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As bandas que viriam ao Rock in Rio 1985, mas acabaram fora

Organização sofreu com uma série de mudanças de última hora, sendo o cancelamento do Def Leppard o mais lembrado — pelos motivos errados

A organização da primeira edição do Rock in Rio, em 1985, foi uma grande aventura – no bom e no mau sentido. O pioneirismo de Roberto Medina teve que lidar com algumas adversidades, incluindo cancelamentos e substituições de última hora no line-up do festival, hoje considerado clássico.

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A edição 174 da revista Showbizz tratou de alguns desses problemas enfrentados pela produção referentes a ausências e trocas. Uma delas foi o Pretenders, atração confirmada até poucos meses antes, mas que foi obrigada a desistir quando a líder Chrissie Hynde descobriu que estava grávida de Yasmin, sua segunda filha e primeira com Jim Kerr, vocalista do Simple Minds. Para substituir o grupo, entrou o The B-52’s.

Situação parecida aconteceu com os australianos do Men at Work: pouco antes de assinar o contrato com o festival, a banda sofreu um “racha”. Sobraram apenas o frontman Colin Hay, o guitarrista Ron Strykert e o tecladista Greg Ham, que cancelaram compromissos e se juntaram a músicos contratados para gravar o disco “Two Hearts” (1985).

Para o lugar do grupo, o U2, que estava em alta na época, foi cogitado. No entanto, a presença de Bono e companhia não passou dos rumores. A solução foi investir em mais um nome considerado um “dinossauro” já naquela época: Rod Stewart assumiu a bronca.

Há ainda o célebre caso do cancelamento do Def Leppard, que levou à chegada do Whitesnake. Porém, esta história merece um desdobramento à parte, tendo em vista uma informação falsa que até hoje circula a respeito.

A “fake news” do Def Leppard no Rock in Rio 1985

O cancelamento mais famoso da primeira edição do Rock in Rio é o do Def Leppard, devido a uma coincidência de datas que leva a uma curiosa fake news. O festival aconteceu entre os dias 11 e 20 de janeiro de 1985. Poucos dias antes, em 31 de dezembro de 1984, o baterista do grupo britânico, Rick Allen, sofreu um acidente de carro que lhe custou a amputação de um braço.

Por conta disso, nasceu a “lenda urbana” de que o cancelamento do Def Leppard aconteceu pelo problema com Allen, mas não é verdade. Até porque, seria impossível contratar e resolver toda a burocracia referente ao artista substituto, o Whitesnake, em cerca de apenas 10 dias até o início do evento.

Em fevereiro de 1984, o Def Leppard encerrou a turnê do álbum “Pyromania” (1983) e começou a trabalhar no sucessor, que viria a ser “Hysteria” (1987). Porém, durante todo o ano a banda sofreu com trocas de produtores e dificuldades para compor as músicas, que deveriam seguir a pegada mais comercial do antecessor. Ao final de 1984, o grupo recebeu um ultimato da gravadora: o novo disco deveria ser lançado obrigatoriamente em 1985, de preferência no primeiro semestre.

Dessa forma, os britânicos resolveram focar na produção do álbum – que tinha o título provisório de “Animal Instinct” – e cancelaram a participação no Rock in Rio.

No dia 18 de novembro, o jornal Folha de S. Paulo chegou a noticiar o cancelamento do show do Def Leppard no Rock in Rio, sob a justificativa mencionada. Ou seja: foi, sim, antes do acidente que Rick Allen sofreu, em 31 de dezembro de 1984.

“O conjunto norte-americano Def Leppard, que estava programado para se apresentar no festival ‘Rock In Rio’, em janeiro, cancelou sua vinda. Em seu lugar, será apresentado o grupo Whitesnake, também americano”, diz a nota, publicada na coluna “Estilo e Prazer”, presente no caderno Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo, em 18 de novembro de 1984 – mais de 40 dias antes do acidente.

Apesar de não remeter ao assunto deste artigo, vale destacar, inclusive, um pequeno erro na nota da Folha. O texto em questão diz que Def Leppard e Whitesnake são grupos americanos, mas, na verdade, são britânicos.

No fim das contas, o cronograma da gravadora foi totalmente descartado após o acidente de Allen, no último dia de 1984, mas não foi a tragédia do baterista a causa para a desistência. “Hysteria” foi lançado apenas dois anos depois, com um Rick Allen já adaptado à sua nova realidade.

Bandas que viriam ao festival

  • Pretenders — substituído pelo The B-52’s
  • Men at Work — substituído por Rod Stewart (intenção de trazer o U2)
  • Def Leppard — substituído pelo Whitesnake

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André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Interessado em música desde a infância, teve um blog sobre discos de hard rock/metal antes da graduação e é considerado o melhor baixista do prédio onde mora. Tem passagens por Ei Nerd e Estadão.

5 COMENTÁRIOS

  1. Tirando “Bife com Tutu”, (B52’S) as substituição de cada um foi a altura. Grandes talentos consagrados. Eu particularmente prefiro os caras do Whitesnake ao Def Leppard.
    Pena Pretenders nao terem vindo. Consagraria ainda mais o primeiro Rock in Rio.

  2. Não sabia que a banda britânica Def Leppard já havia cancelado sua participação na primeira edição na primeira edição do Rock in Rio antes mesmo do baterista da banda sofrer o acidente que lhe causou a amputação do braço. Foi um “fake news” essa notícia de que o Def Leppard tinha cancelado sua participação no festival por causa do acidente sofrido pelo baterista em 31 de dezembro de 1984. Mas na época não se usava ainda esta expressão “fake news”. E isto do jornal Folha de São Paulo noticiar que as bandas Def Leppard e Whitesnake eram bandas norte-americanas foi outro grande erro da parte delas. A imprensa e a mídia brasileiras (a Rede Globo que o diga), na época, eram muito mal informadas à respeito das atrações que iriam se apresentar no Rock in Rio. E sobre as bandas Def Leppard e Whitesnake, eu prefiro muito mais o Whitesnake, cujas músicas eu gosto muito mais. O Def Leppard só veio se apresentar na edição do Rock in Rio em 2017, como um pedido de desculpas aos fãs brasileiros por terem cancelado sua participação na primeira edição do Rock in Rio de 1985.

  3. Todos foram substituídos a altura e fizeram apresentações memoráveis. Lembro do sucesso que foi a apresentação do The B-52 que era um dos ícones da New Wave que fazia MT sucesso nos 80s!

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