair como se fosse ali na ordem dos discos, mas acabou saindo e ficou legal. Teve música que funcionou, teve música que tocou. ‘Mulher Diabo’ tocou bastante no rádio, então ele acabou entrando na carreira, mas na verdade o lugar dele era antes do ‘Santa Madre Cassino’, nosso disco mais antigo.”

Um álbum como um filme de terror

O último álbum do Matanza saiu em 2015. “Pior Cenário Possível” tem uma sonoridade mais dark e orientação ao terror. Também é um trabalho bem curto, com 10 faixas e 35 minutos de duração. Foi o primeiro a trazer Maurício Nogueira, anteriormente focado apenas nas atividades ao vivo, ao lado de Donida nas guitarras.

Jimmy relembra que inicialmente o disco não “se amarrava”, o que preocupava os músicos.

“No ‘Pior Cenário Possível’, foi o seguinte: começamos a compor e tínhamos algumas músicas, mas elas não se amarravam, não falavam entre si. Sempre fizemos discos que, bem ou mal, queriam dizer alguma coisa; podiam não dizer uma coisa muito inteligente, mas ainda queriam dizer alguma coisa. O ‘Pior Cenário Possível’ não se amarrava. Tínhamos a faixa-título, tínhamos ‘O Pessimista’ e umas duas ou três que depois nem entraram, mas não achávamos um ponto.”

Foi aí que surgiu a ideia de transformar o álbum em uma espécie de “filme de terror musical”.

“De repente pintou esse ponto, que era (como contar a história de) um filme de terror. E esse filme não tem nada a ver com p#rra nenhuma. Não é passado nessa realidade. Está em outra realidade. É como um filme de terror apenas com contos curtos de terror. Inclusive, é o nosso primeiro disco que não tem 13 músicas – a verdade é que o ‘Santa Madre Cassino’ tem 14 músicas porque fomos obrigados pela gravadora Abril Music na época; o diretor artístico não queria lançar um disco com 13 músicas porque achava que dava azar (risos). Mas todos os nossos discos tinham 13 músicas. Até que chegou o ‘Pior Cenário Possível’ e o fizemos com 10 músicas, pois tinha essa vibe, tipo livro do Edgar Allan Poe, contos curtos de terror. Muito dessa vibe sinistra dele vem daí: o que amarra é esse monte de histórias de terror.”

Depois dos EPs “Assim Começa a Bebedeira” (2016) e “Na Lama do Dia Seguinte/Santanico” (2017), o Matanza, já com Dony Escobar na vaga de China, anunciou o encerramento de suas atividades. O legado do grupo é tão forte que todos os seus ex-integrantes ainda estão envolvidos com ele de alguma forma: enquanto Jimmy criou o já mencionado Matanza Ritual (além de se envolver com o Rats), os demais músicos se juntaram com o vocalista Vital Cavalcante e criaram o Matanza Inc.

Atualmente na estrada, o Matanza Ritual tem shows marcados até o fim de maio em várias cidades do país. Confira a agenda a seguir.

https://www.instagram.com/p/CbLjSOwJwqE/

Todas as declarações de Jimmy publicadas acima fazem parte de uma entrevista publicada em março no canal IgorMiranda.com.br no YouTube. Por lá, ele também fala sobre o Matanza Ritual e outros assuntos. Assista abaixo.

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InícioCuriosidadesA discografia do Matanza, comentada pelo próprio Jimmy London
Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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