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Randy Rhoads: uma reveladora entrevista da mãe pouco tempo após a morte dele

Delores contou ao jornalista Jas Obrecht por que o Quiet Riot não havia dado certo até então e contou qual foi a última conversa que teve com o filho

Randy Rhoads foi um fenômeno da guitarra. Meteórico, faleceu na mesma velocidade em que surgiu para o mundo. O músico se destacou ao lado de Ozzy Osbourne no início da década de 80, mas, no dia 19 de março de 1982, aos 25 anos, morreu em um acidente aéreo.

Poucos meses depois da tragédia, em 5 de agosto de 1982, a mãe de Randy, Delores, aceitou dar uma entrevista ao jornalista Jas Obrecht. Ela fez algumas revelações ao longo do bate-papo, desde o motivo pelo qual imagina que o Quiet Riot, banda que Randy Rhoads, não havia dado certo até então (o grupo só estourou em 1983) até a última conversa que teve com o filho.

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Antes de apresentar a entrevista, vale destacar que Delores Rhoads foi a grande entusiasta da carreira musical de Randy. Ela era formada em música pela University of California, Los Angeles (UCLA), tocou piano profissionalmente por alguns anos e teve uma escola de música em North Hollywood, chamada Musonia, que ainda é mantida por familiares.

Delores Rhoads também já faleceu, entretanto, bem depois de Randy. Ela morreu em novembro de 2015, aos 95 anos.

Veja, abaixo, os principais trechos da entrevista de Delores Rhoads.

Delores Rhoads fala sobre Randy Rhoads

Os interesses fora da música

“Bem, a música foi a vida toda dele. Ele só queria fazer aquilo e tocava muito. Quando tinha 12 ou 13 anos, o grupo dele tocava em festas e piqueniques. Ele já tocava muito aos 12 anos. E eu ia com ele. Ajudava a carregar o equipamento (risos) porque não queria que eles saíssem por aí sozinhos.”

(Posteriormente, na entrevista, ela lembrou que nos últimos anos de Randy, ele se interessava em colecionar pequenas réplicas de trens: “Ele fazia aqueles pequenos modelos, com as casinhas e tudo, acho que o ajudava a relaxar da tensão”)

Sobre o período com o Quiet Riot

“Eles eram muito populares aqui por Los Angeles. Tinham um empresário que fez dois álbuns com eles […] e que foram lançados no Japão. Era para terem feito uma turnê, mas nunca aconteceu. Acho que o empresário não era tão bom quanto deveria ser. Mas eles tocavam muito aqui em Los Angeles. Quatro ou cinco noites por semana, todas as semanas, eram muito populares. Como os outros grupos, tentavam um contrato com uma gravadora. Randy fazia todas as músicas e o vocalista (Kevin DuBrow) fazia muitas letras.”

Rotina pré-banda de Ozzy Osbourne

“Ele dava aulas de música durante o dia até o momento em que saía para tocar (com o Quiet Riot), por volta das 19h. Eles não tocavam tanto em segundas e terças-feiras, pois os shows começavam nas quintas-feiras e iam pelo fim de semana. E eles tinham uma noite para ensaios, de quarta-feira. Nos dias em que não tocava, dava ainda mais aulas. […] Era uma agenda pesada.”

Randy Rhoads morou com a mãe por todo o tempo

“Ele viveu aqui por todo o tempo, até quando estava na banda de Ozzy. Ele não ficava em casa, por estar na estrada e na Inglaterra. Os discos foram feitos na Inglaterra, então ele morou um tempo com Ozzy. E lá ele tinha o ótimo contrato de dois anos e meio.”

A entrada para a banda de Ozzy Osbourne

“Ozzy procurava por um guitarrista. Esteve em Nova York e Los Angeles por semanas e estava prestes a voltar para a Inglaterra. Um baixista local que conhecia Randy (Dana Strum, que depois se consagrou no Vinnie Vincent Invasion e Slaughter) o indicou. Ele estava dando aulas, então liguei para avisá-lo. Ele não quis ir, mas eu disse ‘você quer conhecer pessoas como essas, mesmo que não se materialize, é bom para conhecê-los, especialmente Ozzy’. Praticamente insisti. Ele aceitou, mas disse que só estaria lá por volta de meia-noite, pois daria aula até 22h30. Os rapazes disseram que o esperariam.

Ele levou um pequeno amplificador e pensou que não daria em nada. Quando voltou, disse que não sabia o que havia acontecido. Ele disse: ‘Toquei dois minutos e Ozzy disse que o emprego era meu’. Ele falou que ligaria para Randy em duas semanas, mas logo voltou para a Europa, o que o desanimou. Mas ele ligou. Ozzy perguntou se ele poderia se mudar para a Inglaterra, mas Randy disse que estava gripado e precisava melhorar. Mesmo bebê, ele tinha problemas respiratórios. Teve pneumonia nos tempos de Quiet Riot. Mas depois deu tudo certo. Enquanto isso, Randy obteve seu passaporte e a documentação necessária para se mudar.”

Rápida ascensão

“Foi tão rápido. Foram tantas ligações e cartas. Ainda recebo ligações de pessoas que querem alguma conexão com Randy, e sou essa conexão, por ser a mãe dele. Só querem algo. Conversar comigo ou saber algo dele, pessoal. Ele estava tentando se estabelecer, o que era difícil, pois Ozzy era a estrela. Não acho que ele tenha pensado que estava fazendo seu trabalho tão bem.”

A última conversa com Randy Rhoads

“Ele precisava sair em uma segunda (15/03/1982) e morreu em uma sexta-feira (19/02/1982). E estava doente de novo. Só passou uma semana em casa (entre os dias 6 e 15/03/1982) e tirou os dentes do siso durante esse período. Antes, havia tirado um dos dentes enquanto estava em turnê. Não sei o que o dentista fez quando os arrancou, mas Randy ficou muito mal. Então, aqui ele fez a cirurgia para tirar os outros, mas ficou ainda pior. E no fim da semana ainda pegou uma gripe – típico de Randy. Quando ele saiu, estava doente. Eu disse: ‘por favor, me ligue quando chegar’. E ele ligou. (Delores começa a chorar) Foi a última vez que falei com ele. (Longa pausa) A noite de segunda-feira antes de ele ter morrido.”

Quem foi ao funeral

“Se Ozzy foi? Oh, sim! Todos foram. Toda a banda, eles carregaram o caixão. As pessoas importantes da Jet Records também, Don Arden e Sharon. Os membros do Quiet Riot. Rudy (Sarzo, baixista) estava em ambos, porque Randy trouxe Rudy para a banda de Ozzy.”

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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