A morte de Chico Science, que rendeu indenização recorde a pessoa física

Fundador do movimento manguebeat e vocalista da Nação Zumbi faleceu em acidente de carro ao se deslocar entre as cidades de Recife e Olinda

Chico Science, uma das grandes mentes por trás do movimento manguebeat e líder da Nação Zumbi, morreu de forma trágica em um acidente de carro no dia 2 de fevereiro de 1997, aos 30 anos de idade. A colisão fatal encerrou uma carreira que infelizmente durou pouco, mas que deixou um grande legado.

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Naquela época, a Nação Zumbi e o manguebeat, com artistas como Mundo Livre S/A e outros, já haviam tomado o país. A banda de Science lançara dois álbuns históricos para a música brasileira: “Da Lama ao Caos” (1994) e “Afrociberdelia” (1996).

Quem os acompanhava, estava ansioso para descobrir o que mais sairia da mente de Chico Science. No entanto, tudo acabou de forma abrupta.

O acidente

No início de 1997, Chico Science planejava uma apresentação com a Nação Zumbi no Carnaval pernambucano. Era uma época em que a axé music, com vários grupos musicais vindo da Bahia, dominava as rádios e TVs, especialmente na época da folia. O músico era notório por fazer críticas ao estilo musical, especialmente pela falta de conteúdo nas letras.

Foi nessa época de planejamento do Carnaval, em uma tarde de domingo, que o frontman da Nação Zumbi precisou se deslocar entre as cidades de Recife e Olinda, em Pernambuco. Por volta das 18h30, já no início da noite de 2 de fevereiro, o carro que ele dirigia foi fechado por outro veículo, fazendo-o colidir com um poste de iluminação.

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O carro – um Fiat Uno Mille branco, de placa KHH-7486, emprestado de sua irmã – ficou completamente destruído devido ao acidente. Minutos depois, um ônibus passou e um policial militar que estava no veículo socorreu Chico, que apresentava múltiplas fraturas no rosto e tórax. Ele chegou ao hospital já sem vida.

Processo e indenização recorde

Uma indenização recorde foi paga à família de Chico Science em função do óbito. O valor demorou 10 anos para ser depositado, pois a situação foi alvo de disputa na Justiça.

A montadora automotiva Fiat foi acionada porque perícias mostraram que o músico só perdeu a vida porque a fivela de seu cinto de segurança se quebrou durante a batida, fazendo com que ele fosse arremessado pelo para-brisa. Se o dispositivo tivesse funcionado, Science poderia não ter morrido.

Em 2007, a família do líder da Nação Zumbi entrou em acordo com a empresa e recebeu uma indenização de R$ 10 milhões. O cálculo foi feito com base em uma hipótese dos ganhos que Science teria com sua obra até os 65 anos de idade. Trata-se de um valor recorde no que diz respeito a indenizações para pessoas físicas.

Apesar de justa, a indenização não foi suficiente para reparar a perda que familiares, amigos e fãs sofreram naquele dia 2 de fevereiro de 1997.

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O legado de Chico Science

Chico Science foi o maior expoente do movimento manguebeat, um coletivo cultural formado por músicos e outros tipos de artistas pernambucanos. A proposta era trazer uma visão moderna para a arte regional sem esquecer-se da tradição, ao mesclar gêneros e vertentes e ainda adotar uma postura crítica, denunciando os problemas vivenciados pela população na época.

O movimento foi muitas vezes comparado à tropicália dos anos 1960, sendo muito reconhecido por artistas daquela época.

A influência de Science persiste forte até hoje na música brasileira. Suas canções, de conteúdo muito atual, são regravadas por inúmeros artistas dos mais diversos estilos, de BaianaSystem a Sepultura, e a dinâmica do manguebeat permeia muitos sons mais novos. É impossível não reconhecer a marca que o movimento deixou na música brasileira.

A Nação Zumbi tenta até hoje seguir sem seu líder. Em 1998, foi lançado o álbum duplo “CSNZ”, com músicas de Science inéditas e versões de faixas já famosas remixadas por DJs, com novas versões. Desde então, a banda segue com Jorge Du Peixe, antigo responsável pela alfaia (um tipo de percussão), como vocalista.

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André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Interessado em música desde a infância, teve um blog sobre discos de hard rock/metal antes da graduação e é considerado o melhor baixista do prédio onde mora. Tem passagens por Ei Nerd e Estadão.

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