Por que a aposentadoria do Slayer impressiona tanto

O Slayer vai pendurar as chuteiras. A aposentadoria da banda foi anunciada em janeiro, com a divulgação de uma turnê mundial que será a última da carreira do grupo.

Aposentadorias estão sendo anunciadas a rodo no rock e no metal. Deep Purple, Manowar e Ozzy Osbourne anunciaram que vão parar, o Black Sabbath já pediu as contas e o Rush encerrou suas atividades de forma tão tímida que sequer houve um comunicado oficial.

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No entanto, a aposentadoria do Slayer foi a que mais chamou a atenção, especialmente no segmento metálico, onde a banda é imensa. Não só pelo fim em si, mas pelas circunstâncias: o grupo não dava sinais de cansaço, seja em estúdio ou nos palcos, e seus integrantes ainda são considerados jovens – o vocalista e baixista Tom Araya, com 56, é o mais velho, enquanto os guitarristas Kerry King e Gary Holt e o baterista Paul Bostaph têm 53.

O Slayer ainda não foi a público para explicar a decisão, mas há diversas circunstâncias que podem justificá-la. A primeira, mais evidente, é o desejo em aproveitar mais a vida fora da estrada. Tom Araya, em especial, já deu indícios, durante algumas entrevistas, de que está cansado de excursionar. E tal estilo de vida é, de fato, extenuante, pois perde-se a noção de tempo e a saudade dos entes queridos aperta forte – rockstars também são filhos, esposos, pais e até avós, em alguns casos.

O cansaço não é só psicológico – também é físico. Araya, mais uma vez, parece ser o mais prejudicado, pois, em 2010, precisou fazer uma cirurgia nas costas que o impede até mesmo de bater cabeça (“headbang”) durante os shows. “Apesar de ter me recuperado muito bem, de não ter mais nenhum problema, eu estava com um nervo doendo demais, afetando todo o lado esquerdo do meu corpo, especialmente o meu braço e o peitoral. Agora estou bem melhor, não tenho mais isso, mas não posso mais ‘bater cabeça'”, explicou, ao portal Terra, em 2011.

Com a parte física comprometida, a música do Slayer sofre consequências. Como dito anteriormente, a banda não demonstra desgaste nos palcos, mas o thrash metal veloz praticado pelo quarteto exige muita disposição. Enxergo o show do Slayer quase como uma maratona, pois cada música é tocada de forma bem acelerada e cantada a plenos pulmões. Charlie Benante, baterista do também membro do Big 4 Anthrax, revelou, recentemente, que também pensa em pendurar as chuteiras. Será algo cada vez mais comum, especialmente no metal.

Por outro lado, a aposentadoria do Slayer não significa que seus integrantes vão sumir do mapa. A esposa de Kerry King disse, recentemente, via Instagram, que os fãs ainda terão muita música do guitarrista. Gary Holt também é integrante do Exodus e já disse estar compondo um novo álbum para a banda. Paul Bostaph, que já integrou o Testament e o próprio Exodus, não terá problemas em se reposicionar – assim como o antigo dono de seu posto, Dave Lombardo, também não teve. Mesmo Araya, que parece ser o mais desgastado, pode continuar a trabalhar em ritmo menos acelerado.

O fim do Slayer – e de diversas bandas clássicas do rock e metal – permite a abertura de diversas possibilidades. Entretanto, é bom se acostumar: daqui alguns anos, o estilo não terá a mesma atividade de tempos atrás.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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