Tobias Sammet era um admirador e amigo de Andre Matos. Além de colaborarem em algumas canções do Avantasia presentes nos discos “The Metal Opera” (2001), “The Metal Opera Pt 2” (2002) e “The Wicked Symphony” (2010), os dois dividiram o palco poucos dias antes da morte do cantor brasileiro, em 8 de junho de 2019, aos 47 anos, em decorrência de infarto agudo do miocárdio.
Frequentemente, o alemão fala da amizade com Andre em entrevistas. E, diante dos seis anos do falecimento do artista, o líder do Avantasia resolveu publicar uma homenagem nas redes sociais.
Para a postagem, o cantor escolheu uma imagem dos dois, justamente de quando cantaram juntos “Reach Out for the Light”, no dia 2 de junho de 2019, no Espaço Unimed, em São Paulo. Já na legenda, refletiu como o colega de profissão parecia “não estar bem” à época e mencionou um trecho da canção “Here Be Dragons”, faixa-título do disco de mesmo nome lançado em fevereiro último, dedicada especialmente ao maestro.
Ele escreveu:
“Andre Matos, seis anos desde que você partiu. Tinham tantas coisas que poderíamos ter feito juntos, mas estou relembrando os vários momentos incríveis que compartilhamos. ‘Blizzard on a Broken Mirror’ foi a última música que fizemos juntos, sem saber disso.
Como escrevi para você em ‘Here Be Dragons’:
‘Você nunca conseguiu ver o peso que ele carregava
Quem poderia dizer só pela forma como andava?
Você perguntaria, mas esperaria o momento certo
E perderia sua última chance’.
Algo me fez sentir que você não estava bem, eu sabia que deveria conversar com você depois do show em que essa foto foi tirada, não haveria uma chance final… nunca devemos adiar o que é importante. Sinto sua falta, meu amigo!”
Último momento de Tobias Sammet com o amigo
Como mencionado no texto, Tobias não conseguiu despedir-se de Andre. Durante entrevista ao jornalista Marcelo Vieira para o site IgorMiranda.com.br em 2021, o artista contou que o último momento que teve com o amigo foi em cima do palco:
“Queria ter podido trabalhar mais com Andre Matos. Trabalhei com ele muitas vezes, mas quando a gente subiu ao palco juntos no Brasil em 2019, achei muito edificante, embora tenha sido um pouco caótico porque não havíamos ensaiado e ele estava meio fora de si. Como sempre, quando o Andre se deixa levar pela espontaneidade, o resultado é um pouco caótico; ele tinha um talento para provocar o caos! [Risos.] Mas quando estava no palco, eu ficava vislumbrando: ‘caramba, podíamos e devíamos fazer algo juntos de novo’. Nem chegamos a nos despedir; ele já tinha ido embora quando saímos do palco e eu achei estranho, mas pensei que talvez ele não estivesse se sentindo bem. Alguns dias depois, recebi a notícia e fiquei em estado de choque.”
A ideia era que Andre participasse do próximo disco do Avantasia, “A Paranormal Evening with the Moonflower Society” (2022). Conversando com o jornalista Gustavo Maiato em 2022 (via Whiplash), Sammet afirmou que, logo após a última apresentação com o maestro, sentiu a vontade de colaborar novamente com o amigo. No entanto, não foi possível nem que conversassem a respeito:
“Lembro de estar no palco com ele e foi uma coisa meio descoordenada. Isso que deu a magia na coisa toda. Ninguém se importou se tínhamos uma coreografia. Naquele momento, lembro de pensar que seria ótimo fazer algo junto novamente com ele. O Andre devia estar no próximo álbum ou na próxima turnê […]. Pensei que seria legal trabalhar novamente com ele. Depois do show, não consegui o encontrar. Alguém disse que ele já tinha ido para o hotel, que estava cansado. Isso é algo normal de acontecer, não sei se teve a ver com o que rolou depois. Isso era algo típico dele! Ele não dizia tchau mesmo às vezes. Ele era meio caótico em uma forma adorável. Ele sempre se atrasava e esquecia as coisas. Era muito desajeitado! De qualquer forma, queria conversar com ele depois daquela turnê. Só que uns 5 dias depois, recebi a notícia de sua morte e não acreditei.”
Sobre Andre Matos
Nascido em São Paulo, Andre Coelho Matos se tornou vocalista do Viper aos 13 anos. Permaneceu entre 1985 e 1990, gravando dois discos. Retornou entre 2012 e 2015.
Após se dedicar aos estudos, ajudou a formar o Angra na primeira metade dos anos 1990. A banda se tornou uma das principais do Power Metal, realizando turnê pela Ásia e Europa, onde também obteve vendas significantes. Lançou três discos de estúdio, além de EPs.
Saiu junto com o baixista Luis Mariutti e o baterista Ricardo Confessori, formando o Shaman. Após dois discos, o grupo se separou. Retornaram em 2018.
Além da carreira solo, integrou projetos como Virgo e Symfonia. Também participou de discos do Avantasia, Epica, Aina, Avalanch, Soulspell, Hamlet e Time Machine, entre outros.
Morreu dia 8 de junho de 2019, aos 47 anos, vítima de infarto do miocárdio.
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