Quando Kurt Russell viveu Elvis Presley em uma das primeiras cinebiografias musicais

Filme de 1979 ignora o fim da vida do Rei do Rock e tem alguns pequenos deslizes, mas foi bem recebido pelo público na época

Em uma época em que cinebiografias de artistas fazem sucesso, é estranho pensar que o gênero teve um de seus primeiros representantes há tanto tempo. Apenas dois anos após sua morte, Elvis Presley foi homenageado com um filme, chamado apenas “Elvis”, que saiu no Brasil com o título de “Elvis Não Morreu” e trouxe o ainda iniciante ator Kurt Russell no papel do Rei do Rock.

Assista ao filme completo, dublado, no YouTube.

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Elvis Presley em versão cinematográfica

Desde a morte de Elvis, em 1977, havia um interesse de alguns estúdios americanos em contar sua vida por meio de um filme. Porém, o pai do cantor, Vernon Presley, parecia pouco interessado na ideia. Por sua vez, o coronel Tom Parker, empresário do artista, cobrava valores exorbitantes para prestar consultoria junto ao roteiro.

Ainda assim, o projeto saiu do papel, ainda em 1978, com um projeto exclusivo para a TV financiado pela emissora ABC. John Carpenter, que havia acabado de estourar com “Halloween”, foi escolhido para a função de diretor por ter experiência com roteiro e trilha sonora.

Escolhido para interpretar Elvis, Kurt Russell curiosamente havia contracenado com o cantor quando era criança, fazendo uma pequena participação no filme “It Happened at the World’s Fair” (no Brasil, “Loiras, Morenas e Ruivas”), de 1963. Russell ainda fez outras referências ao Rei do Rock em trabalhos posteriores, além de dar início a uma parceria bem-sucedida com Carpenter, com quem trabalhou outras vezes.

Trama e erros de continuidade

O filme “Elvis” narra a vida de Elvis Presley desde sua juventude até o ano de 1970, quando fez um retorno triunfal aos palcos depois de um período em baixa. Ou seja: o período final de sua vida, até sua morte em 1977, acabou ignorado.

O roteiro foi revisado por Priscilla Presley, ex-mulher do Rei do Rock, e a história se mantém fiel em sua maior parte. Apesar disso, nem a consultoria dela e de pessoas ligadas ao músico – como o amigo Charlie Hodge, que interpreta a si mesmo no longa – evitou alguns erros com relação ao que ocorreu na realidade.

As principais falhas acontecem já na parte final do longa, quando Elvis faz seu retorno em 1970. Na cena, ele aparece com o famoso traje branco chamado “Adonis Jumpsuit”, mas a roupa só seria usada na vida real em 1972.

Além disso, músicas que só foram lançadas depois de 1970 também aparecem na parte conclusiva da película, como “An American Trilogy”, “Burning Love” e “The Wonder of You”.

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Apesar dos pesares…

Em tempos onde não dava para checar tão facilmente as informações histórias, os erros não foram o suficiente para atrapalhar o filme. O trabalho de Kurt Russell em especial foi bastante elogiado e levou o cantor a ser indicado aos prêmios Emmy e Globo de Ouro, embora não tenha vencido nenhum deles.

O próprio pai de Kurt, Bing Russell, contracena com o filho no papel de Vernon Presley. O elenco, que trabalhou bem no geral, também trouxe Shelley Winters (como Gladys Presley, mãe de Elvis), Pat Hingle (como o coronel Tom Parker) e Season Hubley (como Priscilla Presley). Curiosamente, Kurt se casou com Season logo em seguida.

A parte musical também rendeu comentários positivos. A voz de Elvis nos momentos de performance foi feita por um famoso imitador, Ronnie McDowell. Ele gravou 36 músicas e 25 delas aparecem no longa.

Exibições e lançamentos

“Elvis” foi exibido pela ABC no dia 11 de fevereiro de 1979. Na intenção de rivalizar, outras emissoras exibiram grandes produções, como como “E o Vento Levou” (1939) e “Um Estranho no Ninho” (1975), mas a cinebiografia do Rei do Rock obteve mais audiência.

A exibição original contava com duas horas e meia de duração. Quando foi lançado em cinemas da Europa, o longa foi reduzido para uma hora e 45 minutos.

A versão mais curta foi justamente a que chegou ao Brasil, iinicialmente nos cinemas em 1981 e posteriormente para a TV em 1983. A edição em VHS saiu em 1988, com 13 minutos a mais que a gravação do cinema.

O corte original, com duas horas e meia, só voltaria a ser encontrado a partir de 2010, em DVD, já com o título “Elvis: O Filme”. O longa ganhou tratamento em Blu-Ray em 2016.

Uma nova cinebiografia sobre Elvis Presley, também intitulada “Elvis”, está em produção atualmente pela Warner Pictures. O enredo será focado no relacionamento complicado do cantor com coronel Tom Parker. O cineasta Baz Luhrmann (“O Grande Gatsby”, “Moulin Rouge – Amor em Vermelho!”) assume a direção, enquanto o elenco traz Austin Butler (“Era uma vez em… Hollywood”) como Elvis, Tom Hanks (“Um lindo dia na vizinhança”, “Forrest Gump – O contador de histórias’) como o Parker e Olivia DeJonge (“Stray Dolls”) como Priscilla Presley.

Será que vai superar o longa de 1979? Descobriremos em breve.

* Texto por André Luiz Fernandes, com pauta e edição por Igor Miranda.

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André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Interessado em música desde a infância, teve um blog sobre discos de hard rock/metal antes da graduação e é considerado o melhor baixista do prédio onde mora. Tem passagens por Ei Nerd e Estadão.

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