Pude perguntar a Yngwie Malmsteen sobre “Trilogy” e a resposta surpreendeu

Guitarrista preferiu falar sobre como músicos que gravaram discos com ele não fazem diferença no resultado final

Lançado em 4 de novembro de 1986, “Trilogy” é um dos álbuns mais aclamados da discografia de Yngwie Malmsteen. Foi o trabalho final da primeira passagem do vocalista Mark Boals pela banda do guitarrista e trouxe músicas como “You Don’t Remember, I’ll Never Forget”, “Liar” e “Queen in Love”.

Trinta e cinco anos depois, tive a oportunidade de entrevistar Malmsteen. O papo foi liberado integralmente na edição 116 (setembro/2021) da revista Guitarload – que ficou disponível gratuitamente por 30 dias, mas agora só pode ser acessada por assinantes do serviço premium de ensino da publicação, o Music Clan.

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Evidentemente, a entrevista não teve esse álbum como pauta. Sempre olhando para frente, o guitarrista havia acabado de lançar seu 22º disco solo, “Parabellum”. Porém, como é de praxe, sobrou tempo para abordar outros temas com o músico – e um deles foi o 35º aniversário de “Trilogy”.

Quis saber de Yngwie o que ele pensa desse trabalho nos dias de hoje e quais as lembranças que ele tem do período em que o material foi produzido. A resposta surpreende, já que ele não abordou o que foi perguntado.

“É um bom disco! Acho que as pessoas precisam entender uma coisa. Desde 1984, eu lanço discos solo. Escrevo tudo, arranjo tudo, produzo tudo. Então é completamente irrelevante quem está no disco. Não importa. Essas pessoas não contribuem em nada ao produto final.

Acho que é muito importante todo mundo entender que, quando comecei, eu cantava, tocava e fazia tudo eu mesmo – até ir para a América, onde precisei mudar isso. Quanto ao álbum, acho muito bom. Eu gosto dele. Era uma época diferente, muito diferente.”

Típico.

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Ouça “Trilogy”, de Yngwie Malmsteen

Os vocais de Yngwie Malmsteen

Em outro momento da conversa, anterior a essa pergunta, abordei com Yngwie Malmsteen o fato de ele ter assumido os vocais principais de seus álbuns há uma década. “Relentless”, de 2010, foi o último a trazer um cantor propriamente dito (na ocasião, Tim “Ripper” Owens), enquanto “Spellbound”, de 2012, trouxe o guitarrista assumindo o microfone principal sozinho (em outros discos, ele até cantava, mas em faixas isoladas).

Em sua resposta, o músico repetiu o fato de ser o faz-tudo de sua própria banda antes de mudar-se para os Estados Unidos, no início da década de 1980.

“Na realidade já faz uns 40, 45 anos (que canto), porque eu era cantor antes de ir para a América. E comecei a colocar vocais em canções em 1996, de quando acredito ser a primeira música na qual coloquei vocais. Então são uns 25 anos.

É uma história curiosa. Eu era um músico na pindaíba na Suécia e mandei uma fita cassete para uma revista de música porque pensei que não custava nada tentar. Essa fita acabou sendo minha passagem para a América. E nessa fita era eu na guitarra, baixo, teclado, bateria e vocais. Então, não é novidade. Acredito estar melhorando comparado a antes, mas não é novidade.”

Fã do Brasil

Apesar do tom das declarações anteriores, Yngwie estava bem tranquilo durante a entrevista. O momento em que o guitarrista demonstrou mais empatia foi quando perguntei a ele sobre sua relação com o Brasil.

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Embora tenha tido um ou outro momento de controvérsia por aqui (como o incidente envolvendo o hino americano em 2001, que parece ter público, não artista, como grande culpado), Malmsteen gosta do país. Não à toa, gravou até um álbum ao vivo, “Live!!” (1998), por aqui.

“O Brasil é ótimo, sempre gostei de tocar aí. A primeira vez que toquei no Brasil, não dava pra acreditar. Até falei pro meu pessoal que, na turnê seguinte, era pra gente gravar um disco ao vivo, porque o público era o melhor. Sempre me diverti muito.”

A resposta muda um pouco de figura quando ele é perguntado sobre música brasileira.

“Não passo muito tempo escutando música porque, quando estou trabalhando em música, é um processo super intenso. Quando não estou trabalhando, gosto de ver filmes, ler livros, dirigir minha Ferrari, jogar tênis, coisas assim.

Não sou arrogante, é só uma questão de que música não me relaxa. Sou muito intenso quando o assunto é música, então, quando escuto música acabo analisando a fundo demais. Não consigo sequer ter música de fundo. Se tem uma mudança de tom estranha, um acorde ruim… coisas assim. Não é só com música brasileira. Eu simplesmente não escuto nada.”

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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