10 novos álbuns de heavy metal lançados em CD nacional

O heavy metal tradicional é cultuado, até mesmo, por quem prefere outras ramificações do metal, do power ao death. E há nomes antigos e atuais praticando tal sonoridade nos dias de hoje, seja em uma pegada mais fiel à década de 1980 ou em uma versão mais contemporânea.

Na lista a seguir, compilei 10 álbuns de heavy metal, com foco em sua vertente mais tradicional, que foram lançados em CD nacional. Todos os trabalhos divulgados a seguir chegaram a público através do selo Hellion Records.

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O levantamento inclui não apenas álbuns recentes como, também, discos antigos que finalmente ganharam uma versão nacional. Veja:

King Diamond – “Songs for the Dead Live” (2019, CD+2DVDs): Nome incontestável do gênero, King Diamond lançou, no início deste ano, um registro ao vivo luxuoso para os fãs. “Songs for the Dead Live” conta com três discos: dois DVDs e um CD. Os vídeos contam com shows no Fillmore (EUA, mais intimista) e no festival Graspop (Bélgica, para um público maior). O registro em áudio traz a mesma apresentação no Fillmore. O material é ótimo para os fãs de heavy metal e do cantor, que ainda segue arrebentando em suas performances. O único ponto negativo é que os dois DVDs têm o mesmo repertório, mas não dá para reclamar muito de um trabalho que traz “Abigail” (1987) tocado na íntegra.

Night Demon – “Live Darkness” (2018): Um dos destaques contemporâneos do heavy metal tradicional, o Night Demon juntou o seu repertório construído com dois álbuns – “Curse of the Damned” (2015) e “Darkness Remains” (2017) – para um registro ao vivo. São dois CDs que resumem a carreira da banda. Embora pareça cedo para um material desse tipo, o heavy/speed metal enérgico do grupo ganha uma força em shows que justifica o investimento.

Impellitteri – “The Nature of the Beast” (2018): Prole da geração shredder da década de 1980, o Impellitteri é comandado pelo guitarrista Chris Impellitteri ao lado do vocalista Rob Rock, que retornou à banda em 2008 e, desde então, gravou três álbuns nessa nova fase. O baixista James Amelio Pulli e o baterista Jon Dette completam a formação. O produto mais recente do quarteto é “The Nature of the Beast”, de 2018. Para quem gosta de heavy metal com guitarras na linha de frente, pedal duplo usado sem o menor pudor e uma veia mais melódica, orientada um pouco ao power, trata-se de um disco bem interessante, feito na medida para bater cabeça.

Iron Fire  – “Beyond the Void” (2019): Alguns veem o Iron Fire como uma banda de power metal. Eu, por outro lado, enxergo o grupo como híbrido, por misturar elementos do power com o heavy tradicional. “Beyond The Void”, 9° álbum de estúdio dessa prolífica banda, apenas confirma essa concepção ao mostrar os músicos focados em fazer metal pesado e direto, sem abrir mão das melodias. O flerte com o power e até com o thrash metal é evidente e dá uma cara mais diferenciada ao material. Os vocais grosseiros de Martin Steene são o grande destaque – na mixagem, inclusive -, mas vale destacar o competente trabalho de Kirk Backarach na guitarra e Gunnar Olsen na bateria. Uma boa pedida para quem gosta de Rage e Grave Digger.

Rock Goddess – “This Time” (2019): Formada apenas por mulheres e na ativa, entre idas e vindas, desde a década de 1970, o Rock Goddess lançou, neste ano, seu primeiro álbum de estúdio em décadas – o último até então era “Young & Free” (1987). E as britânicas até tentam descer o cacete com músicas que soam, ao mesmo tempo, agressivas e bem harmônicas. Porém, há um grande problema em “This Time”: a produção, de aparente baixo orçamento, que pode afastar os ouvidos menos acostumados. Há erros evidentes tanto na gravação em si quanto no processo de pré-produção, onde as composições do trio poderiam ter sido melhor desenvolvidas.

Sad Iron – “Chapter II: The Deal” (2019): O Sad Iron é mais um caso de uma banda de heavy metal surgida e encerrada na década de 1980, mas que decidiu voltar. E o retorno ocorrido em 2012 está rendendo, já que “Chapter II: The Deal” é o segundo álbum lançado desde então – o outro foi “The Antichrist”, de 2016. Infelizmente, o resultado de “Chapter II” pode não soar muito criativo nem mesmo para o fã mais ávido de heavy metal. A banda repete clichês de forma insistente e Marc van den Bos volta a se mostrar como uma escolha ruim para assumir os vocais. Talvez esteja na hora de reavaliar o que se busca apresentar ao público.

