A história de quando Val Kilmer interpretou Jim Morrison no filme “The Doors”

Ator se entregou ao papel e também cantou as músicas, sempre com uma precisão que confundiu até os integrantes da banda

Em 1991, o The Doors ganhou sua cinebiografia, que trazia o nome da banda no título. No entanto, o filme não conta exatamente a história da banda e foca bem mais na lendária figura de Jim Morrison. O vocalista falecido em 1971 foi interpretado pelo ator Val Kilmer, que teve em sua interpretação um dos pontos mais altos da produção.

O projeto nasceu ainda na década de 1980 e teve vários diretores cogitados, incluindo nomes como Brian de Palma, Martin Scorsese e William Friedkin, mas terminou nas mãos de Oliver Stone em 1987. Ele contou com o baterista John Densmore e o guitarrista Robby Krieger como consultores – o tecladista Ray Manzarek se recusou a participar, pois ficou descontente com a forma como a banda seria retratada.

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De fato, os atores Kevin Dillon (Densmore), Frank Whaley (Krieger) e Kyle MacLachlan (Manzarek) acabam sendo coadjuvantes de luxo em relação a Kilmer, que entregou uma performance impressionante no papel de Morrison. Ele foi escolhido entre candidatos como Johnny Depp, John Travolta, Tom Cruise e Richard Gere, além dos cantores Bono (U2), Michael Hutchence (INXS) e Ian Astbury (The Cult).

Val Kilmer encarna o Rei Lagarto

Eu seu teste para o papel, Val Kilmer preparou sozinho um vídeo de 8 minutos onde se caracterizava como Jim Morrison em diversas épocas de sua vida. Não só atuava, como também cantava.

O intérprete era um dos nomes favoritos de Stone, que o assistiu anteriormente no filme “Willow – Na Terra da Magia”, ainda em 1988, e se impressionado com sua voz.

Ao longo de sua preparação, Kilmer aprendeu cerca de 50 músicas do The Doors, das quais 15 acabaram entrando no filme. Conta-se que até mesmo Densmore e Krieger confundiram sua voz com a de Morrison em uma gravação apresentada a eles, tamanha a semelhança vocal, além da física, que já era impressionante.

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Muito disso se deveu também à colaboração do produtor Paul A. Rothchild, que lhe contou histórias sobre o frontman da banda e ajudou com com algumas expressões e maneirismos. A disciplina que Val teve ao encarnar o vocalista do The Doors foi citada pelo próprio ator, em entrevista de divulgação do filme.

“Não fui seduzido por seu estilo de vida, mas tive que – e precisei, para o papel – ser tão disciplinado quanto ele era nesses escapes. Ele era muito disciplinado na bebida, tanto quanto era como artista. Quero dizer, ele procurava por inspiração a cada segundo do dia.”

Pôster do filme The Doors, com Val Kilmer, lançado em 1991

No fim das contas, Kilmer se entregou ao papel de tal maneira que o mergulho no personagem lhe custou caro. Apesar do ótimo resultado alcançado, o ator precisou de auxílio psicológico para se desligar do filme quando as gravações foram concluídas, tamanha era a sua obsessão pela música do The Doors e a vida de Jim Morrison.

https://www.youtube.com/watch?v=KgGtIxmIy2c

Reações divididas ao filme “The Doors”

Embora a performance do protagonista seja inquestionável, as opiniões sobre a visão do diretor Oliver Stone para o filme são bastante divididas. Por um lado, a caracterização e os personagens são bem apresentados, mas a falta de rigor histórico pesou bastante contra o longa, que acabou bastante criticado neste aspecto.

A oposição de Ray Manzarek ao projeto talvez explique suas fragilidades. O tecladista tinha uma visão diferente para o filme e ficou irritado com a forma “unidimensional” que Jim Morrison foi retratada: na opinão dele, o vocalista foi resumido a um bêbado.

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Robby Krieger, mesmo avaliando o filme positivamente, também ficou receoso com relação ao modo que Morrison seria retratado. Ele deixou isso claro em entrevista da época, também dizendo que o vocalista do The Doors era muito mais do que foi mostrado no filme – embora tenha elogiado a atuação de Kilmer e admitido que chegou a chamá-lo de “Jim” por engano algumas vezes.

“Tenho medo de que esse filme seja a forma pela qual ele será lembrado, o que talvez não seja tão ruim. Quero dizer, ele podia ser muito pior do que no filme também. No entanto, ele podia ser muito melhor. Eu gostaria que todos pudessem tê-lo conhecido da forma que eu o conheci antes da bebida, sabe. Quando estávamos compondo as primeiras músicas nos primeiros dias e talvez eu escreva um livro algum dia, do qual façam um filme sobre.”

“The Doors” segue aclamado como um grande filme do gênero, ainda que tenha defeitos na questão cronológica. Mesmo as cinebiografias mais atuais sofrem com esse problema, mostrando que nem sempre a exatidão histórica é essencial na hora de contar a trajetória de um artista, cuja representação acaba por se tornar um ponto mais importante.

* Texto por André Luiz Fernandes, com pauta e edição por Igor Miranda.

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André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Interessado em música desde a infância, teve um blog sobre discos de hard rock/metal antes da graduação e é considerado o melhor baixista do prédio onde mora. Tem passagens por Ei Nerd e Estadão.

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