...

A decisão musical de David Gilmour que Roger Waters define como “imperdoável”

Vocalista e baixista afirmou que antigo colega de banda se apropriou de um trabalho idealizado em grande parte por ele "para seu próprio lucro"

O álbum duplo “The Wall” (1979) é uma das obras mais famosas do Pink Floyd. Lançado em 30 de novembro de 1979, o trabalho é uma ópera rock concebida pelo vocalista e baixista Roger Waters, influenciado por eventos de sua vida e na relação com os fãs e colegas de banda até aquele momento.

­

- Advertisement -

A vida do músico é tema central do conceito, incluindo seus principais traumas e desilusões. Justamente por isso, ele classifica como “imperdoável” o fato do ex-colega David Gilmour executar as músicas do projeto “sem se importar com os sentimentos” das faixas. 

Waters, que deixou o grupo em 1985, reconheceu a contribuição do guitarrista para o material — marcante em canções como “Comfortably Numb” e “Young Lust”. No entanto, em entrevista de 1990 à Rolling Stone, o artista expressou o desconforto ao ver suas composições sendo apresentadas ao vivo pelo integrante sem a sua presença.

Conforme relembrado pela Far Out Magazine, ele disse: 

“Eu reconheço plenamente que parte do trabalho feito em ‘The Wall’ veio de Dave. Mas o fato de ele se importar tão pouco com os sentimentos contidos no disco torna impossível para mim convidá-lo [a cantar junto no show de Berlim realizado em 1990]. Ele tem se apresentado em estádios tocando a minha obra, em total oposição às minhas emoções, ideias e filosofias, para seu próprio lucro. E isso é algo que eu não consigo perdoar.”

Na verdade, o problema com a questão começou enquanto Waters ainda estava na formação, durante a “The Wall Tour”, realizada entre 1980 e 1981. Conversando com a Billboard em 2014, o baixista descreveu o clima nos bastidores como um “pesadelo” e explicou: 

“O que estávamos fazendo naquela turnê era apresentar algo que eu havia composto em grande parte. Dave contribuiu um pouco, assim como Bob Ezrin, em ‘The Trial’. Mas, principalmente, era algo que eu havia criado e que nós quatro estávamos executando, porque ainda não tínhamos chegado ao ponto de termos coragem suficiente para não estarmos mais juntos.”

A opinião de David Gilmour

Em 1993, durante entrevista à revista Guitar World, David Gilmour refletiu sobre “The Wall”. E deixou claro, para quem quisesse ouvir que se tratou de um trabalho totalmente centrado nas visões de seu (então) colega e (para sempre) desafeto.

“Gostei da história criada por Roger. Embora eu não concorde totalmente com ela, você tem que deixar um sujeito ter sua opinião. Eu apenas tinha uma visão diferente de nosso relacionamento com nosso público em comparação a ele. Roger não gostava de fazer turnês. Sentia que não havia conexão entre ele e a plateia que estava à sua frente.”

Porém, na hora de fazer uma retrospectiva de seus sentimentos, o guitarrista e vocalista foi bem mais ácido.

“Eu tinha uma visão diferente das coisas e ainda tenho. Para mim, o disco ‘The Wall’ em si é mais preconceituoso hoje do que era naquela época. Agora parece ser um catálogo de pessoas que Roger culpa por suas próprias falhas na vida, uma lista de ‘você me fdeu assim, você me fdeu daquele jeito’.”

Pink Floyd e “The Wall”

Um dos trabalhos conceituais mais conhecidos de todos os tempos, “The Wall” conta a história de Pink, personagem criado por Roger Waters, baseado em seus traumas, medos e lembranças, além também contar com traços da personalidade do seu antigo colega de banda, Syd Barrett.

Foi o último disco da banda como um quarteto. O tecladista Richard Wright acabou sendo demitido e recontratado como músico assalariado posteriormente. A turnê contou com a execução do tracklist na íntegra, além de uma representação dramatizada da história. Posteriormente, também viraria filme.

“The Wall” chegou ao primeiro lugar na Billboard 200 e vendeu mais de 30 milhões de cópias em todo o mundo até hoje.

Clique para seguir IgorMiranda.com.br no: Instagram | Bluesky | Twitter | TikTok | Facebook | YouTube | Threads.

ESCOLHAS DO EDITOR
InícioCuriosidadesA decisão musical de David Gilmour que Roger Waters define como “imperdoável”
Maria Eloisa Barbosa
Maria Eloisa Barbosahttps://igormiranda.com.br/
Maria Eloisa Barbosa é jornalista, 24 anos, formada pela Faculdade Cásper Líbero. Colabora com o site Keeping Track e trabalha como assistente de conteúdo na Rádio Alpha Fm, em São Paulo.

DEIXE UMA RESPOSTA (comentários ofensivos não serão aprovados)

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui


Últimas notícias

Curiosidades