Revenge – “Rhapsody From Brontoland” (1990, lançamento em CD remasterizado): E tem Brasil na lista! Entre os resgates promovidos pela Hellion, está o único álbum full-length do Revenge, banda paulista que alia heavy metal tradicional ao power metal. Conhecido no cenário underground na década de 1980, o grupo chegou a contar com o tecladista Fabio Ribeiro (ex-Angra, Shaman) e o vocalista Mario Pastore na formação. Em seu disco, porém, está o quarteto Fernando Vinei (vocal), Affonso Jr (guitarra), Marcos Pessoto (baixo) e Armando Jr. (bateria). Considerado o contexto, a Hellion fez milagre, já que a fita master do disco foi perdida e a remasterização foi feita a partir do LP. Além da qualidade sonora comprometida, o grupo não se apresenta tão bem: é comum perceber a bateria se perdendo no tempo das músicas, a timbragem dos instrumentos destaca o baixo orçamento – na época, era bem mais difícil de se fazer uma boa gravação – e, definitivamente, o trabalho de Fernando Vieri no vocal é fraco e pouco envolvente. Serve como um registro afetivo para quem viveu a época e acompanhava a banda no ABC paulista.

Torch – “Torch” (1983, relançamento remasterizado): Banda sueca formada na década de 1980, o Torch durou apenas alguns anos até se dissolver. Parte dos membros formou o Crystal Pride. Em 2003, o grupo voltou para fazer alguns shows, mas segue em banho-maria. Item raro no Brasil até então, o álbum de estreia, lançado em 1983, ganhou uma versão nacional. Para quem gosta da sonoridade peculiar do NWOBHM, é um prato cheio: riffs bem formulados, cozinha potente, qualidade mediana de gravação e vocais bem legais para o estilo – dá para entender cada palavra cantada por Dan Dark. Os músicos também mostram ter uma abordagem melódica interessante, já que, vez ou outra, as faixas flertam com elementos do hard rock. No relançamento da Hellion, constam, ainda, as faixas do EP “Fire Raiser” e três canções bônus. No geral, trata-se de um registro acima da média para um grupo que durou tão pouco e não conseguiu destaque nos inflamados anos 1980.

Avenger – “Prayers of Steel” (1985, relançamento remasterizado): Antes de se tornar o Rage que todos conhecemos, a banda do vocalista e baixista Peavy se chamava Avenger e ainda contava com o baterista Jörg Michael e os guitarristas Jochen Schröder e Alf Meyerratken – este último nem ficou para a formação do Rage, aliás. O grupo deixou apenas um álbum gravado, “Prayers of Steel”, além do EP “Depraved To Black, antes de mudar de nome e se consagrar no meio metálico. Aqui, o Avenger já fazia aquele power metal antes de se tornar O power metal, com os primeiros trabalhos do Helloween com Michael Kiske – no início, o gênero soava como uma resposta alemã ao NWOBHM, com uma pegada mais direta e visceral. Ainda faltava a experiência que apenas o Rage daria a esses garotos, mas é um registro interessante de músicos que se tornariam bem maiores em seu segmento – especialmente Peavy, com seu projeto quase que solo, e Jörg, futuramente, com o Stratovarius. Vale destacar que, na versão da Hellion, “Prayers of Steel” conta com um CD bônus com 16 faixas extras, apresentando demos inéditas e gravações de ensaios.

Rage – “Reign of Fear” (1985, relançamento remasterizado): Com o Rage devidamente formado e uma gravadora mais consolidada por trás – a Noise Records -, houve tranquilidade para que Peavy e seus parceiros mostrassem seu poder de fogo. Na formação, a única diferença para o álbum do Avenger é a presença do guitarrista Thomas Grüning no lugar de Alf Meyerratken. Ao mesmo tempo que carrega a agressividade típica do power metal “pré-Michael Kiske”, “Reign of Fear” apresenta até certa inocência adolescente, de garotos que estavam buscando fazer som pesado de forma despretensiosa. Soa como um bom começo para uma banda que evoluiu ainda mais ao longo do tempo. A caprichada versão da Hellion conta com um segundo CD dos ensaios de pré-produção, além de demos. Um material recomendadíssimo para colecionadores e entusiastas do heavy metal como um todo.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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